Cláudia Guimarães, da redação
claudia@ciasullieditores.com.br
Causada pelo vírus Lyssavirus, a raiva é uma antropozoonose que provoca uma encefalomielite aguda e falta em mamíferos, incluindo o ser humano. Essa doença é um problema não só no Brasil, mas no mundo todo. Segundo a Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO), a raiva mata uma pessoa a cada nove minutos no mundo, sendo quase metade delas crianças. Em relação aos animais, cerca de 5 mil casos de raiva animal são relatados, anualmente, ao Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos EUA. Em 2023, pelo menos duas pessoas já evoluíram para óbito devido à enfermidade.
Neste Dia Mundial Contra a Raiva, a médica-veterinária Vivian Lindmayer Cisi lembra que, em 2022, de acordo com o Ministério da Saúde, foram confirmados 16 casos de raiva canina e felina. “Sabe-se que, destes, oito foram por variante de morcego e três por variante de canídeos silvestres”, informa.
Na visão da profissional, o controle da raiva é um desafio no mundo todo. “A imunização dos animais susceptíveis consiste na principal medida profilática”, expõe. Em relação aos pequenos animais, Vivian salienta que todas as ações devem estar relacionadas com a posse responsável, controle de natalidade e responsabilidade ao se adquirir um animal. “Manter a vacinação do seu pet atualizada é, também, bastante importante. Ainda, é possível reduzir a possibilidade de exposição à raiva, não permitindo que seus animais domésticos façam passeios sozinhos (castrar os animais diminui o comportamento de fuga); não deixar lixo ou alimento de cães do lado de fora de casa para não atrair outros animais; lembrar sempre que animais selvagens não devem ser tratados como pets. Além de ilegal, os animais silvestres podem ser potenciais animais infectados e que podem trazer riscos para os seres que o cercam”, destaca.
É possível curar um caso de raiva?
A veterinária elucida que a raiva não tem cura estabelecida, sendo a única forma de prevenção por meio da vacinação. “O tratamento é profilático, conforme Protocolos do Ministério da Saúde. Dependendo do tipo, do local da agressão e do animal agressor, haverá a necessidade de administração da vacina e do soro antirrábico”, cita.
Vivian ainda menciona que o Ministério da Saúde recomenda que a vacinação antirrábica de cães e gatos deve ser realizada de acordo com o preconizado para cada região, de acordo com a situação epidemiológica de cada local. “Existem diversas estratégias para tal finalidade, como campanhas; rotina, que é a vacinação de forma permanente e constante durante todo o ano, com horário e período de funcionamento definidos (a busca pela vacinação se dá de forma espontânea pelo tutor ); e bloqueio de foco, que seria a vacinação casa a casa desencadeada após diagnóstico de animais positivos para a raiva”, indica.
Mas, considerando as regiões do Brasil mais afetadas pela doença, Vivian explica que a distribuição epidemiológica da doença é bastante heterogênea, diretamente relacionada às condições socioeconômicas e culturais. “De acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação, a predominância dos casos ocorre no Norte e Nordeste do País”, revela.
Sintomas em humanos e em animais
Após o período de incubação, segundo Vivian, surgem os sinais e sintomas clínicos, inespecíficos (pródromos) da raiva, que duram, em média, de dois a dez dias. “Nesse período, o paciente apresenta: mal-estar geral, pequeno aumento de temperatura, anorexia, cefaleia, náuseas, dor de garganta, entorpecimento, irritabilidade, inquietude e sensação de angústia”, enumera.
Em cães, na fase prodrômica, a veterinária comenta que os animais apresentam mudança de comportamento, podem se esconder em locais escuros ou mostram uma agitação inusitada. “Após um a três dias, ficam acentuados os sintomas de excitação. O cão se torna agressivo, com tendência a morder objetos, outros animais, o homem, inclusive o seu proprietário. A salivação torna-se abundante, uma vez que o animal é incapaz de deglutir sua saliva, em virtude da paralisia dos músculos da deglutição. Há alteração do seu latido, que se torna rouco ou bitonal, em virtude da paralisia parcial das cordas vocais. Na fase final da doença, é frequente observar convulsões generalizadas, que são seguidas de incoordenação motora e paralisia do tronco e dos membros. A raiva felina, na maioria das vezes, tem sintomatologia semelhante à raiva canina”, compartilha.