O projeto social “Animais das Aldeias” surgiu após a fotógrafa Larissa Reis, de 30 anos, visitar comunidades indígenas da Baixada Santista, por meio de um programa que auxilia crianças destes grupos. Durante as visitas, as necessidades dos animais que também viviam ali despertaram sua atenção e a fizeram buscar por ajuda.
No começo, Larissa ajudava os animais sozinha e cobria todos os gastos comprando, no mínimo, quatro sacos de 25kg de ração por mês. “Foi complicado de início, mas eu precisava ajudar aqueles animais. Então percebi que, para uma ação efetiva, eu tinha que criar algo maior”, relata.
Atualmente, o projeto atende 230 animais de três aldeias: Rio Branco, em Itanhaém; Paranapuã, em São Vicente; e Rio Silveira, em Bertioga. “Como para os índios a situação já é complicada e faltam recursos para a própria população, eles priorizam seus alimentos. Os animais, então, se alimentam com restos de comida ou se viram caçando”, explica a fotógrafa.
O objetivo, segundo ela, não é tirá-los dos indígenas, mas, sim, tratá-los e proporcionar qualidade de vida. “Alguns nós doamos com o consentimento dos indígenas, de forma consciente, pela falta de recursos das aldeias para cuidar de todos”, afirma.
Os medicamentos que o grupo mais utiliza e precisa são para vermifugação, sarna e quimioterápicos. Além disso, os produtos de higiene para uso nos animais, segundo Larissa, também são muito importantes. A maior dificuldade é combater o tumor venéreo transmissível que atinge os cães e os gatos, que, segundo Larissa, é um câncer agressivo e degenerativo.
Para tratar a doença, o projeto, agora, visita as aldeias uma vez por semana e realiza quimioterapia nesses animais. “Em todas as aldeias os cães tem problemas dermatológicos. Quando há a necessidade de atendimento para animais silvestres, nós também ajudamos. Tirando os casos de tratamento quimioterápicos, visitamos as aldeias entre 21 e 28 dias”, diz.
Muitos animais são levados pelas pessoas da cidade eabandonados nas aldeias, outros são resgatados dasruas pelos indígenas (Foto: reprodução)
Desafios. A questão do transporte é uma das barreiras, já que os voluntários precisam acessar as aldeias que geralmente ficam em regiões mais afastadas. Essa parte do trabalho é toda custeada com recursos próprios do grupo. A ajuda entre os voluntários é importante, mas Larissa destaca que ainda não é suficiente. “Seria importante se tivéssemos pessoas que ajudassem mensalmente com doações, principalmente rações”, pontua.
Continuidade. O grupo objetiva expandir a iniciativa para todas as aldeias do litoral. O projeto também realiza trabalho de conscientização com os índios sobre a importância do tratamento e cuidado com todos os animais.
Em Itanhaém e São Vicente, entre maio e dezembro de 2018, todas as cachorras e gatas foram tratadas e castradas. Também já foi realizada a vermifugação e vacinação de todos os animais das aldeias destas cidades e, de acordo com a fotográfa, o próximo passo é, também, concluir a ação em Bertioga.
“Todos nós fazemos isso por amor. Mudamos as vidas desses animais e proporcionamos para eles qualidade de vida. Podemos, algumas vezes, não conseguir salvar todos, mas aqueles que salvamos já faz a diferença. Não tem nada que pague isso”, comenta.
Larissa também relata que conta com o apoio especial de outras salvadoras e salvadores e que nada seria possível sem os veterinários que a acompanham nessa jornada de forma totalmente voluntária. “Os profissionais tem um coração imenso e fazem um trabalho maravilhoso”, completa.
Fonte: G1, adaptado pela equipe Cães&Gatos.