Pessoas autodeclaradas pretas, pardas e indígenas (PPI), pessoas com deficiência (PcD) e candidatos de baixa renda (até 1,5 salário mínimo de renda mensal familiar por pessoa) estão amparadas pela Lei de Cotas, sancionada em 2012. Universidades, entre outras instituições, devem reservar 50% das vagas disponíveis para esse grupo de indivíduos.
Neste ano que marca a primeira década de vigor da lei 12.711/2012 e no mês da consciência negra, trazemos, aqui, como este decreto mudou a vida de muitas pessoas que decidiram estudar e se formar em Medicina Veterinária em um País que, infelizmente, esbanja desigualdade social.
A médica-veterinária e perita em Medicina Veterinária, Adriana Ribeiro de Araujo, nos conta que, desde quando tinha cinco anos de idade, surgiu o desejo de cuidar dos animais, ao assistir um documentário a respeito de elefantes órfãos no Continente Africano, no Globo Repórter. No entanto, ingressar no ensino superior sempre lhe causou medo, pois, além de estar morando em outra cidade, longe da família, tudo era muito novo e desconhecido. “Conviver com pessoas que tiveram uma criação, valores e educação diferentes das que eu tive e aprender a lidar com vivências tão discrepantes das minhas foi um aprendizado contínuo”, relembra.
Ela também se recorda de um dia em que retornava para a cidade em que fazia a graduação e que sua mãe lhe disse “Medicina Veterinária é curso para gente rica e não para você”. “De fato, mesmo estudando em uma universidade pública, tive gastos em tirar cópia do material, já que ainda não era comum disponibilizar tudo em PDF naquela época; nem todo professor disponibilizava sua apresentação de powerpoint; eu tinha que custear o aluguel em uma república e alimentação, já que, na época, ainda não havia bandejão. Por muitas vezes, quando conseguia visitar a família, era de carona. Como conseguia puxar assunto com muitas pessoas na universidade fiquei sabendo dessa alternativa. Quando a Universidade precisava despachar documentos ou, até mesmo, pegar ou levar professores convidados para algum evento da instituição, tendo vaga no carro, o departamento de transporte autorizava ir junto. Para complementar, minha renda, pois a bolsa auxílio mal pagava meu aluguel, fiz alguns freelas no período noturno e finais de semana tais como”, compartilha.
Já a médica-veterinária mestranda no Programa de Pós Graduação em Animais Selvagens, na Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus Botucatu, Stephany Rocha Ribeiro, narra que sabia que, quando decidiu cursar Medicina Veterinária, sua mãe não tinha condições financeiras de pagar uma faculdade para ela. “Então, eu teria que me esforçar ao máximo para tentar ingressar em uma Universidade pública. Passei em algumas federais, porém minha mãe não tinha como me manter em outra cidade/Estado. Foi aí que fiz mais um ano de cursinho na tentativa de passar na Universidade pública da minha cidade ou conseguir uma bolsa em uma Universidade particular. Meu ano como vestibulanda foi cheio de medos e incertezas, pois minha única possibilidade de ingressar em uma faculdade era por meio de bolsa e/ou cota”, discorre.
Ela conta que é uma das poucas pessoas da família que ingressou no Ensino Superior. “Não ver meus semelhantes nos corredores da faculdade em posição de docente, reitor, residente, médico-veterinário, etc., só reforçava a errônea ideia de que se não for em posição de subserviência a ‘Universidade não é lugar de preto’”, diz.
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(Foto: C&G VF)
Fonte: Redação Cães&Gatos VET FOOD.
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