Você deve já ter ouvido falar em adestramento de cães com o uso de buzinas e apitos. Mas a prática não é indicada para cães que fazem companhia aos humanos, pois causa um grande estresse nesses animais e pode acarretar outros problemas de saúde. Mas quando seria indicado e como seria prejudicial à saúde?
O uso de buzinas e apitos como ferramentas de adestramento de cães depende da finalidade deste treinamento, segundo a médica-veterinária e Profa e coordenadora do curso de Medicina Veterinária, do Centro Universitário de João Pessoa (Unipê), Meire Silva. No entanto, Meire defende que o uso de apitos e buzinas não é indicado para cães domésticos.
“Geralmente, o tutor de um cão utiliza o apito como forma de adestramento com o intuito de toda vez que o animal começar a latir o tutor sopra o apito, que emite um som em uma determinada frequência sonora só perceptível aos ouvidos sensíveis do cão, mesmo em grandes distâncias. Esse treinamento é de uso comum para animais em casos de missão policial sigilosa”, explica Meire. Aqui, o apito serve para comandar o animal, ajudando-o na hora de se manter em meio a uma missão de alto risco.
Mas por que não é indicado para cães domésticos?
A resposta está no passado evolutivo dos canídeos, cujo ancestral é o lobo. A buzina deixa o animal em alerta. Então basta pensar: se os membros da matilha de lobos se espalham por algum motivo, seus companheiros começam a uivar para facilitar o encontro deles, que respondem, também, com uivos. Isso é da fisiologia animal. Ao uivar, cães se comunicam com outros cachorros e conseguem saber onde estão – até em grandes distâncias.
“A partir dessa informação, fica mais fácil entender que cachorros não sabem muito bem diferenciar uivos/latidos de outros barulhos como o de buzinas e sirenes. Esses barulhos são interpretados como sendo de outros cachorros ou são indicativos de que algo de errado está acontecendo no ambiente e de que eles precisam mostrar que estão sabendo disso, então começam a latir”, explica a docente.
Como profissional, Meire não indica esse tipo de adestramento para cães de companhia. “É desnecessário levar eles a tamanho estresse, diferente de cães policiais que são criados e treinados para isso”, pontua e ainda frisa: a exposição contínua ou repentina a barulhos muito altos pode ajudar na perda gradativa da audição nos cães, apesar da surdez ser mais comum por complicação de doenças, como otites não tratadas.
Nesse sentido, Meire aconselha tomar os cuidados para não deixar as orelhas do pet molhadas e procurar analisá-las de tempos em tempos junto a um profissional. “Caso o seu pet apresente algum sintoma, como odor anormal na região, grande estresse a partir de barulhos ou chacoalhar a cabeça constantemente, procure imediatamente um médico-veterinário”, finaliza.
Fonte: AI, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.
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