Cláudia Guimarães, da redação
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As brincadeiras e momentos felizes ao lado do pet podem ser abalados com o diagnóstico de uma doença sem cura nos cães e gatos. Essa notícia pode desestabilizar os tutores, mas é preciso manter a calma e seguir todas as orientações do médico-veterinário responsável pelo animal.
A médica-veterinária coordenadora do pronto socorro do Hospital Veros, Bruna Ferreira Pinto, cita algumas enfermidades que são incuráveis nos animais de companhia, mas, já adianta: não se tratam de um atestado de óbito ao pet. “A doença renal crônica (DRC) é uma delas, que é quando há alteração na função dos rins. A causa é multifatorial (predisposição racial, hereditária, sequela de doença renal aguda, dentre outras), os sintomas variam de beber muita água, urinar bastante, até vômito, diarreia e perda de peso”, descreve.
Outra doença citada pela profissional é a osteoartrose, que ocorre quando há degeneração das articulações e ossos. “Acomete, geralmente, animais idosos e os sintomas são: dor local, relutância a exercícios, dificuldade em abaixar, levantar e até andar”, explica e menciona outra enfermidade importante: a leishmaniose. “É uma doença transmitida pelo mosquito palha, que causa diversas alterações no organismo, desde lesões em pele até alterações na função dos rins, produção do sangue, dentre outras alterações. Os sintomas variam muito, dependendo da manifestação clínica da doença”, diz.
Tratamento é essencial!
Apesar dessas enfermidades não terem cura, existem tratamentos que devem ser ministrados ao longo da vida do pet a fim de garantir bem-estar ao mesmo. “No caso da DRC, segundo Bruna, há tratamento que muda, dependendo do estágio da doença, por isso, o animal precisa de acompanhamento periódico, com nefrologista”, salienta.
Já para a osteoartrose, a veterinária declara que há tratamento e medicações de uso contínuo que visam, principalmente, aliviar a dor e facilitar a mobilidade do paciente que precisa de acompanhamento periódico do clínico médico geral, ortopedista ou geriatra. “No caso da leishmaniose, existe tratamento que muda dependendo das alterações que o paciente apresenta, o médico clínico geral acompanha e indica para cada paciente a especialidade indicada para o acompanhamento necessário, que muda de acordo com a manifestação que cada paciente apresenta”, informa.
Como dito anteriormente, uma doença, mesmo que sem cura, não significa – em muitos casos – que o animal tenha pouco tempo de vida após o diagnóstico. “O veterinário precisa explicar ao tutor o curso da doença, avaliando a qualidade de vida do paciente, os riscos e acompanhando periodicamente este animal por meio de exames clínicos e laboratoriais”, aconselha.
Hora de acabar com o sofrimento
Mas, em algumas situações, a eutanásia, infelizmente, é indicada pelos profissionais: “Sempre que o avanço da condição clínica do paciente já não pode mais ser controlada com ajuda de medicações e há perda na qualidade de vida do paciente, esse procedimento é o recomendado”, destaca e, quando questionada sobre como dar essa notícia ao tutor, Bruna responde: “Explicando o estágio da doença e a gravidade das alterações, conversando sobre a qualidade de vida do paciente e indicando tudo que a Medicina Veterinária pode oferecer para manter o paciente confortável no estágio final da doença”, adiciona.
Mas como ocorre o processo da eutanásia em um pet? Bruna elucida que, primeiro, o tutor e o paciente são colocados confortáveis em um ambiente acolhedor e reservado e o responsável pelo pet pode permanecer com o paciente, inclusive no colo se preferir, durante todo o processo. “É acessada uma veia periférica para que todas as medicações sejam realizadas diretamente na veia. Em um primeiro momento, é realizada analgesia e sedação do paciente, que fica relaxado, então, é realizada anestesia, onde o paciente dorme. Depois, é feito o aprofundamento desta anestesia, de modo que o paciente entre em coma e, em seguida, é aplicada medicação que paralisa as células do coração. Todo o processo é indolor”, detalha.
Bruna reforça que é muito importante que o tutor e o paciente com doença incurável tenham acompanhamento próximo de um médico-veterinário de confiança. “Isso garante que todo o processo de estágio final de uma doença incurável e posterior, eutanásia – quando necessária -, seja da forma mais acolhedora possível para a família e para o paciente”, defende.