Cláudia Guimarães, da redação
claudia@ciasullieditores.com.br
Priorizar a saúde animal e, consequentemente, a saúde humana não significa jogar no mercado de trabalho inúmeros profissionais formados a cada ano, muitas vezes, tendo passado por um ensino defasado na graduação. Assim, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) deseja, junto à Justiça, frear a criação de novos cursos de Medicina Veterinária pelos próximos cinco anos.
Já que essa temática preocupa o CFMV, consideramos bastante válido trazermos hoje, no Dia Internacional da Medicina Veterinária, sempre comemorado no último sábado de abril. A médica-veterinária e pesquisadora Evelynne Hildegard Marques de Melo, considera que não é, simplesmente, o alto número de escolas que se torna um problema – e, hoje, o Brasil possui 536 cursos/escolas de Medicina Veterinária -, mas escolas que capacitam profissionais a distância para o exercício de áreas da saúde. “Tudo que se fala em termos de proporções no Brasil, assusta, mas é claro que, dado o tamanho do Brasil, sendo um País territorial, a quantidade de tudo por aqui é sempre enorme se comparada a outros países”, opina.
Evelynne menciona que o CFMV brasileiro avaliou mais de 40 cursos por aqui, maioria na modalidade a distância, onde se constatou que, também, a maioria se resume a abordar atendimento clínico de pequenos animais. “Sendo que o exercício da profissão do médico-veterinário vai muito além disso e, dessa forma, as formações vão deixar a desejar nos serviços que a sociedade precisa destes profissionais”, pondera.
Na edição de maio da Cães e Gatos VET FOOD, a profissional fala um pouco mais, juntamente com o presidente do CFMV, Francisco Cavalcanti, sobre a temática.
Por sua vez, a médica-veterinária e gerente de Relacionamento Médico do Veros Hospital Veterinário, Danielle Gonçalves Silveira, também acredita que a quantidade de graduações acaba proporcionando uma má formação para esses futuros médicos-veterinários, colocando no mercado profissionais não preparados para o dia a dia, com pouca base para correr atrás de se diferenciar.
Por outro lado, Danielle observa que os profissionais com boa formação e que fazem questão de se manter atualizado acabam se destacando dos demais, conseguindo garantir para o seu paciente mais saúde, proporcionando melhores e mais modernos exames e protocolos de tratamento. “Vale destacar que o veterinário faz parte de uma Saúde Única. Ajudamos a conscientizar, esclarecer e prevenir diversas zoonoses, como raiva, leishmaniose, leptospirose, entre outras. Além do papel do médico-veterinário em outros setores, como a inspeção de alimentos de origem animal e o cuidado com os animais de produção”, menciona.
Para se destacar e ser escolhido!
Diante de tantos profissionais disputando um lugar no mercado de trabalho, é preciso que o veterinário atenda a alguns itens essenciais para se destacar e firmar uma carreira sólida. Na visão de Danielle, um bom profissional é aquele que procura saber mais e de diversos assuntos. “A ética e o técnico são requisitos básicos, conhecer o código de ética que rege a profissão, além de, estudar, estudar e estudar. Mas um profissional completo agrega outras soft skills (habilidades comportamentais) em seu repertório, como comunicação, liderança, trabalho em equipe, empatia e inteligência emocional são bons exemplos”, lista.
Com essa quantidade de profissionais saindo da faculdade, aumenta a oferta de profissionais no mercado, em contrapartida, Danielle declara que os clientes estão cada vez mais exigentes com esses médicos e os empregadores querem aqueles que apresentem não apenas competências técnicas. “O médico-veterinário que quer fidelizar o cliente, que quer estar dentro de uma grande equipe, precisa sair da caixinha e pensar grande”, recomenda.
E, para fidelizar os clientes, Danielle cita que comunicação e honestidade são dois grandes pilares dessa relação. “O médico-veterinário deve aprender a conversar com o cliente, entender para que público ele está falando, até mesmo a faixa etária do cliente deve ser levada em consideração. As gerações mais novas, por exemplo, gostam de uma comunicação mais dinâmica, enquanto se você tiver falando com um público mais velho, um tempo maior nos detalhes pode ajudar bastante a criar esse laço”, esclarece.
E, em sua opinião, de nada adianta acertar a forma de se comunicar se o conteúdo não for sincero. “Não é fácil dar más notícias, não é fácil lidar com a dor do outro, não é fácil assumir que errou, mas tudo isso faz parte do vínculo de confiança que deve ser criado com o tutor”, finaliza.