Os produtos para animais de estimação – principalmente o pet food – têm sofrido aumentos sucessivos por conta de itens como o câmbio e a alta do preço de matérias-primas, consideradas commodities no comércio internacional.
A variação da moeda norte-americana, que em 02 de janeiro de 2020 estava cotada a R$ 4,02, chegou a atingir R$ 5,63 no começo de janeiro de 2022 (IPEA). O preço do dólar, que influencia as commodities, altera o valor de diversos ingredientes da alimentação humana e animal, como milho, soja, arroz, farinhas de cereais, óleos e produtos cárneos.
Mas, para o setor de produtos para animais de estimação, outro gargalo tem prejudicado a produtividade, e consequentemente, a decisão de compra do consumidor, lá na ponta: a alta carga tributária imposta ao setor.
“A cada R$ 1 gasto pelas famílias com seu animal de estimação, mais de R$ 0,50 são impostos (para pet food, produto mais procurado, é 54,2% sob o valor total, ou seja, supera os R$ 0,50 por real gasto)”, revela o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), José Edson Galvão de França.
Segundo ele, um dos motivos desse alto valor tributário é o fato de que o produto pet é considerado supérfluo pelas regras da Receita Federal. “Isso significa que a carga de impostos é maior em relação aos itens da cesta básica. A diferença é que, hoje em dia, cuidar dos pets é uma necessidade básica, também. Esses animais saíram do quintal e foram para dentro de casa, e são parte da família”, comenta. Dessa forma, no preço final ofertado ao consumidor de produtos para pets entram: PIS/COFINS, ICMS e IPI.
Hoje, no Brasil, o número de animais de estimação supera os 144 milhões de pets. O número equivale a mais de um animal por habitante no País e, para a entidade, o rótulo de “supérfluo” não cabe mais para categorizar os produtos para pets.
“Os produtos para nutrição animal, como o pet food, são feitos a partir de normas rígidas de qualidade, que atendem o comércio interno e externo, e parte importante do agronegócio. Há de se levar em consideração, também, o fato de que o pet food é o produto que oferece a nutrição adequada aos animais. De maneira sustentável, e prática. É um produto essencial para o bem-estar de um membro da família”, prossegue Galvão de França.
Indústria pet mundo a fora
Como se não bastasse o alto valor tributário no bolso do consumidor, o valor que chega a praticamente 50% do preço dos produtos para animais de estimação também é discrepante quando comparado com outros dos principais mercados pet do mundo – atualmente, o Brasil é o 6º lugar, com R$ 50 bilhões em faturamento, levando em consideração indústria, varejo e comercialização de animais.
Confira a comparação dos tributos pet no Brasil em relação a outros países do mundo:
Itália (8º lugar no ranking de faturamento) – carga tributária: 22% do preço final
Reino Unido (4º lugar no ranking de faturamento) – carga tributária: 20% do preço final
China (2º lugar no ranking de faturamento) – carga tributária: 17% do preço final
Alemanha (3º lugar no ranking de faturamento) – carga tributária: 7% do preço final
Estados Unidos (1º lugar no ranking de faturamento) – carga tributária: 6,6% do preço final
Fonte: AI, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.
LEIA TAMBÉM:
Docentes e alunos de Veterinária do Ceunsp realizam projeto CED com gatos ferais
Levantamento do Instituto Pet Brasil indica que mercado pet teve alta de 14% em 2022
Veterinária explica a ocorrência de hiperplasias mamárias em gatas castradas