Buscar na cães e gatos

Pesquisar
Close this search box.
- PUBLICIDADE -
Pets e Curiosidades

CÃES E GATOS PODEM DOAR SANGUE E OFERECER MELHORA DE VIDA A OUTROS PETS

CÃES E GATOS PODEM DOAR SANGUE E OFERECER MELHORA DE VIDA A OUTROS PETS Cães devem ser dóceis, pois não são sedados, e gatos recebem anestesia
Por Equipe Cães&Gatos
gatosangue
Por Equipe Cães&Gatos

Cães devem ser dóceis, pois não são sedados, e gatos recebem anestesia

Cláudia Guimarães, da redação

claudia@ciasullieditores.com.br

Algumas miligramas de sangue podem suprir as necessidades de outras vidas e, muitas vezes, tutores de animais de companhia não se dão conta da essencialidade deste ato. Hoje, dia 14 de junho, é comemorado o Dia Mundial do Doador de Sangue e a C&G VF adentra a questão no universo dos pets. Eles também podem ser doadores sem sofrer nenhum prejuízo.

A médica-veterinária e professora Adjunto III, do Departamento de Patologia Clínica Veterinária, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs, Porto Alegre/RS), e coordenadora do Projeto Banco de Sangue Veterinário da instituição, Stella de Faria Valle, explica que tanto os cães quanto os gatos podem ser doadores de sangue para melhorar o quadro de pacientes que estejam apresentando transtornos hematológicos, tais como deficiência de eritrócitos, plaquetas e componentes do plasma. 

doacaocao

Uma das exigências para cães serem doadores,é terem o peso mínimo de 27kg (Foto: reprodução)

Animais saudáveis, com peso mínimo de 27kg para cães e 4kg para gatos, idade entre 1 e 8 anos, temperamento calmo, sem doenças infecciosas, vacinado e desparasitado, que não fazem uso de medicação, podem doar sangue, como menciona a médica-veterinária e fundadora da plataforma e serviços pet Pet Anjo, Carolina Rocha. “No caso das fêmeas, não podem estar prenhas ou no cio”, adiciona. Stella ainda aponta que os pets doadores não podem ter acesso livre à rua. “Os cães devem ser dóceis, pois não são anestesiados para a coleta da bolsa de sangue. Já os gatos são anestesiados para o procedimento”, insere.

A professora declara que, antes da coleta de sangue e periodicamente, os doadores devem ser submetidos a exames de hemograma com contagem de plaquetas, bioquímica sérica (verificação da função renal e hepática) e testes para doenças infectocontagiosas. “No caso dos cães, devem ser testados para verificação de infecção por: Babesia spp., Ehrlichia canis, Anaplasma spp., Mycoplasma spp., Leishmania spp. e Brucella canis, no caso daqueles que são de canis em que há o histórico dessa doença. Em relação aos gatos, devem ser testados para o Vírus da Leucemia Felina (FeLV), Vírus da Imunodeficiência Felina (FIV), Mycoplasma spp. e outros agentes endêmicos presentes na região em que o animal vive”, descreve.

Após esses procedimentos de anamnese, exames clínicos e laboratoriais, os doadores são contidos em uma mesa de exame, como discorre Stella. “A coleta ocorre na veia jugular e, no caso dos cães, a bolsa utilizada é a mesma que dos bancos de sangue humano, com capacidade para 450 mL de sangue total”, narra.

Quando questionada sobre efeitos colaterais, Stella conta que, no doador, pode haver hipotensão, em função da remoção do volume de sangue. “Por esse motivo, é recomendado que fique 24 horas livre de exercícios físicos. No caso do receptor, reações adversas ao sangue recebido devem ser prevenidas por meio dos testes de compatibilidade e tipagem sanguínea que devem, obrigatoriamente, serem realizadas previamente à transfusão”, afirma.

Tipos e armazenamento. A profissional Carolina cita que existem 13 tipos de sangue na espécie canina e que há uma variação muito maior, que depende da raça. “Mas isso não significa que um cão que é da raça labrador só consegue doar para labrador, é muito mais complexo. E, nos gatos são três tipos o A, B e AB, sendo que o mais comum é o A. É mais importante verificar o tipo pra gato do que para cão”, alerta, enquanto a professora Stella traz complementos ao tópico: “No caso dos cães, são oito grupos denominados de DEA (dog erythrocyte antigen), mais o grupo Dal e os recentemente descobertos Kai 1 e Kai 2. Em gatos, além dos três tipos citados, existe o tipo Mik, recentemente descoberto”.

gatosangue

Os gatos possuem três tipos de sangue: o A, B e AB e,recentemente, foi descoberto o tipo Mik (Foto: reprodução)

O material coletado pode ser utilizado de duas formas: imediatamente, após o procedimento de coleta, ou posteriormente, necessitando de cuidados com a armazenagem. “Muitas vezes, não é o sangue todo que será utilizado, só as plaquetas. Então, depende de cada situação e o que cada animal precisa. Uma doação de cão consegue ajudar mais quatro cães e uma doação de gato consegue ajudar mais dois gatos. Existe uma variação de quantidade coletada, mas tudo depende do peso do animal”, conta Carolina.

Stella chama atenção para a maior preocupação em relação ao estoque: “O sangue deve ser armazenado em perfeitas condições de higiene, com controle de qualidade e de temperatura. As bolsas devem ser armazenadas em câmaras específicas para esse fim, com total manejo térmico”, destaca.

Mais atenção. Sobre o número reduzido de bancos de sangue para animais, Carolina declara que isso se dá pela falta de estrutura clínica para transfusão. “Não existem locais apropriados para ter banco de sangue, então, isso tem que ser um avanço de hospitais, primeiramente, para haver essa implantação”, opina.

Para Stella, a grande limitação é financeira. “Os equipamentos, os mesmos utilizados em banco de sangue humano, são caros e há necessidade de uma equipe composta de clínicos e patologistas clínicos treinados e atualizados para a seleção de doadores, coleta e processamento do sangue, análises laboratoriais e auxílio na decisão do procedimento de doação de sangue (gatilho transfusional)”, enumera. Outra limitação importante, segundo ela, é a condição dos doadores. “Isso se refere tanto na disponibilidade dos tutores em levá-los ao banco de sangue quanto aos testes laboratoriais”, incrementa.

Para a profissional, a transfusão de sangue, apesar de um procedimento simples, deve ser aplicada de maneira criteriosa. “A decisão deve ser embasada não somente nos exames laboratoriais, mas, também, na condição clínica do indivíduo. Testes de tipagem sanguínea e compatibilidade sempre devem ser realizados para evitar efeitos colaterais da transfusão incompatível, que podem colocar a vida do paciente enfermo em risco”, finaliza.