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Veterinária nutróloga comenta casos de intoxicação de cães após consumirem petiscos

Por Equipe Cães&Gatos
petiscos
Por Equipe Cães&Gatos

Cláudia Guimarães, da redação

claudia@ciasullieditores.com.br

Só quem tem um animal de estimação em casa sabe que a mera hipótese de perdê-lo é angustiante demais. Agora, imagina ver o animal adoecendo e vindo a óbito por algo que deveria ser um momento de recompensa e prazer. Difícil, não é? Estamos acompanhando casos de intoxicação e morte de mais de 30 cães após consumirem alguns petiscos, o que resultou em um luto coletivo pelos animais de estimação. O que pode ter acontecido?

Conversamos com a médica-veterinária nutróloga, Dra. Luciana Domingues de Oliveira, que comenta o caso com base no que a mídia está divulgando até o momento, já que as investigações ainda não chegaram a uma conclusão. “Supostamente, houve a intoxicação de alguns cães por petiscos da marca Bassar e, com base nas necropsias que foram realizadas dos animais que foram a óbito, a suspeita é que a substância envolvida seja o etilenoglicol, um composto extremamente tóxico e que poderia ter contaminado esses petiscos. Mas, vale lembrar, que as análises laboratoriais para confirmar o motivo da intoxicação vão demorar ainda para sair, então, essa constatação de que seria o etilenoglicol é muito mais pelas lesões que os veterinários observaram nas necropsias dos animais que vieram a óbito do que por outros motivos”, salienta.

O etilenoglicol, conforme explicado pela veterinária, é uma substância química utilizada na indústria de tintas, plásticos, têxtil e outras áreas industriais. “Ele é um anticongelante, umectante, plastificante, altamente tóxico quando ingerido e, por isso, não pode ser utilizado em nenhum tipo de alimento ou bebida para animais de estimação ou para humanos. Esse composto não é liberado para uso em alimentos, tanto que foi esse mesmo elemento que contaminou as cervejas da Backer, em 2020, e que levou várias pessoas a intoxicações graves e a óbitos. O ponto é esse: se for comprovado que a causa da intoxicação foi esse composto, ela provavelmente ocorreu de forma criminosa, ou seja, alguém pode ter colocado essa substância para gerar problema para essa empresa ou isso foi parar lá de uma forma que não deveria ter acontecido. O fato é que nenhuma empresa que produz alimentos pode utilizar etilenoglicol por sua toxicidade”, frisa.

A Dra. Luciana comenta que qualquer contaminante, ainda mais desse tipo, é algo que foge completamente do que acontece no dia a dia das indústrias. “Quando ocorreu essa situação na cervejaria foi um grande escândalo, porque mesmo pensando em alimentos industrializados para humanos, foi um caso isolado, assim como esse caso que, se for comprovado, também é uma situação completamente atípica e isolada”, pondera.

Por isso, a profissional afirma que não podemos pensar que isso acontece no dia a dia, porque por ser uma substância tão tóxica, leva os animais a quadros claros de intoxicação e óbito muito rapidamente, tomando uma proporção muito grande e se tornando um escândalo de forma muito rápida. “As empresas nem devem pensar em utilizar esse produto ‘por baixo do pano’, porque é algo totalmente fora do normal e investigações devem confirmar se realmente foi esse o motivo da intoxicação e, se for mesmo esse o composto, porque e como foi parar dentro do petisco”, observa.

Veterinária defende que existem muitas empresas extremamente sérias e responsáveis na fabricação de ração e petiscos, sendo, esse, um caso isolado (Foto: reprodução)

Petisco nunca mais?

Conforme dito pela médica-veterinária anteriormente, não é porque houve esse caso de contaminação que os tutores devem suspender a oferta de petiscos. Ao contrário, o tutor pode, sim, escolher os petiscos que sejam mais adequados ao seu pet, basta estar atento às sugestões dos médicos-veterinários.

A Dra. Luciana declara que petisco é sempre uma questão que, independentemente do fabricante ou dele ser industrializado ou natural, é um alimento que deve ser utilizado com muita moderação, porque, acima de qualquer coisa, temos que lembrar que os petiscos não são completos e nem balanceados, além de normalmente serem altamente calóricos. “Se o tutor fornece ao animal mais do que 10% das calorias que o pet precisa no dia em petiscos – e não importa se forem petiscos industrializados ou se for fruta ou carne – vai trazer, no mínimo, risco de estar desbalanceando a dieta do animal e aumentando a probabilidade dele desenvolver sobrepeso e obesidade”, alerta.

Portanto, para escolher o melhor petisco a ser ofertado ao pet, o ideal, segundo a Dra. Luciana, é ler a lista de ingredientes e os níveis de garantia. “Eu sempre indico os que têm menos aditivos químicos, falo para o tutor evitar petisco com corantes e muitos conservantes. Quanto mais natural, melhor, na minha opinião”, afirma a veterinária nutróloga.

O médico-veterinário tem um papel importante na indicação de alimentos, seja de alimentos completos (rações), petiscos ou quando se opta pela alimentação natural e, assim, é importante que ele estude e entenda quais as melhores marcas. “Temos uma diversidade muito grande de fabricantes e de qualidade de alimentos também. Sempre que possível, orientar o tutor a buscar alimento de maior qualidade. Hoje em dia o tutor acaba sendo muito ativo na busca pelas melhores opções de alimentos para seus pets, sendo ele quem faz a escolha dos alimentos a serem oferecidos, independente do que o veterinário indica. E na maior parte das vezes essa decisão é baseada em informações propagadas pela internet, o que acaba sendo um grande risco. Sabemos que, na internet, tem muita informação de baixa qualidade e alguns tutores acabam indo para opções que não são tão adequadas para o animal. Além disso, alguns ainda optam pela alimentação natural sem orientação ou com orientação duvidosa ou baseadas em sites e em cursos de final de semana. Isso é um grande problema, mas a decisão é sempre do tutor sobre o que ele vai utilizar. O veterinário tem sim um papel importante na orientação, mas não é exclusivamente dele essa decisão”, avalia.

Ainda sobre o caso de intoxicação dos cães, a Dra. Luciana salienta que é importante entendermos melhor esse caso e esperar as investigações para ter certeza do que aconteceu e não transformar um caso isolado em algo possível de acontecer todos os dias com todas as marcas de pet food. O grande ponto é não amplificar isso para todos os fabricantes, porque existem muitas empresas extremamente sérias e responsáveis e esse é um caso isolado, igual ao da cervejaria. Não podemos achar que o que aconteceu na Backer acontece em todas as cervejas e, da mesma forma que as pessoas não deixaram de tomar cerveja por conta desse caso isolado, não justifica os tutores pararem de dar petiscos aos pets por também um caso isolado, se é que isso vai ser comprovado de fato”, finaliza.

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