Gabriela Couto, da redação
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O mês de dezembro é marcado por confraternizações, festas, presentear e ser presenteado, e existe uma prática muito comum, que se fortalece nessa época, que é a de dar um animal de estimação como presente, principalmente para as crianças. Mas, qual a problemática disso? E o que deve ser feito para que o pet não seja ‘descartado’ como um brinquedo em poucos dias?
A médica-veterinária e coordenadora do curso de Medicina Veterinária, do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (Ceunsp), Leslie Maria Domingues, conta que a ação deve ser programada, observando toda a responsabilidade que vem com um animal na família. “É muito gratificante ter um filhotinho em casa, alegra o ambiente, traz amor, dedicação e ainda auxilia nos aspectos emocionais das crianças e, muitas vezes, da família toda”, explica.
De acordo com Leslie, a casa deve ser preparada para receber o pet, com tudo que ele precisar, priorizando o espaço que será destinado a ele. “O filhote deve ter rotina na família, portanto, é muito importante que ele tenha seu espaço desde o primeiro dia, que deve ser apropriado para o crescimento saudável do mesmo, com alimentação adequada e água sempre disponível”, fala, complementando que “estabelecer uma rotina desde o início do filhote em casa faz com que todos se adaptem ao processo de integração do animal, que se sentirá mais seguro no ambiente”.
A veterinária destaca a importância dos pais conversarem com os filhos antes da chegada do animal, para explicarem sobre todos os aspectos relacionados a ter um pet em casa, como por exemplo, qual tipo de animal se adapta à rotina da família e ao espaço que terão disponível para ele. “Todo o processo de aquisição deve ser ‘simulado’, pensando onde vai ficar, quem vai alimentar, quem vai limpar, o que fazer quando viajar, pois, situações como essas, se não organizadas, trazem estresse para a família e o pet pode ser deixado de lado em um futuro bem próximo. Essa conversa deve incluir quanto tempo esse animal ficará na família, ou seja, o tempo de vida dele, pois os pets não podem ser descartáveis, e a fase ‘filhotinho fofinho’ passa, mas o animal continuará na família, exigindo os mesmos cuidados”.
Outra conversa importante, destacada pela profissional, é a para explicar que os animais não são brinquedos, então, os pais devem mostrar para a criança que o pet sente dor, fica triste, sente fome, sede, se sente sozinho, precisa dormir, brincar e ser respeitado. Leslie fala que a abordagem vai depender muito da idade da criança, para se ter uma conversa mais direta ou mais lúdica.
Outro hábito comum nas festas de final de ano, é presentear amigos e familiares com um pet, seja durante o amigo secreto ou não, mas, isso também exige alguns cuidados.
Segundo a médica-veterinária, é importante saber se o presenteado, realmente, quer um pet, se ele gosta ou não de animais, para que a ação não termine em abandono. “Essa surpresa pode ser maravilhosa se o presenteado quiser um pet, mas, se quem gosta de animal é quem está presenteando, pode ser um problema, levando a abandono ou até maus-tratos, portanto, quando a ideia for presentear alguém com um animal deve-se pesquisar a impressão que a pessoa tem de ter um em casa e sobre todos os aspectos que estão envolvidos no processo”.
É importante, também, que o fator surpresa seja acompanhado da responsabilidade, em caso da recusa do presenteado ou caso não haja adaptação entre o tutor e o animal, quem presenteou se torna responsável pelo pet. Por isso, é importante pensar bem antes.
Se o amigo ou o membro da família realmente quiser um pet, é necessário tomar alguns cuidados antes de presenteá-lo, como saber a espécie ou raça desejada e sobre o estado geral do animal, levando até o médico-veterinário, para realização de exames e orientações gerais sobre os cuidados necessários. “Portanto, é imprescindível que se leve ao médico-veterinário para orientações sobre alimentação, vacinação, vermifugação, cuidados gerais com o pet, bem como necessidades específicas da raça e espécie escolhida”, explica a médica-veterinária.
Para Leslie, a maior problemática em ver os pets como presente, é que, às vezes, não se tem consciência de que ele será membro da família e não será algo temporário, sem importância. Ter um animal de companhia em casa exige muito cuidado, dedicação, tempo e dinheiro. “A maioria dos pets adquiridos dura muitos anos. Assim, só a conscientização sobre este aspecto e de todos os cuidados que devem ser despendidos com um animal em casa pode minimizar esse problema”, finaliza.