Ao menos 60% dos pets acima de sete anos apresentam algum grau de doença renal e este dado se torna mais relevante quando percebemos como os nossos pets estão cada vez mais longevos. Os rins são órgãos vitais, por isso é importante saber prevenir e identificar os primeiros sinais de doença renal nos animais de estimação.
“Muita gente acredita que o papel dos rins é apenas filtrar o sangue e eliminar substâncias tóxicas por meio do xixi, mas estes órgãos atuam na regulação do equilíbrio hídrico, da pressão arterial, e na produção de alguns hormônios como a eritropoetina, que atua na formação das células vermelhas no sangue, e da Vitamina D, que colabora na absorção do cálcio e favorece o fortalecimento dos ossos”, explica a médica-veterinária gerente de produtos da Avert Saúde Animal, Pamela Meneghesso.
Infecções, inflamações, intoxicações, medicamentos em dose inadequada, traumas, desidratação e até mesmo parasitas podem prejudicar o funcionamento adequado dos rins. Este comprometimento renal pode ser temporário, classificado como doença renal aguda, ou definitivo, classificado como doença renal crônica.
“É preciso estar atento à saúde dos rins porque seus sinais são muito sutis e os sintomas de que algo não vai bem com esses órgãos só aparecem depois que já há comprometimento de 70% – 75% da sua função. Além disso, a doença renal é progressiva e degenerativa, o que quer dizer que tem potencial para acabar com toda a funcionalidade do órgão”, conta.
É possível prevenir a doença renal?
A melhor maneira de prevenir as doenças renais é incentivando o consumo de água pelos animais de estimação. Ter mais de um pote de água para o animal, sempre com água fresca, auxilia no aumento da ingestão de água e, em especial para os felinos, as fontes de água podem ser uma estratégia interessante para chamar a atenção do animal, fazendo com que ele se hidrate enquanto se entretém com o movimento do líquido.
Para os cães, adicionar gelo à vasilha de água, principalmente nos dias mais quentes, encoraja o consumo e pode ser uma brincadeira divertida.
De acordo com a médica-veterinária, estimular o consumo de água é importante porque ajuda a manter o pet hidratado de maneira adequada e a eliminar através do xixi as toxinas que o organismo produz. “Aos animais que têm muita relutância em ingerir água, principalmente os gatos, é indicado associar a ração úmida (sachês de comida) no dia a dia do animal”, adiciona.
As consultas rotineiras ao médico-veterinário e os exames anuais ou semestrais também são importantes, porque os exames de sangue, urina e de imagem (ultrassom e/ou raio-x) podem auxiliar em um diagnóstico mais rápido, antes mesmo dos primeiros sinais clínicos, o que aumenta muito as chances de controle da doença.
Manter a carteirinha de vacinação do pet em dia também ajuda na prevenção da doença renal, já que doenças que são prevenidas com vacina, como a leptospirose, podem causar lesões nos rins. Fornecer uma ração de qualidade e evitar alimentos tóxicos para os animais também auxilia na prevenção desta e de outras doenças.
“O tutor jamais deve medicar o pet por conta própria, mesmo que seja com medicação veterinária. Algumas medicações em doses não indicadas podem atuar de forma tóxica para os rins, e algumas raças específicas são mais susceptíveis à problemas relacionados à determinadas mediações do que outras”, alerta.
Quais são os primeiros sinais da doença renal nos pets?
“Os primeiros sintomas costumam aparecer quando já existe uma parte relevante das células do rim que não estão funcionando como deveriam. Os principais são o aumento da ingestão de água, sem nenhum motivo, e alteração na quantidade de urina que o pet produz. Em alguns casos, o animal vai fazer menos xixi, em outros, ele pode fazer muito xixi e em vários lugares. Estes são os principais sinais aos quais o tutor precisa ficar atento”, Pamela elucida.
Outros sinais começam a aparecer um pouco mais tarde, como vômitos e diarreias e falta de apetite. “Estes sinais já são mais frequentes quando o animal está em uremia, ou seja, ele não está conseguindo eliminar por meio do xixi a ureia que normalmente é produzida pelo corpo. Isso também gera um hálito característico no pet, bem diferente do bafinho de ração que estamos acostumados”, continua.
Além disso, animais com doença renal em estado mais avançado apresentam perda de peso progressiva, queda de pelos, apatia, fraqueza e anemia – esta última devido a parada da produção de eritropoetina pelo rim.
O que fazer quando o pet já tem a doença renal?
É importante entender que a doença renal não tem cura, exceto em casos agudos cujo atendimento é muito rápido, por isso o papel da prevenção é tão importante. Os animais que são diagnosticados com doença renal precisam de um acompanhamento constante com o médico veterinário e a realização periódica dos exames que avaliam enzimas específicas do rim e a sua funcionalidade.
Alguns tratamentos mais específicos, como a hemodiálise, estão disponíveis em alguns centros veterinários, mas seus custos são bem altos e nem sempre é financeiramente possível para o tutor, já que o animal precisa passar pelo procedimento muitas vezes durante a vida.
“Uma vez que o animal é diagnosticado como doente renal, todo o tratamento é realizado presando pelo bem-estar e qualidade de vida dele, retardando a evolução da doença e eliminando ou controlando os seus sintomas. Por se tratar de um órgão tão importante, os exames serão periódicos e nortearão os rumos do tratamento. A alimentação também precisa mudar, adotando alimentos que sejam formulados de acordo com as necessidades dos pacientes renais e pode passar a contar com nutracêuticos e suplementos alimentares que possam auxiliar no fornecimento adequado de ômega-3, através de óleo de peixe, aminoácidos, vitaminas e minerais”, finaliza.
Fonte: AI, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.
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