Cerca de 15 veterinários foram treinados para a utilização da técnica
A equipe da Pesquisa da Pele de Tilápia, que foi a Cuiabá-MT, apresentar a técnica de utilização do produto em queimaduras e treinar profissionais locais para a sua aplicação no tratamento de animais resgatados dos incêndios no Pantanal Matogrossense, já retornou à Fortaleza.
Durante uma semana, o grupo, formado pelo biólogo Felipe Rocha, a médica-veterinária Beatriz Odebrecht e o enfermeiro Silva Júnior, atuou no tratamento dos animais internados no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Mato Grosso (HOVET-UFMT), no Centro de Medicina e Pesquisa em Animais Selvagens (CEMPAS-UFMT), e na base de resgate do Posto de Atendimento Emergencial a Animais Silvestres (PAEAS), situada na Rodovia Transpantaneira, na cidade de Poconé.
No período de 6 a 11 de outubro, os profissionais cearenses demonstraram a aplicação do curativo biológico com pele de tilápia em um filhote de Veado Catingueiro; três antas, sendo duas adultas e uma filhote; um Tamanduá Bandeira; uma serpente Sucuri; duas Queixadas e um Quati. Cada um apresentando, pelo menos, duas lesões graves, em sua maioria queimaduras de segundo grau, sendo algumas com exposição óssea, classificada como queimadura de terceiro grau.
Além da aplicação da pele de tilápia, a equipe treinou cerca de 15 veterinários para a utilização da técnica. Todos já cientes do alcance da pesquisa no tratamento de animais, mas sem experiência ou conhecimento detalhado em relação à prática. De acordo com o biólogo Felipe Rocha, que coordenou o trabalho no Pantanal, “o grande desafio” foram os animais de hábitos aquáticos, já que os profissionais não tinham experiência com essa realidade. “A equipe precisou criar alternativas de ancoragem do curativo, para evitar que ele caísse com a exposição à água. Para isso, lançamos mão de duas técnicas já utilizadas com frequência nas clínicas médica e veterinária: o adesivo instantâneo (cola adesiva) e a sutura contínua, sendo esta última não aplicável aos animais de pele muito espessa, devido à impossibilidade de penetração de agulhas”, explica.
A veterinária Beatriz Odebrecht adiciona: “A cola e a sutura foram utilizadas em situações em que não foi possível fazer um curativo secundário impermeável, para segurar a pele de tilápia, até que ela estivesse completamente aderida ao leito da ferida”.
A equipe levou para o Pantanal um estoque de 130 peles de tilápia liofilizada, que é uma pele desidratada, irradiada e embalada a vácuo. Essa quantidade, segundo a veterinária, é suficiente não apenas para refazer eventuais curativos, como, também, para aplicação em outros animais, pela equipe local, agora devidamente capacitada para dar continuidade ao trabalho.
Para os próximos dias, está prevista a realização de uma reunião virtual desses profissionais com os cearenses, para uma apresentação geral do trabalho realizado no Pantanal à equipe da Pesquisa, em Fortaleza, que avalia como “extremamente importante” essa missão. “Trata-se do uso do curativo biológico em outras espécies, principalmente as selvagens, que são de difícil manejo”, observa o coordenador da Pesquisa, Edmar Maciel.
Beatriz Odebrecht destaca que uma das inúmeras vantagens do curativo da pele de tilápia é que ele pode ficar de 10 a 15 dias, sem troca, até que o colágeno seja totalmente absorvido. “Desta forma, o animal não é anestesiado, nem passa por procedimentos dolorosos, como a limpeza da ferida com frequência. A missão Pantanal foi de grande crescimento profissional e pessoal para cada membro da equipe”, conclui.
Fonte: AI, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.