O hábito de tomar suplementos por iniciativa própria está se tornando cada vez mais comum entre as pessoas e essa prática está sendo estendida aos animais de estimação por alguns tutores. Embora essa atitude seja motivada por boas intenções, não contribui, necessariamente, para uma nutrição mais equilibrada e pode representar um risco para a saúde dos cães e gatos.
A verdade é que cães e gatos saudáveis que recebem alimentos industrializados de alta qualidade – das categorias Super Premium ou Premium Especial –, não precisam de suplementação para agregar outros nutrientes. Os alimentos já são completos e balanceados, com fórmula desenvolvida para atender todas as necessidades nutricionais do pet.
“Os alimentos de alta qualidade são desenvolvidos com base científica e cuidadosamente formulados para oferecer exatamente os nutrientes que os cães e gatos precisam em cada fase da vida. Proteínas, aminoácidos, ácidos graxos, vitaminas e minerais, tudo em níveis ideais e em equilíbrio. Os alimentos estão cada vez mais específicos e é possível atender a diferentes condições de acordo com a idade, raça, porte e outras características do animal”, afirma a médica-veterinária e supervisora de Capacitação Técnico-Científica e Técnico-Comercial da PremieRpet, Marina Macruz.
Ela alerta que o uso de suplementos para pets que recebem alimentos de alta qualidade pode, até mesmo, ser prejudicial e causar problemas de saúde. “É essencial evitar a suplementação não-orientada, pois ela pode acarretar a perda do equilíbrio nutricional, promovendo, por exemplo, uma dieta hipercalórica, a perda do equilíbrio necessário ao controle do pH urinário, ou o excesso prejudicial de alguns nutrientes”, indica Marina.
Um erro comum, segundo a veterinária, é a suplementação de cálcio aos filhotes de cães de raças grandes ou gigantes. “Esse tipo de suplementação resulta em excesso de cálcio, que por sua vez leva a uma mineralização óssea excessiva, prejudicando o remodelamento que ocorre de forma intensa durante o crescimento. Como resultado, podem ocorrer distúrbios no desenvolvimento esquelético que causam deformidades ósseas graves e irreversíveis. Além disso, o excesso de calorias ingeridas também contribui para o desenvolvimento de doenças relacionadas ao crescimento e desenvolvimento”, explica.
O mesmo cuidado vale para cadelas e gatas no final da gestação ou que estejam amamentando. De acordo com Marina, o ideal é não utilizar suplementos e sim uma dieta balanceada, como um alimento Super Premium na versão filhotes. “Isso porque os alimentos de alta qualidade para filhotes já são ricos em nutrientes e oferecem maior concentração calórica, ou seja, possuem um perfil nutricional adequado para as condições fisiológicas tanto da fase de amamentação quanto da gestação”, esclarece. Falando especificamente sobre o cálcio, suplementação comum nesta fase, fornecê-lo no fim da gestação pode resultar em diversos problemas, pois isso inibe um efeito fisiológico muito importante no momento do parto, que é a transferência de cálcio dos ossos para a circulação, para permitir as contrações uterinas. A suplementação de cálcio não compensa a ausência dessa resposta fisiológica e, como resultado, a cadela pode desenvolver um quadro grave conhecido como hipocalcemia puerperal ou eclâmpsia”, explica.
Então, fica o alerta: suplementos vitamínico-minerais só devem ser utilizados sob recomendação e com acompanhamento do médico-veterinário e em situações muito específicas, como em algumas enfermidades. Portanto, antes de iniciar qualquer suplementação, é fundamental consultar um médico-veterinário para avaliar a saúde do pet.
Fonte: PremieRpet, adaptado pela equipe Cães e Gatos.
LEIA TAMBÉM:
Obesidade reduz em até dois anos a expectativa de vida dos pets
Veterinários se desafiam ao dar o prognóstico de um pet oncológico para o tutor