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Telemedicina Veterinária: profissionais opinam sobre pontos positivos e negativos da prática

Por Equipe Cães&Gatos
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Por Equipe Cães&Gatos

Cláudia Guimarães, da redação

claudia@ciasullieditores.com.br

No mês do médico-veterinário, trazemos um debate sobre a regulamentação da Telemedicina Veterinária na reportagem de capa da C&G VF. Como uma boa novidade que rende polêmicas, é essencial ouvirmos o maior número de pessoas que conseguirmos – enquanto veículo de comunicação – para apresentar um bom conteúdo a você leitor.

Portanto, além das considerações dos médicos-veterinários (Rodrigo Ubukata,  Antônio Felipe Paulino de Figueiredo Wouk, Leandro Romano e Marcelo Texeira), que constam na nossa edição de setembro, alocamos opiniões de outros entrevistados por aqui, que você pode conferir agora.

A médica-veterinária cirurgiã de tecidos moles e cirurgia reconstrutiva, Eliane Drudi Benati, se mostra a favor da regulamentação da Telemedicina Veterinária: “A nova resolução vai ajudar muito a alinhar as novas diretrizes de conduta e ética médica veterinária com esse novo panorama digital. Em tempos pós pandêmicos, é essencial termos novas formas de poder prestar o serviço aos nossos pacientes e clientes”, avalia.

Eliana comenta que a Telemedicina faz com que os profissionais olhem com maior preocupação em relação a proteção de dados, sigilo e confidencialidade dos pacientes pela Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). “De certa forma, já aplicávamos aos nossos clientes certa assistência virtual, como troca de mensagens e envio de prescrições e resultados de exames complementares, por aplicativos de conversas, mesmo correndo o risco de esbarrar no vazamento de dados. A resolução vai nos permitir trabalhar mais protegidos virtual e legalmente”, comemora.

Assim como na Medicina Humana, Eliane observa que a Telemedicina, teleconsulta e a teleorientação vem crescendo. “Na Veterinária, vamos poder nos debruçar sobre novas oportunidades de exercer a profissão. A assinatura virtual das prescrições também será um ponto crucial e positivo. Por outro lado, pensando nos pontos negativos, vale lembrar que já existem regras e pré-requisitos em vigor para os atendimentos. Nós, como médicos, temos o dever de nos moldar a essas considerações para não estarmos agindo ilegalmente ou praticando uma má Medicina aos nossos pacientes”, destaca.

A Telemedicina Veterinária engloba diversas modalidades que devem ser bem entendidas e separadas (Foto: reprodução)

E qual será a opinião dos futuros médicos-veterinários sobre o tema? Representando esse grupo, o estudante do 8º período de Medicina Veterinária, na Universidade Castelo Branco, Robson Laroca Domingues Filho, declara que é importante entender e separar o que é Telemedicina, já que se trata de um assunto muito amplo. “Em boa parte, sou a favor da regulamentação, porém, em alguns pontos, sou contra”, adianta.

Em sua análise, quando analisamos a Telemedicina no âmbito do telediagnostico, teleinterconsulta e telemonitoramento, por exemplo, é extremamente válida, pois são ações que agilizam e melhoram o serviço prestado ao paciente. “Porém, sobre a teleconsulta (com exceção para algumas especialidades), tenho meu posicionamento contra, pois lidamos com pacientes que não se comunicam diretamente conosco (diferente da Medicina Humana). Ao fazermos uso de uma consulta on-line não será possível aferir parâmetros básicos, como temperatura, frequência respiratória e cardíaca, ausculta, apalpar linfonodos, entre tantos outros. Com isso, a qualidade do atendimento ficará extremamente prejudicada. Por muitas vezes, o proprietário do animal leva à clínica com uma queixa principal e, durante o exame físico, podemos identificar que o problema primário é outro e, sem isso, não será possível essa identificação”, destaca.

O graduando ainda cita que os impactos serão maiores aos animais, pois haverá consultas muito mais superficiais, sem a qualidade e atenção que um médico-veterinário deve dar ao paciente. “Não teremos um exame clínico completo, com isso, teremos pets recebendo o atendimento primário de forma on-line, com o agravo do caso, indo para o presencial, porém, em muitas patologias, esse agravo de quadro pode resultar em um prognóstico ruim”. 

Por isso, apesar da novidade, Eliane menciona que nada irá substituir o exame físico e exames complementares dos pacientes. “Então, acredito que, de forma geral, a teleconsulta será somente uma ferramenta em casos não graves e de acompanhamento de casos atendidos dentro do consultório, segundo a resolução”, cita.

Robson supõe o seguinte caso: o tutor virá com uma queixa, por exemplo, de perda de peso, cansaço e falta de apetite. “Podemos estar diante de uma cardiopatia que seria previamente identificada por meio de uma ausculta cardíaca, sendo possível o encaminhamento para exames mais complexos. Um procedimento, relativamente simples, que é aferir a temperatura, em um animal, por ser temperatura retal, ao inserir o termômetro de forma errada pode gerar danos à mucosa do animal”, exemplifica.

Por outro lado, ele também destaca alguns pontos positivos que a teleconsulta pode trazer à Veterinária: “Em situações de calamidade, desastre, surtos de doenças, como a Covid-19, onde fomos obrigados a ficar confinados, ou em regiões mais afastadas, onde não se tem a presença física do médico-veterinário próximo. Nesses casos, vejo como ponto positivo para um atendimento primário a fim de oferecer um suporte inicial, enquanto não é possível levar o animal até ao consultório”.

Sobre a regulamentação da prática resultar em maior concorrência desleal dentro da profissão, a veterinária acredito que não: “Já existem médicos-veterinários agindo de forma ilegal  e não ética. A conduta de cada profissional não tem relação com a nova ferramenta à disposição da nossa classe. Bons veterinários seguirão todas as novas diretrizes e vão oferecer uma extensão de seu ótimo serviço médico por meio da plataforma digital”, argumenta e adiciona que as modalidades serão uma ótima forma de aproximar o tutor e o paciente de profissionais qualificados onde não era possível o presencial. 

Robson também acredita que a prática não impacta na concorrência injusta. “Já temos diversas clínicas populares e gratuitas (vinculadas a prefeituras e associações), porém, acredito que teremos um prejuízo na qualidade do atendimento ao animal”, opina.

O estudante de Medicina Veterinária crê que, em primeiro momento, por comodismo, os tutores vão preferir um atendimento on-line. “Mas aqueles que possuírem uma visão de que a consulta é muito além do que ele consegue passar ao veterinário pelo telefone ou virtualmente  e que, em muitos casos, o quadro clínico do pet poderá se agravar, acredito que optem pelo atendimento presencial”, finaliza.

Clique aqui para conferir a opinião sobre o tema de outros médicos-veterinários.

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