O mercado pet vem se desenvolvendo nos últimos anos devido às mudanças comportamentais por parte dos donos de animais de estimação, que buscam constantemente dar mais qualidade de vida e longevidade aos seus pets. Analisando o mercado, podemos dizer que a escolha do alimento está intimamente relacionada à satisfação e prazer no momento da oferta ao animal.
De acordo com a veterinária que atua na Special Dog Company, Gabriela Biancão Rodrigues, os alimentos comerciais para cães e gatos são divididos de acordo com o tipo de processamento, ingredientes, matéria-prima empregada e teores de umidade, sendo classificados em secos alimentos com até 12% de umidade (ração comercial), semiúmidos até 50% de umidade (snacks – bifinhos) e úmidos até 85% de umidade (sachês e patês).
“Analisando o faturamento das pet food, a representatividade da linha de alimentos úmidos (Wet) no Brasil é hoje de apenas 4%, sendo 96% correspondentes a alimentos secos (Dry). Deste modo, podemos afirmar que há muita oportunidade de crescimento nesse segmento, seguindo a tendência internacional de países europeus e dos Estados Unidos”, observa.
No Brasil, segundo a profissional, esse percentual ainda é muito baixo, devido ao modo com que o proprietário de pet vê o alimento úmido, sendo oferecidos mais como forma de petiscos ou agrados. “Hoje, porém, existem diversas marcas no mercado que trazem um alimento completo e balanceado, podendo ser oferecido como alimentação exclusiva, já que garante todas as necessidades nutricionais diárias conforme a fase da vida do animal”, destaca.
Quando os veterinários orientam os tutores sobre a possibilidade do alimento úmido, encontram perguntas frequentes, agora, comentadas por Gabriela:
1. Por que o alimento úmido é mais palatável? Ele é mais gorduroso? Alimentos úmidos se diferenciam pelo tipo de processamento e ingredientes. “Os produtos úmidos são esterilizados em autoclaves, possibilitando maior conservação e utilização de ingredientes com elevada umidade, como as fontes de proteínas (miúdos de suínos, miúdos de aves, carne bovina, carne mecanicamente separada de peixe e carne de frango). Além disso, diferentemente dos alimentos secos extrusados (ração comercial), alimentos úmidos possuem baixo percentual de carboidratos. Consequentemente, o alimento se torna mais palatável devido a sua proximidade ao aspecto da caça, estritamente ligado ao instinto animal”, discorre.
Quanto à gordura, a quantidade apresentada no alimento úmido é ideal, se adequando à fase da vida do animal, seguindo as referências do NRC (2006) e FEDIAF (2020).
2. Alimentos úmidos possuem alto teor de sódio? Os teores de sódio dos alimentos úmidos são semelhantes às quantidades apresentadas nos alimentos secos, de acordo com a veterinária. “Dessa forma, se trata de mito qualquer afirmação no sentido de malefícios à saúde do animal. De acordo com estudos e dados científicos, utiliza-se a quantidade de sódio recomendada à necessidade diária e fase de vida dos pets”, compartilha.
3. É verdade que alimentos úmidos podem predispor à obesidade? “Não. O que ocorre é que os alimentos úmidos são vistos como petiscos, sendo oferecidos pelos proprietários além da ração. Consequentemente, o animal passa a ingerir mais calorias do que o necessário. A obesidade está relacionada à quantidade de calorias diárias que o animal consome, além de ser influenciada pela frequência de atividades físicas e predisposição genética”, elucida.
Como veterinária, a profissional recomenda aos tutores que, ao optarem por oferecer os alimentos úmidos, sigam sempre as orientações do rótulo do produto. “Se o produto for completo e balanceado, o ideal é substituir a ração de forma gradual até que o animal atinja sua necessidade diária. Os alimentos úmidos são sugeridos para programas de perda de peso por possuírem maior teor de proteínas e gorduras, menos carboidratos e alta umidade, deixando o animal saciado por um maior período”, adiciona.
4. Ao abrir o patê ou alimentos enlatados observo o que parece ser uma “camada de gordura”. O que seria isso? “A camada amarela, formada em cima de patês ou alimentos enlatados ao abrir, não são gorduras. Trata-se de gomas: xantana, goma guar e goma carragena, ingredientes que são fontes de fibras do produto, melhorando a homogeneização do patê e auxiliando na consistência e volume fecal, favorecendo a saúde intestinal dos pets”, explica Gabriela.
5. Qual a quantidade diária de alimento úmido recomendada? Posso misturar com a ração? Para definir a quantidade ideal, o tutor deve observar o verso da embalagem, conforme explicado pela profissional. Em caso de dúvida e melhor padronização na dieta do animal, recomenda-se a orientação de um médico-veterinário de confiança.
“Lembrando que, para ser realizada a troca alimentar, é indispensável fazê-la de modo gradual, respeitando no mínimo 05 dias para adaptação ao novo alimento, ou o tempo necessário ao animal, que pode levar até 14 dias. Importante: Observa-se que o alimento úmido pode ser oferecido exclusivamente caso seu rótulo indique ser completo e balanceado”, salienta.
Sobre a alimentação mista, Gabriela afirma que é preciso respeitar sempre a necessidade nutricional diária do animal. “Neste caso, existem empresas que citam no verso da embalagem a quantidade que o alimento úmido substitui a ração, em gramas. Existem diversos benefícios da associação do alimento seco com o úmido ao animal, sendo alguns exemplos a facilidade na mastigação, palatabilidade, maior aceitação de textura, maior teor de proteína, saúde do trato urinário e maior saciedade”, garante.
6. Existe alguma comprovação de que alimentos úmidos favoreçam a formação de tártaro? Pelo alimento úmido ter consistência pastosa, não há ação mecânica de atrito nos dentes durante a mastigação, comparado à ração. “Contudo, para resolver isso, em algumas formulações são adicionados aditivos responsáveis por auxiliar no controle e prevenção de placas e cálculos dentários”, complementa.
7. Quais os benefícios do alimento úmido aos pets? Os benefícios de se oferecer o alimento úmido estão associados à fase da vida do animal e de suas necessidades. Mas no geral, percebe-se um aumento da palatabilidade, cuidado com a saúde renal, ingestão hídrica elevada, maior saciedade e maior quantidade de proteínas. Assim, contribui para um maior desenvolvimento e manutenção muscular, facilitando a mastigação, controle de inflamações, aumento de imunidade e maior longevidade, segundo a veterinária.
8. Como devo conservar o alimento úmido? Após aberto, o alimento deve ser mantido na embalagem original, fechado e levado à refrigeração por até 24 horas. “Entretanto, antes de ser oferecido ao animal, recomenda-se que o recipiente seja deixado em temperatura ambiente, não podendo ser aquecido. Ao oferecer o alimento úmido ao pet, este deve ficar exposto por no máximo uma hora, evitando que se percam suas características nutricionais ou sensoriais e uma possível contaminação por insetos”, menciona.
Concluindo, o tutor deve lembrar que, antes destes alimentos serem comercializados, eles passam por diversos testes e análises. “Alguns exemplos de teste são os de digestibilidade, palatabilidade e escore fecal. São também analisados o perfil de aminoácidos, ácidos graxos, vitaminas e minerais correspondentes às necessidades nutricionais de cada fase da vida. Portanto, buscamos sempre priorizar a longevidade e bem-estar animal, tornando o produto recomendado por médicos-veterinários. Podemos afirmar com certeza que você pode oferecer os alimentos úmidos aos seus pets com total segurança”, encerra.
Fonte: AI, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.
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