Gabriela Couto, da redação
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Muitos animais sofrem de problemas articulares e, por isso, alguns tutores têm o hábito de comprar escadinhas ou rampas para colocar ao lado da cama, sofá e outros móveis da casa para auxiliar a subida dos pets. Mas, será que isso, realmente, ajuda e pode até prevenir outros problemas?
O ortopedista veterinário, Daniel Tonin, conta que, sim, o uso de rampas é muito benéfico, principalmente, para o impacto da descida de sofás e camas, pois o cão, quando desce do móvel, pode estar sobrecarregando os membros torácicos em até cinco vezes o peso corporal, de acordo com a força de reação ao solo. “Para os cães de pequeno porte é ainda mais importante, pois são mais frágeis e podem sofrer mais com o impacto. Desde novos, os cães devem ser educados a subir e descer de alturas pela rampa, os filhotes por evitar fraturas e os adultos e idosos para evitar os impactos e a doença articular degenerativa”, explica.
As articulações dos pets exigem cuidados especiais, e, segundo o veterinário, é fundamental que os tutores pesquisem sobre as raças antes de adquirirem um filhote, pois é importante conhecer suas necessidades, o porte do animal e se ele irá se adaptar ao ambiente da casa. “Vemos, no nosso dia a dia, animais de grande porte que vivem em locais inapropriados, com piso muito liso, escadas, espaço reduzido e esse conjunto de fatores pode ser muito prejudicial para as articulações desses cães. O cuidado com a alimentação também é muito importante, já que grande parte dos animais com sobrepeso tem doença articular degenerativa associada”.
De acordo com o médico-veterinário, algumas raças, como o Golden Retriever, Labrador Retriever, Pastor Alemão, Rottweiler e Bulldogue, são predispostas às doenças articulares, porém, elas são encontradas em cães sem raças definidas e, também, em gatos.
Tonin explica que existe uma série de doenças que afeta as articulações dos cães, sendo a displasia coxofemoral a mais popular. Ela afeta tanto os cães jovens, como os mais maduros e idosos. A displasia de cotovelo e a osteocondrite dissecante são doenças articulares muito importantes e conhecidas, que se manifestam nos cães jovens.
A ruptura do ligamento cruzado cranial e a luxação de patela também são problemas que afetam os joelhos dos cães e são de grande ocorrência na clínica de pequenos animais. “O primeiro sinal de uma doença articular é a claudicação, quando o cão começa a mancar, mas outros sinais devem ser observados, como deixar de se levantar ou se levantar com dificuldade, ficar mais tempo deitado, mudanças comportamentais, como agressividade, não deixar tocar uma região, urinar e defecar em locais inapropriados e intolerância ao exercício são os sinais mais comuns”, comenta.
O ortopedista reforça que é importante que o tutor observe caso o cão deixe de fazer o que gosta, mude de comportamento e desenvolva intolerância ao exercício. “O menor sinal de uma mudança comportamental ou claudicação é indicativo de um problema instalado e essa é a hora de procurar ajuda especializada. O tratamento precoce pode ajudar, e muito, a este cão voltar a se sentir bem e impedir uma doença articular mais séria”, orienta.
Quando o animal é diagnosticado com a doença, Tonin recomenda que o tutor siga à risca as orientações do profissional que o diagnosticou. A maioria das doenças articulares requer mudanças ambientais, como piso antiderrapate, escada ou rampa na casa, e, muitas vezes, é necessário o controle de peso. “Muitos cães com doença articular também apresentam sobrepeso e essa condição, quando revertida, ajuda no bem-estar e nas dores”.
O médico-veterinário explica que o agravamento das doenças articulares pode causar muita dor, podendo até levar o paciente a deixar de utilizar os membros. “Um cão de grande porte que deixa de caminhar, acaba perdendo massa muscular, retém urina e fezes, e desenvolve outras doenças metabólicas que agravam, ainda mais, sua condição”, finaliza.
Assim, cuidar dos cães e de suas articulações é extremamente necessário e o tutor deve prestar atenção nos detalhes e tomar cuidado para preservar e evitar os problemas articulares.