Cláudia Guimarães, de Campinas (SP)
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Um evento destinado a estudantes e profissionais da Medicina Veterinária e da Zootecnia que buscam uma evolução contínua dentro da nutrição e da nutrologia de cães e gatos. Mas, o VI Workshop sobre Nutrição e Nutrologia, bem como o Congresso CBNA Pet deste ano, foi dedicado a uma pessoa especial, que, agora, está evoluindo em outro plano, mas que, enquanto esteve aqui, se tornou uma referência na nutrição de pequenos animais: o professor Márcio Brunetto.
O evento teve início com uma homenagem ao profissional, que foi o tempo todo lembrado pelos organizadores: durante os intervalos das palestras, fotos de Brunetto com familiares, amigos e alunos foram expostas no telão.
O médico-veterinário e 1º secretário da Sociedade Brasileira de Nutrição e Nutrologia de Cães e Gatos (SBNutri Pet), Fabio Alves Teixeira, lembrou que Brunetto se formou em Medicina Veterinária pela Universidade do Estado de Santa Catarina e foi o primeiro médico-veterinário a concluir residência em nutrição no Brasil. Em 2011, atingiu as suas metas se tornando, oficialmente, coordenador e pesquisador do Laboratório de Pesquisas em Nutrição e Doenças Nutricionais de cães e gatos “Prof. Dr Flávio Prada” – FCAV/Unesp, em Jaboticabal (SP).
Além disso, Brunetto atuou como vice-coordenador desde o início da SBNutri Pet, além de ser membro do Comitê Científico do Colégio Brasileiro de Nutrição Animal (CBNA). “Professor Márcio, deixamos, aqui, nosso agradecimento e solidariedade”.
Programação certeira
O evento recebeu, no dia 09 de maio, cerca de 240 médicos-veterinários, zootecnistas e estudantes com interesse na área de nutrologia de animais de companhia e abordou os tópicos especiais que estão sendo mais debatidos entre os profissionais que atuam na rotina de atendimentos nutricionais de cães e gatos.
Uma das palestras do dia foi sobre alimentos crus e os veterinários Rodrigo Otávio Silveira Silva, da Escola de Veterinária da UFMG, e Luciano Trevizan, da UFRGS, comentaram que a maioria dos animais recebe alimentação seca, à base de alimentos extrudados, e essa é uma forma segura de oferecer os alimentos. “Mas vêm surgindo essas dietas que consideram o processamento como um item negativo e as pessoas passam a alimentar seus animais com alimentos crus”, observa.
Luciano afirma que existem microrganismos que estão presentes em alimentos crus, como a salmonella, e isso pode gerar patogênese nos animais. “A salmonella é transmitida para humanos a partir desses alimentos que são oferecidos aos pets. O animal consome o alimento, se lambe em seu hábito de higiene, passa o microrganismo para o pelo e acaba contaminando os próprios tutores”, discorre. Em breve, reportagem completa sobre esse tema em nosso portal.
Outra palestra de destaque foi conduzida pela zootecnista e docente da UFPR, Ananda Portela Félix, que abordou o tema “Nutracêuticos – o que há de evidências de eficácia e segurança?”. A profissional iniciou a apresentação dizendo que, quando o animal consome uma dieta completa e balanceada de alta digestibilidade e vive em um ambiente agradável, ele é exposto a menores situações estresse possível. “Mas, ainda dentro de condições ideais, os nutracêuticos podem, sim, colaborar ainda mais com a saúde desses pets. Mas eles não vão salvar uma situação de uma dieta completamente desbalanceada ou de baixa digestibilidade”, informa.
A profissional também menciona que, em alguns momentos, o termo “alimentos funcionais” é utilizado como sinônimo de nutracêuticos: “Vou indicar uma pequena diferenciação, mas que faz diferença no uso prático entre o que seria alimento funcional e o que seria nutracêutico: os alimentos funcionais são aqueles que, além de fornecer nutrientes para a dieta, também têm compostos bioativos – ou outros tipos de componentes – que trazem características a mais de benefícios para a saúde dos animais quando consumidos regularmente”, explana.
Ananda dá um exemplo: “O tomate tem alta concentração de licopeno com potente antioxidante. Isso é um alimento funcional: contém compostos, que podem contribuir com a saúde, dos nutrientes. Já os nutracêuticos são compostos que foram isolados dos alimentos, ou seja, são suplementos alimentares que possuem substâncias bioativas concentradas proveniente dos alimentos”, diferencia.
Ao final do evento, aconteceu uma mesa redonda, onde profissionais debateram qual o papel do zootecnista e do veterinário na nutrição e nutrologia de cães e gatos. A mesa foi composta por Fabiana Vinhas Rodrigues, representante do CFMV; Mariana Porsani, do NutricareVet; e por Ananda Portela Félix. Neste momento, foram expostas as diferenças ocupacionais de um médico-veterinário que atua em nutrição e nutrologia de pets e de um zootecnista, no âmbito legal e de atendimento.
Em entrevista à Cães e Gatos, o professor da FCAV-Unesp e coordenador da SBNutri Pet, Aulus Cavalieri Carciofi, que está à frente da organização do evento, comentou que o workshop de nutrição e o congresso CBNA Pet vêm com propostas diferentes aos participantes: “Eles vêm para um dia de nutrição clínica ou nutrição individual para o workshop. Já o congresso, são dois dias onde a nutrição normal, tradicional ou coletiva é abordada, ou seja, é mais voltado para a indústria que fabrica alimentos para os animais”.
Prof. Aulus revela que, para a composição da grade do evento, conta um comitê científico com pessoas da universidade e da indústria. “Esse comitê é integrado por pessoas que estão no dia a dia da nutrição e, então, conseguem captar as demandas, as necessidades, as tendências, as maiores dificuldades, coisas novas que estão surgindo para trazer para o nosso evento”, compartilha.
A cobertura do XXII Congresso CBNA Pet você encontra na edição de junho da Revista Cães e Gatos VET FOOD.