É quase raro encontrar um cachorro ou gato que não tenha tido, nem uma vez na vida, contato com pulgas e/ou carrapatos. Um dos motivos principais é o fato de que as pulgas e os carrapatos viverem no ambiente, como jardins e parques, tapetes, assoalhos, na cama dos pets, em frestas e buracos, o que dificulta seu controle e eliminação total. Outro motivo é o clima tropical do Brasil na maior parte do ano, que favorece a proliferação destes parasitos.
“As pulgas e os carrapatos interferem no bem-estar a na saúde dos pets, sendo agentes transmissores de bactérias e protozoários, que atingem principalmente as células sanguíneas dos pets, além de causar verminoses. Por isso, o combate e a prevenção às infestações de pulgas e carrapatos são muito importantes”, alerta a médica-veterinária gerente de Produtos da Linha Pets da Ceva Saúde Animal, Nathalia Fleming.
Dermatite Alérgica à Picada de Ectoparasitas (DAPE): A doença mais conhecida causada por estes ectoparasitas é a DAPE (Dermatite Alérgica à Picada de Ectoparasitas), uma reação alérgica de hipersensibilidade às proteínas presentes da saliva das pulgas e dos carrapatos, que alguns pets podem desenvolver depois de serem picados.
“O primeiro sintoma da DAPE é a coceira intensa, principalmente na região de costas e base da cauda. O animal pode apresentar lesões avermelhadas e escoriações, e quando a DAPE se torna crônica é comum observar perda de pelos na região, formação de crostas, e pele e pelos com aspecto rugoso. Por ser uma reação alérgica de hipersensibilidade, não existe uma cura pra DAPE, apenas controle dos seus sintomas e ação estratégica de combate aos ectoparasitas”, explica.
Dipilidiose (o verme da pulga): Muitas vezes, ao coçar a região do flanco e as patas, os pets podem acabar engolindo uma pulga ou outra. As pulgas e alguns piolhos atuam como hospedeiros intermediários das formas larvais do Dipylidium caninum, e quando são acidentalmente ingeridas, estas larvas infestam o intestino delgado de cães e gatos.
Os sintomas clínicos da dipilidiose são irritação das mucosas intestinais, o que causa diarreia intermitente e com presença de muco, alteração no apetite e perda de peso. Na maioria das vezes, porém, as infestações são quase assintomáticas, sendo o único sinal perceptível o prurido anal, ocasionado pela migração das proglotes do verme.
Micoplasmose felina: A micoplasmose felina é causada pela bactéria Mycoplasma haemofelis, que é transmitida ao gato através da picada da pulga infectada, e ataca as células vermelhas do sangue (hemácias), provocando quadros de anemia. Os demais sintomas variam de animal para animal e são pouco específicos, como apatia, fraqueza, febre e falta de apetite.
“O tratamento para a microplasmose visa fortalecer o sistema imunológico do animal, para que ele consiga eliminar a bactéria, que permanece no organismo do pet por tempo indeterminado. Em muitos casos, quando existe queda de imunidade, o animal volta a apresentar todos os sintomas e a infecção volta a acontecer, tendo que passar pelo tratamento novamente”, elucida a médica-veterinária.
Hepatozoonose: Esta doença é causada pelos protozoários Hepatozoon canis e Hepatozoon americanum, que se instalam nas células de defesa do organismo, fígado e rins. O Hepatozoon é transmitido aos animais por meio da picada do carrapato marrom dos cães (Rhipicephalus sanguineus), e raramente acomete os gatos.
Os animais infectados pelo protozoário podem apresentar sintomas leves e quase imperceptíveis, e muitas vezes o diagnóstico acontece “por acaso” em exames de sangue de rotina, mas o tratamento precisa ser feito assim que o protozoário é detectado. Quando o número de protozoários é elevado, os animais apresentam anorexia, mucosas pálidas, febre, vômitos, diarreia, fraqueza, depressão e aumento dos linfonodos, podendo evoluir para óbito.
Babesiose: Essa é outra doença causada pela picada do carrapato marrom dos cães, que transmite hematozoários do gênero Babesia sp., que pode acometer cães e gatos (mais raro). O parasito invade as hemácias, onde se multiplica e a rompe, causando hemólise intravascular e buscando novas células para se multiplicar.
“A babesiose é uma doença bem séria, que começa quase sem sinais e ao evoluir pode ocasionar anemias severas nos animais, em alguns casos sendo necessário até mesmo transfusão sanguínea. Por promover a destruição das hemácias, atrapalha a distribuição de oxigênio pelo organismo, gerando cansaço e apatia. As mucosas (gengiva, olhos e genitais) podem apresentar coloração amarelada ou pálida, que caracterizam anemia”, detalha. “Quando não é tratado de forma correta, ou o tratamento demora a acontecer, os animais podem ter problemas no baço, rins e fígado”.
Erliquiose: Essa talvez seja a doença mais temida ligada ao carrapato dos cães, e é muito comum na clínica de pequenos animais. A bactéria, Ehrlichia canis, é transmitida pela picada do carrapato e, diferente da Babesia sp., as células sanguíneas de defesa (glóbulos brancos) e as plaquetas (responsáveis pela coagulação sanguínea) são as mais afetadas.
“Os animais com Erliquiose normalmente apresentam sangramento no nariz, que é o que ajuda a diferenciar a doença de outras, mas o diagnóstico específico precisa ser feito com rapidez para que o caso tenha maiores chances de cura completa, já que a eliminação total da bactéria pode ser bem difícil, especialmente nos casos crônicos. É preciso ter bastante disciplina no tratamento e manter um acompanhamento veterinário constante”, alerta Nathalia.
Pulgas e carrapatos podem até ser pequenos aos olhos e passar despercebidos por um tempo, mas têm a capacidade de provocar “problemões” aos cães e gatos, além de muita coceira e desconforto.
“O combate a estes ectoparasitas pode ser desafiador, considerando que parte do ciclo de vida deles acontece no ambiente e não no animal, mas manter os pets livres desses parasitas é primordial para uma vida mais saudável e longeva. Existem, hoje, no mercado, inúmeras soluções capazes de conferir proteção aos pets contra pulgas e carrapatos, e os mais avançados, como o Vectra 3D, também oferecem proteção repelente contra os mosquitos, que podem transmitir outras doenças. Na saúde dos pets, prevenção é sempre o melhor remédio!”, finaliza.
Fonte: AI, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.
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