Cláudia Guimarães, da redação
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Muitos tutores se deparam com o resultado positivo para FeLV em seus gatos, sejam eles testados no momento da adoção ou por apresentarem algum sintoma característico da doença. E, então, como proceder com um pet acometido por este vírus da leucemia felina?
A médica-veterinária responsável pelo setor de Medicina Felina, no Hospital Veterinário Vet Medical Center, Polyana Pulcheira Paixão, declara que, após o diagnóstico, o animal precisa ser submetido a exames sanguíneos, raio-x de tórax e ultrassom abdominal a cada três meses para acompanhamento médico. “Além disso, é imprescindível ter uma alimentação balanceada com ração seca e úmida super premium, além de evitar fatores estressantes”, enumera.
A profissional explica que o vírus da leucemia felina é oncogênico, ou seja, capaz de criar uma ligação direta entre algum tipo de infecção e o surgimento de tumores, e, por isso, pode levar ao desenvolvimento de neoplasias do tipo linfomas e leucemias. “Além de neoplasias, também pode afetar a medula óssea a causar hipoplasia, anemias arregenerativas, quadros graves de imunossupressão e doenças imunomediadas. Qualquer sinal clínico que o paciente apresentar deve-se realizar uma investigação com exames sanguíneos e de imagem”, reitera.
FeLV x alimentação
Quando questionada sobre se a FeLV pode afetar, de alguma forma, a alimentação dos gatos acometidos, a médica-veterinária comenta que esse vírus pode causar quadros de gengivite e periodontite nos animais, mas que feridas são raras. “A perda do apetite só ocorre em quadros graves de periodontite”, declara.
Nestes casos, é preciso controle analgésico e antiinflamatório, de acordo com Polyana, além de priorizar alimentação úmida, como sachês e patês para facilitar a alimentação. “Em casos de perda de apetite, suplementos alimentares e estimulantes de apetite são bem-vindos, mas em animais assintomáticos não tem necessidade. O mais indicado é a Mirtazapina na dose de 2mg/gato, a cada 48 horas. A suplementação do complexo vitamina B (principalmente b12) ajuda no estímulo ao apetite”, elucida.
Polyana declara que a falta de alimentação pode piorar o quadro do animal. “A hiporexia e anorexia podem afetar o metabolismo hepático e predispor ao quadro de lipidose hepática. A perda de peso desse paciente leva a um prognóstico desfavorável”, indica a profissional que ainda adiciona: a colaboração do tutor é primordial para recuperar o bem-estar do paciente. “Realizar a alimentação de forma correta e dar as medicações, de acordo com todas as prescrições, é a base da melhora clínica e, em casa, o tutor é que é o responsável por isso”, adiciona.
No entanto, em casos de paciente em anorexia, Polyana afirma que a melhor forma de retomar a alimentação é a colocação da sonda esofágica. “Dessa forma, é possível realizar a quantidade calórica diária essencial de forma gradual. Em pacientes com afecções hepáticas, principalmente lipidose, a sonda é sempre recomendada, bem como em pós-operátorio de cirurgias orais, nefrológicas ou qualquer procedimento cirúrgico que irá gerar dor e perda de apetite”, comenta.
Por fim, a médica-veterinária informa que uma das principais particularidades do gato é a produção de energia por meio da proteína, por isso sua dieta possui maior teor proteico do que das outras espécies e nunca deve receber alimentação vegana. “O organismo do gato necessita de uma quantidade calórica diária para exercer suas funções. Se o animal ingerir abaixo dessa quantidade calórica, o fígado começa a quebrar gordura para produzir energia, gerando lesão nas células hepáticas por esteatose e esse animal fica suscetível a desenvolver um quadro de lipidose hepática. Os pacientes FeLV positivos estão mais predispostos a desenvolverem quadros de hiporexia, por isso, precisam ser acompanhados sempre de perto por um médico-veterinário”, encerra.