Cláudia Guimarães, em casa
Sansão, um pitbull de dois anos de idade, tomava conta de uma fábrica de ensacados em Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG). No dia 06 de julho, o animal invadiu o terreno ao lado e atacou o cão do vizinho, homem este que tomou uma atitude drástica: arrancou, a golpes de foice, as patas traseiras do animal.
O cão está em uma clínica veterinária sem previsão de alta. De acordo com as informações passadas ao Portal O Tempo por sua veterinária, Júlia Mara Santiago, Sansão estava em um choque hipovolêmico. “Tivemos que estabilizá-lo para poder levá-lo para uma cirurgia. Ele teve muita hemorragia, foi amordaçado, tem cortes na boca. Agora, precisamos aguardar ele voltar a se alimentar e, depois, partir para outra etapa com um ortopedista. Vamos ver quando ele vai poder utilizar uma prótese”, informou.
Nessa mesma reportagem, o tutor de Sansão, Gleidson Justino da Silva, afirmou que o pitbull é dócil e nunca atacou outras pessoas, só tinha atrito com o cachorro do vizinho. No entanto, o homem que agrediu o animal, Júlio Cesar Santos Souza, contou à publicação que, constantemente, o cão pula o muro e avança nos animais dele. “Já venho sendo incomodado há bastante tempo, já pedi, já avisei aos donos, fiz boletim de ocorrência e eles não resolveram. Ontem, ele pulou o muro, invadiu meu terreno e agrediu meu cachorro. Eu não vou encarar um pitbull de mãos vazias”, declarou o agressor.

Sansão está em uma clínica veterinária semprevisão de alta (Foto: reprodução)
Imprudência. Afinal, existe alguém com razão nessa história toda? A médica-veterinária Priscila Sanches comenta com a equipe da C&G VF que o tutor precisa conhecer seu cão, usar e direcionar a energia dele em atividades que o façam gastar essa energia e se divertir. “Alguns animais se tornam agressivos por não utilizarem seu potencial de forma correta. Outros precisam de adestramento para avaliação de comportamento e correção”, informa.
Caso o tutor saiba que o cão é feroz ou que possa ter comportamento violento em determinadas situações, Priscila orienta a evitar esses gatilhos e, se não conseguir impedir, utilizar focinheira. “No caso de Confins, já que o comportamento de agressão já havia acontecido, o tutor do animal deveria retirá-lo do espaço onde conseguia acessar os outros animais, pois, talvez, ele estava estressado com o barulho ou com este ‘contato’ com os outros pets”, avalia.
A veterinária lembra que, hoje, para algumas raças, é lei o uso de focinheira em locais públicos e ela declara concordar com esta regra: “Animais são imprevisíveis em situações novas, então, como segurança, para ele e aos demais, devem utilizar focinheira até se sentirem seguros. Muitas vezes, os cães atacam por medo e não por agressividade. É uma reação natural do animal”, destaca.
Neste caso em específico, Priscila declara que, ao primeiro ataque e descontrole de Sansão, o tutor deveria tê-lo trocado de ambiente e procurado um educador animal para corrigir o comportamento até conseguir colocá-lo, novamente, no local em que estava acostumado. “Acredito que foi imprudência do tutor do pitbull. Cães não são agressivos. Eles são estimulados a ser assim pelos tutores”, salienta.
Cuidados. Mas que atitude tomar no momento em que um cão ataca outro? Priscila aponta que, no auge da briga, é difícil separar os animais. “Às vezes, fazer um barulho alto para assustar os cães e afastá-los seja uma opção. Nunca devemos tentar interromper a briga, pois podemos tomar mordidas também”, aconselha.
A profissional também menciona que, ao ser atacado por um cão, a pessoa – ou animal – deve ser submetida, imediatamente, a atendimento médico. “O tutor e o cão deverão ser imunizados contra a raiva canina. As lesões e feridas devem ser lavadas e, em alguns casos, o uso de antibióticos se faz necessário. Precisamos lembrar que a boca de um animal possui muitas bactérias que podem causar infecção grave no local da mordida”, recomenda.
(Texto contém informações repassadas ao Portal O Tempo).