A pandemia mudou a dinâmica das famílias: trabalho ora remoto, ora presencial, aulas à distância, passeios e férias com algumas restrições. Essas modificações impactaram, também, a rotina dos pets. Médicos-veterinários do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) alertam que mudanças constantes no dia a dia de um animal doméstico podem prejudicar o seu bem-estar e a sua saúde.
Para o médico-veterinário membro da Comissão Técnica de Clínicos de Pequenos Animais do CRMV-SP, Paulo Corte Neto, alterações bruscas e repentinas na vida dos pets não são recomendadas. “O ideal é fazer uma espécie de ‘desmame’, para que o animal se habitue aos poucos ao novo contexto”, afirma.
Os pets são condicionáveis e, portanto, todos os hábitos que são impostos a eles vão ser sempre seguidos, explica a médica-veterinária presidente da Comissão Técnica de Entidades Veterinárias Regionais do CRMV-SP, Maria Cristina Timponi. “Quando estamos em casa, por conta das férias ou do trabalho remoto, devemos seguir a mesma rotina de quando estamos trabalhando fora. Passeios pela manhã e à noite são aconselháveis como forma de socialização e também como uma forma de evitar o estresse nos animais”, avalia.
Com a pandemia da Covid-19, muitas pessoas passaram a trabalhar ou estudar em casa, ficando mais próximas dos pets. Nesse período, é normal criar um vínculo ainda maior com o animal, situação que deve ser considerada quando os tutores forem retornar às atividades presenciais.
“Essa separação pode gerar estresse no pet, que pode vir a destruir algo dentro de casa ou, então, deixar de beber água ou comer enquanto o tutor estiver fora. Ele também pode reagir uivando e latindo, o que pode incomodar os vizinhos. Portanto, o ideal é mudar a rotina gradualmente”, reforça Paulo Corte Neto.
Novas rotinas. Para Maria Cristina Timponi, o tutor deve ficar atento aos hábitos que foram criados após um longo período trabalhando em casa. “Na educação de um pet, a manutenção de rotinas sempre parecidas é muito aconselhável. A falta de rotina e horários obviamente deixará o animal confuso e sem saber que conduta tomar”, observa.
É interessante, antes de voltar às atividades presenciais, que o tutor crie uma nova rotina com o pet, como se já estivesse trabalhando fora. “Agir como se já estivesse trabalhando fora, como forma de teste, para ir acostumando o animal aos poucos e condicionando horários e momentos de brincadeira”, diz a médica-veterinária.
Cuidados. Sair de casa por um tempo menor para ver a reação do pet, antes de voltar para uma rotina de várias horas fora de casa, pode ser um bom teste. “Ao retornar para casa, o tutor pode recompensar o animal de estimação com um petisco ou com passeios, que também devem voltar a ter horários certos, para não causar estranhamento ou mesmo ansiedade no animal”, diz o médico-veterinário Paulo Corte.
Caso o animal precise ficar sem ninguém em casa e tiver medo de certos barulhos ou situações que geram desconforto, o cuidado deve ser redobrado, pois podem ocorrer acidentes na tentativa de se esconder ou fugir. “Se o pet não está acostumado a ficar sozinho, a questão é ainda mais séria. Além de adaptar aos poucos a rotina, monitorá-lo por vídeo pode ser uma opção”, sugere o médico-veterinário.
Uma dica para os tutores é ficarem atentos aos potes de água e comida. “É importante notar se o animal está se alimentando adequadamente. Também é bom reparar os sinais comportamentais do pet: se está feliz, puxando a guia no passeio e farejando, ou se está mais quieto e caminhando lentamente, por exemplo. Cada pet reage de um jeito”, diz Corte.
O médico-veterinário reforça que, no caso dos pets que foram adotados ou adquiridos no período da quarentena, em que havia gente em casa todos os dias, é ainda mais importante esse momento de adaptação. “Isso porque se trata de um animal que nunca teve uma rotina sozinho”, frisa.
Dicas para facilitar a adaptação. Um fator importante é o enriquecimento ambiental. “Experimente deixar ossos, petiscos, brinquedos e coisas que possam deixar o animal mais tranquilo em casa”, sugere Corte. Maria Cristina concorda e diz que é interessante dar ao animal atividades enquanto eles estão sozinhos. “Os brinquedos que possibilitam colocar os petiscos dentro são muito bons. Os pets brincam ao mesmo tempo em que comem, ficando bem mais calmos e diminuindo a carência da ausência”, diz.
O médico-veterinário destaca, ainda, que existem difusores de feromônios para usar com gatos e cães que também podem trazer calma e diminuir a ansiedade. “O uso desses feromônios e de florais podem ajudar a trazer bem-estar aos pets. Contratar alguém para passear com os cães na ausência do tutor também pode ser uma opção. Mas é importante consultar o médico-veterinário para ver quais são os métodos mais indicados para acalmar e garantir a saúde do animal”, conclui.
Fonte: AI, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.
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