Uma das primeiras perguntas que surgem da parte do tutor após um diagnóstico de tumor é: “O que devo mudar na alimentação do meu animal?”. O médico-veterinário Joaquim Henriques tem testemunhado este comportamento em sua prática clínica. O profissional fala sobre o papel da alimentação em casos de cancro e da importância da condição corporal do animal para ultrapassar a doença.
Neste quadro, a principal prioridade é que o animal ingira alimentos de boa qualidade e que estes sejam palatáveis. Joaquim Henriques denota a importância de recorrer a colegas nutricionistas veterinários especializados nesta área, algo que já faz com alguma frequência, colocando estes profissionais em contato com os tutores.
No manejo nutricional do paciente oncológico, é necessário levar em conta a sua condição clínica. “Um animal que tenha um tumor oral terá mais dificuldade em comer um alimento seco. Por outro lado, em casos de pancreatite, não deverá comer alimentos mais ricos em gordura, porque irá agravar a sua condição de base”, alerta.
A nutrição, nesta condição, é um processo complexo, segundo o profissional, vai mudando ao longo das fases da doença e deve levar em conta vários fatores. Joaquim Henriques faz referências às terapêuticas anti tumorais que podem − ou não − provocar alterações do estado geral do animal. “Imaginemos, por exemplo, uma situação de tumor na boca, na qual queremos fazer uma axilectomia − remoção de uma parte boca −, dependendo da carga cirúrgica, o animal pode precisar ser alimentado por meio de sonda e, nesse caso, a consistência e a composição do alimento terá de ser diferente. Por outro lado, se tivermos um animal que faz quimioterapia, provavelmente, teremos que adaptar a nutrição a esse quadro também”, explica.
A condição corporal de um doente oncológico assume-se, desta forma, muito importante para o seu prognóstico, para que o animal possa passar pela doença de uma forma muito mais suave, como dito pelo veterinário.
Controlar a falta de apetite é, também, um grande desafio ligado à condição oncológica. A anorexia/hiporexia podem, assim, tornar-se processos complexos de gerir. “Nesta condição, existe um mecanismo de base, fisiopatológico, na atuação do centro do vômito, assim como citocinas inflamatórias que vão afetar o fígado e o rim”, discorre.
Há, portanto, um estado pró-inflamatório do animal e quebrar este ciclo pode tornar-se difícil. O médico-veterinário fala em alternativas que passam por estimulantes do apetite e a mudança para uma alimentação mais palatável e rica em nutrientes. “Mais importante que a quantidade é a qualidade e, obviamente, o alimento tem de ser completo. Nesta fase, há tendência para privilegiar as dietas caseiras, que podem ser palatáveis, mas pobres”, denota.
Quanto aos componentes contemplados na alimentação do animal de companhia, Joaquim Henriques enumera aquilo que não pode faltar. “Devem ter uma boa fonte proteica, carboidratos que não sejam de fácil absorção, boa quantidade de gordura, vitaminas, oligoelementos e, sobretudo, que seja bastante calórico. É fundamental que a fonte de proteína e de gordura possa permitir ao animal obter energia mais facilmente”, declara e afirma que, atualmente, só se consegue, por meio de alimento comercial.
Fonte: Veterinária Atual, adaptado pela equipe Cães e Gatos VET FOOD.
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