Profissionais defendem a dosagem balanceada para cada paciente
A anestesia é uma das especialidades que mais evoluiu nos últimos anos, sendo cada vez mais valorizada pelos tutores e pelos médicos-veterinários. De acordo com o veterinário responsável pelos serviços de anestesia, emergências e cuidados intensivos, do Centro Hospitalar Veterinário (CHV, Portugal), Lénio Ribeiro, a especialidade tem particularidades interessantes que fazem dela uma disciplina extremamente completa e complexa.
Porém, ele alerta que a anestesia será sempre um meio e não um fim. “Por si só não tem um caráter curativo. “Por exemplo, um cão tem de extrair um dente e, para isso, é necessário ser anestesiado porque há riscos, mas não significa que venha a falecer neste procedimento”, declara.
A anestesia é, ainda, uma especialidade que abrange muitas áreas. “É necessário ter bons conhecimentos de medicina interna, pois temos que anestesiar animais com as mais variadas patologias”, afirma Ribeiro. Por outro lado, a anestesia é uma especialidade cada vez mais tecnológica e com equipamentos cada vez mais complexos para a monitorização dos animais. “Assim, prevê-se que, no futuro, será como o piloto automático nos aviões, em que o veterinário apenas terá como tarefas controlar e monitorizar o próprio sistema”, salienta.
Para se obter bons resultados o ‘segredo’, de acordo com a diretora-clínica do Hospital Veterinário EdenVet (Portugal), Alexandra Seixas, passa por uma avaliação minuciosa no período pré-operatório, permitindo estabilizar ou mesmo preparar adequadamente o paciente, minimizando o risco de complicações no período pós-operatório. Ela defende que os animais são seres vivos individuais e com características próprias e que se existem tantos fármacos no mercado com indicações e contraindicações diferentes cabe aos profissionais realizar, também, a anestesia balanceada adequada e ajustada a cada animal.
Profissional considera importante haver uma liderançadentro da sala de cirurgia (Foto: reprodução)
Principais riscos. Anestesia significa falta de sensação ou sensibilidade e tem por base um processo reversível de depressão do sistema nervoso central induzido por fármacos que levam a um estado de inconsciência e a uma resposta reduzida ou ausente a estímulos dolorosos, de acordo com Ribeiro. “Ao influenciarmos um conjunto de mecanismos neuro-hormonais não estamos livres de riscos em todo este processo”, alerta o profissional.
Sendo os riscos mais comuns, de acordo com o veterinário, a diminuição da pressão arterial, a ventilação insuficiente com diminuição da oxigenação sanguínea, a hipotermia, em especial em animais mais pequenos e cirurgias prolongadas, arritmias, anafilaxia e paragem cardiopulmonar.
Apesar de toda a monitorização utilizada, ainda existem muitos erros, como aponta Ribeiro, associados a procedimentos anestésicos. “É importante que as organizações veterinárias tenham atenção ao seguinte: todos os indivíduos não só erram, como erram frequentemente e de formas previsíveis e padronizadas. Qualquer sistema que não se ajuste a esta realidade pode exacerbar o erro. Os peritos do erro acreditam que é o processo, e não os indivíduos envolvidos no processo, que exigem uma análise e retificação mais profundas”, avalia.
Como evitar acidentes anestésicos. De acordo com Ribeiro, para se evitarem acidentes anestésicos é importante ter em atenção os alguns pontos. A avaliação pré-anestésica deve ser o mais minuciosa possível, incluindo exames médicos que forem necessários de forma a minimizar os riscos. A monitorização de todos os sinais vitais deve ser realizada pelo veterinário anestesista com o auxílio da tecnologia e por meio de uma multiplicidade de equipamentos. “Deve haver segurança dos sistemas por meio da utilização de códigos de cores, conexões próprias dos sistemas como, por exemplo, as do oxigénio são diferentes do ar comprimido, alarme de monitores e válvulas de segurança. Além dos fatores humanos: o fator individual é o que mais contribui para o sucesso ou insucesso dos procedimentos. É importante que se tenha discutido o plano cirúrgico e possíveis complicações, que os conflitos interpessoais não afetem o bom funcionamento do bloco operatório e que haja liderança dentro da sala de cirurgia”, orienta. Ribeiro também revela que todos os acidentes anestésicos devem ser registados.
Fonte: Veterinária Atual, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.