Em um mundo muito perfeito, todos os cães e gatos seriam castrados, tanto para evitar doenças que podem surgir ao longo de suas vidas, quanto para controle da população pet. Isso porque, cerca de 30 milhões de animais estão abandonados nas ruas no Brasil, segundo os últimos dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). No entanto, há muitas reproduções por aí e, acima de tudo, há os casos mais graves: o cruzamento entre animais de raças diferentes.
A médica-veterinária e docente do curso de Medicina Veterinária, do Centro Universitário de Jaguariúna (UniFAJ), Aline Ambrogi, comenta que esses tipos de acasalamento oferecem riscos para a fêmea gestante. “O principal deles é o tamanho do filhote e isso depende do tamanho do pai. Filhotes muito grandes podem levar ao parto distócico, ou seja, podem acontecer complicações na hora do parto. Outra situação importante são as doenças genéticas e hereditárias que podem aparecer devido a cruza entre raças e espécies diferentes”, salienta. Sobre isso, ela ainda informa que os fetos também podem apresentar malformações e os animais híbridos podem nascer com dificuldades para se reproduzir.
Consequências comuns
A veterinária comenta que, pelo fato de uma fêmea pequena que cruza com um macho grande poder ter problemas durante o parto, a cesárea é a melhor opção para o parto. “Além disso, a gestação pode ter complicações por conta do tamanho do filhote, levando a fêmea à exaustão. Outra situação que pode acontecer são alterações anatômicas importantes nos filhotes que podem nascer fora do padrão esperado”, reitera.
Quando o cruzamento é entre espécies diferentes, as complicações são maiores, resultando, segundo Aline, em filhotes inviáveis, levando, até mesmo, ao aborto ou nascimento de natimortos. “Em raças diferentes o que mais acontece são as características anatômicas que saem do padrão esperado e a predisposição de doenças genéticas e hereditárias, principalmente ortopédicas e cardíacas, dependendo das raças escolhidas”, adiciona.
Nestes casos, o acompanhamento do parto deve ser rigoroso, com exames de ultrassonografia para avaliar o tamanho dos fetos e a viabilidade deles. “O final da gestação é o momento de maior cuidado tanto para a fêmea quanto para os filhotes. A cesárea agendada pode ser considerada em alguns casos”, aconselha.
Exemplos de mau cruzamento e a lição que fica!
A médica-veterinária revela que o gato Savannah é o cruzamento do gato doméstico e do serval africano. “Quanto mais perto do seu ancestral selvagem, mais bravo é esse filhote. Conforme vão acontecendo as cruzas, os filhotes ficam mais distantes do ser ancestral selvagem e demonstram características mais parecidas com as do gato doméstico”, compartilha.
A cruza entre cães e lobos também pode acontecer, de acordo com Aline, são os chamados “cães lobos”. “A questão do comportamento dos filhotes é a mesma, sendo mais agressivos que os cães domésticos. Por esse motivo, alguns países proíbem o cruzamento híbrido”, pontua.
Para a profissional, a maior questão que fica em relação a esse tema é fazer as cruzas com responsabilidade e ética. “Devemos sempre pensar na saúde e bem-estar dos animais envolvidos. O cruzamento entre raças como pitbull e rottweiler seria para acentuar o comportamento agressivo dos filhotes, isso não seria uma questão ética. Já o cruzamento entre espécies pode levar ao nascimento de animais com doenças genéticas importantes e animais estéreis. Tudo isso deve ser levado em consideração”, conclui.
FAQ
Quais são os riscos de cruzar cães e gatos de raças diferentes?
O principal risco é o tamanho dos filhotes, especialmente quando o macho é maior que a fêmea, o que pode causar complicações no parto, como parto distócico.
O que acontece quando há cruzamento entre espécies diferentes?
Cruzamentos entre espécies diferentes, como cães e lobos ou gatos domésticos e servais africanos, podem resultar em filhotes com comportamentos imprevisíveis e agressivos, além de possíveis malformações e infertilidade.
Como evitar complicações durante o parto em cruzamentos acidentais?
É fundamental realizar exames de ultrassonografia para monitorar o tamanho e a saúde dos filhotes. Em muitos casos, a cesárea agendada pode ser necessária para garantir a segurança da fêmea e dos filhotes.
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