Cláudia Guimarães, da redação
claudia@ciasullieditores.com.br
A Doença do Trato Urinário Inferior dos Felinos (DTUIF) é um termo mais genérico para se referir às enfermidades que podem acometer tanto a bexiga quanto a uretra dos gatos.
Quem nos explica é a médica-veterinária especializada em Nefrologia e atuante como médica-veterinária da família no Centro Veterinário Nouvet, Lorena Gatto Fusetti. Segundo a profissional, as causas mais comuns para o problema podem estar relacionadas com infecções; alterações anatômicas das vias urinárias, cálculos urinários, “plugs”, baixa ingestão hídrica, neoplasias e traumas. “Quando descartadas todas as possibilidades de causas citadas acima, nesse caso, damos o nome de cistite idiopática ou cistite intersticial, que é um processo inflamatório do trato urinário inferior, geralmente mediada por fatores estressantes na rotina do animal, que resultam em alterações psiconeuroendócrinas. Nessa condição, há o envolvimento da questão comportamental e gatilhos de estresse, como, por exemplo, mudanças ambientais, conflitos com outros animais e, até mesmo, a presença de outra enfermidade, podendo variar de indivíduo para indivíduo e, portanto, não há um exame confirmatório, sendo o diagnóstico baseado nos sinais clínicos e exclusão das demais condições citadas”, revela.
Um ponto importante da terapia da DTUIF, na visão da médica-veterinária especializada em Endocrinologia e Medicina Felina, que atende na área de Endocrinologia no Nouvet, Hilka Fatima Frison Mendes Neves, é buscar controle da dor associada à desobstrução, se for o caso. “No cenário agudo, de obstrução, por exemplo, por vezes, é necessária a intervenção com sondagem uretral ou até cirurgia. Mesmo a sondagem uretral deve ser feita sob anestesia geral. Há casos em que será feita a desobstrução (massagem, sondagem) e o gato não precisará ficar com a sonda. Em outros, precisará ficar com a sonda por mais de um dia. Enquanto o animal está com a sonda significa que o cenário é grave e doloroso o suficiente para que ele seja mantido internado, sob monitoração e terapia específica para a demanda, que varia dia a dia”, compartilha.
Tem como evitar?
Infelizmente, Hilka afirma que não há como prevenir a doença a ponto de zerar a predisposição individual. “Mas, conhecendo-se o estresse como fator incitante de manifestação da síndrome, é importante focar no bem-estar físico e psíquico do felino em questão”, alerta.
Algumas formas de evitar estresse para felinos, segundo Hilka, são: evitar superpopulação no ambiente, evitar grandes mudanças de rotina e ambiente (ou tentar condicionar o felino desde jovem a alguma variação previsível, como viagem dos tutores, por exemplo), dispor esconderijos, diversas caixas para urina e defecação pelo ambiente, controlar ruídos exacerbados, buscar resolução de conflitos caso seja um ambiente multi-cat, brincar com o gato, oferecer alimentos balanceados que sejam do agrado do gato, “gatificar a casa”, dispondo ambientes de troca e brincadeiras, ocupando os espaços de forma tridimensional (é possível ocupar paredes e tetos).
Por sua vez, Lorena indica, para os casos de infecções do trato urinário e para as formações de cálculos, as consultas de rotina como forma de prevenção. “A partir de exames complementares, elas possam ser pesquisadas e, se presentes, já tratadas, além de iniciar uma investigação mais aprofundada sobre os fatores predisponentes para cada condição. Já para a cistite intersticial, a prevenção se dá em tentar otimizar ao máximo a qualidade de vida do animal, evitando mudanças bruscas na rotina, exposição a condições estressantes, como a introdução abrupta de outros animais no ambiente, e, também, triagem de outros fatores estressantes que podem ser considerados ‘gatilhos’ individuais”, reitera.
A edição de outubro da CG trará mais considerações das profissionais sobre a doença. Fique ligado em nossa revista on-line e, por enquanto, confira a edição de setembro!
Fonte: Redação Cães&Gatos VET FOOD.
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