Wellington torres, em casa
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em colaboração com Cláudia Guimarães
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Compartilhar vida, esse é o pilar de sustentação de um ato rápido, seguro e que também é de extrema necessidade à Medicina Veterinária: a doação de sangue. Ação ganha destaque no mês de junho, com a chegada do Dia Mundial do Doador de Sangue (14), reforçando a importância de se falar com os tutores sobre o tema.
Segundo a diretora do Hemovet Petcare, Simone Gonçalves Rodrigues Gomes, a iniciativa é muito importante para salvar a vida de cães e gatos, por isso, ela aponta as principais enfermidades em que são indicadas as transfusões sanguíneas: “Anemia grave, causada pelas doenças transmitidas pelo carrapato, principalmente erliquiose e babesiose, no caso dos cães. Em gatos, pode ocorrer anemia intensa em casos de micoplasmose, transmitida pela pulga e doenças virais como leucemia viral felina; Acidentes que levam a hemorragias, como atropelamentos, brigas com outros cães e picadas de cobras; Procedimentos cirúrgicos, especialmente os tumores que são cada vez mais frequentes e correção de fraturas extensas; Anemia em consequência de problemas em órgãos como rins e fígado, denominados de insuficiência renal e hepática, respectivamente, e Anemia hemolítica imunomediada”.
Contudo, para a realizar a doação, que pode ser feita a cada três meses, é necessário que o animal se encaixe em alguns requisitos, mantendo a própria saúde e beneficiando a do receptor. “Os cães devem apresentar peso mínimo de 27 kg, idade entre 1 e 8 anos, temperamento dócil, vacinação e vermifugação atualizadas, controle de carrapatos e pulgas. Já os gatos devem ter peso mínimo de 4 kg, idade entre 1 e 6 anos, temperamento dócil, vacinação e vermifugação atualizadas e controle de pulgas e carrapatos”, explica a diretora do Hemovet Petcare.
Vale ressaltar que, antes do ato, e de maneira prévia, exames para detecção de doenças que podem estar presentes sem sintomas são obrigatórios. Entre eles, devem ser realizados hemograma, testes para detecção de erliquiose, babesiose, dirofilariose, Lyme, leishmaniose, brucelose, função renal, micoplasmose, leucemia felina e imunodeficiência felina.
“Doar sangue é um gesto de amor e salva vidas e transfusões são essenciais no tratamento de animais”, reforça a docente e gestora do Hospital Veterinário São Judas, Simone Rodrigues Ambrósio, relembrando que, em alguns hemocentros veterinários, como o Hemovet Petcare, há possibilidade de o serviço ser agendado.
Veterinário, atenção!
Mesmo que não seja um ato de difícil realização, Simone Gonçalves também ressalta que é necessário tomar vários cuidados, principalmente antes de iniciar o procedimento, como: “realizar tipagem e teste de compatibilidade antes das transfusões de concentrados de hemácias e sangue total; avaliar os parâmetros vitais do animal previamente e monitorá-los durante todo o procedimento (interromper a infusão em caso de hipertermia, taquicardia, taquipneia e/ ou distrição respiratória, urticária e angioedema) e transfundir o hemocomponente indicado para evitar sobrecarga circulatória, evitando a ocorrência de reações transfusionais”.
Fator pandemia
Ainda em combate à pandemia de Covid-19, do qual se faz necessário o distanciamento social, inúmeros bancos de sangue, que já passavam por dificuldades, viram seus estoques se esgotarem.
“Se antes as doações de sangue de cães e gatos já eram difíceis de ocorrer, nos últimos meses, a situação complicou ainda mais. Alguns tutores optaram pela coleta domiciliar e outros preferiram cancelar”, explica a médica-veterinária e diretora do Centro de Hemoterapia Veterinária (CHVET), Kátia Garcia, complementando que o atual número de doadores ainda está muito abaixo do necessário para suprir a demanda.
Por isso, para Katia, que destaca que uma bolsa de sangue doada é fracionada em hemocomponentes e pode ser utilizada em até quatro animais, falar sobre doação de sangue com os tutores é imprescindível.
“Muitos deles desconhecem a importância e outros têm receio de que o procedimento cause algum risco ao pet. Todo o procedimento de doação de sangue é realizado pelo médico-veterinário, é seguro, indolor e rápido, leva cerca de 10 minutos. Além de salvar vidas, o doador realiza exames essenciais para saúde”, convida os tutores.
Toda ajuda é necessária
Para finalizar, Simone Gonçalves reitera que não existe sangue ‘sintético’ ou um substituto para o sangue, por isso, “precisamos da solidariedade de todos para que nossa missão prossiga salvando muitas vidas. Cada doador fará a diferença na vida de uma família Pet”, finaliza a profissional.