Em tempos passados, era frequente que durante eventos como as festas de final de ano ou feriados prolongados, como o Carnaval, as famílias se questionassem sobre quem cuidaria de seus animais de estimação durante suas viagens, perguntando: “Com quem deixaremos o gato ou o cachorro enquanto estivermos fora?”.
Com a retomada do cenário de viagens, no pós-covid, eles têm se tornado parceiros imprescindíveis para os seus tutores, tendo ganhado espaço cativo nas atividades turísticas nacionais. Prova disso é que oito em cada dez brasileiros planejam viajar com seus pets. Ainda, de acordo com uma pesquisa realizada pelo site Hoteis.com, quase metade (46%) vão escolher o próximo destino de férias baseado no quão PetFriendly ele é.
A cidade do Rio de Janeiro criou um selo que informa ao turista se o estabelecimento aceita animais. A iniciativa, que começou nos hotéis da capital, já funciona em bares, restaurantes e demais estabelecimentos comerciais. Segundo dados, mais de mil lugares já aderiram ao projeto. Já na cidade paulista de Socorro, todos os Parques de Aventura aceitam pets. Há diversas atividades de ecoturismo e de turismo rural para se fazer com eles, vários bares, restaurantes e lanchonetes já os recebem e o setor de hospedagem também oferece acomodações adaptadas para pessoas com pets.
No Nordeste, o destaque vai para Fortaleza (CE), cidade que estimula empreendimentos comerciais e turísticos a garantir uma relação saudável entre animais de estimação, clientes e colaboradores. Para se ter uma ideia do avanço deste tipo de atividade na cidade, até março deste ano, diversos estabelecimentos adotaram o selo de adesão à iniciativa. Além disso, a cidade oferta serviços gratuitos para a saúde dos animais. Ainda no Nordeste, os viajantes podem encontrar diversos estabelecimentos que aceitam pets em Caraíva, Trancoso, Arraial D’Ajuda e Porto Seguro, na Bahia. A capital, Salvador, oferece, ainda, diversas atividades divertidas em pontos diferenciados, como praias, shoppings e parques.
No Centro-Oeste, Brasília recebeu, em 2023, o título de cidade Pet Friendly. A capital é conhecida por seus grandes espaços abertos, entre os quais parques, que permitem uma interação entre os tutores e seus pets. Outra cidade que entra nesse rol é Campo Grande (MS), eleita um dos cinco municípios do estado em que podem ser encontrados estabelecimentos que aceitam pets. A capital sul-mato-grossense possui acomodações que aceitam os parceirinhos de viagem, além de bares, restaurantes e cafés que ampliam a oportunidade de passeios. Em Goiás, diversos atrativos são ofertados, também, para eles. Em Corumbá (GO), o Salto do Corumbá oferece trilhas, banho de rio e um dia junto à natureza com o seu pet. Quando o assunto é hospedagens, Goiás Velho, Caldas Novas e a Chapada dos Veadeiros, despontam com os mais variados tipos.
Há, também, locais em que os espaços são destinados totalmente aos pets, no referente às formas de turismo. Conhecido como “Turismo para os pets” ou “Tourism for pets”,a prática consiste em locais em que o cachorro ou o gato são as estrelas do local, e os humanos são apenas “acompanhantes”, como se fosse uma criança, protagonista do momento em locais como parquinhos e playgrounds. Exemplos deste tipo de prática podem ser encontrados em cidades como São Paulo, na qual empresários já vêm investindo em locais totalmente para acomodar os bichanos, como em pousadas e padarias, e também em capitais como Brasília, no qual já há a prática por hotéis e, até mesmo, nos chamados “Parcões” parques dedicados aos pets, como na cidade do Gama-DF, específicos com finalidade este público.
Mas o que traz essa mudança de comportamento para os tutores? Para a médica-veterinária do Hospital Veterinário Star VET, Lara Rabello, fatores como a mudança no padrão de comportamento das famílias, a preocupação em deixar o pet sozinho em momentos específicos, além do autocuidado, fizeram com que, nos últimos tempos, as famílias passassem a priorizar a ida do pet aos encontros familiares.
“Temos que lembrar que, antigamente, a gente tinha um padrão mais exclusivo em relação ao animal em que, em determinadas situações como viagens, por exemplo, era, ou deixado em casa para o vizinho cuidar, ou era levado para um abrigo. Hoje, o pet é parte integrante do contexto familiar, muitas vezes substituindo o lugar de filhos (para casais que decidem ter) o que reforça a necessidade de criação de laços afetivos com os membros da família como um todo”, esclarece a profissional.
Ainda, de acordo com a médica-veterinária, é preciso, além da escolha do local, levar em consideração o tipo de alimentação a ser oferecida ao animal, bem como o transporte até os locais já que, em alguns destes, não é possível encontrar alimentos adequados que ofereçam, de forma segura, a nutrição ao pet. “E há alguns tutores que insistem em alimentar o cão ou gato com insumos humanos, tais como salgadinhos, biscoitos, o que não é recomendado, já que a nutrição do pet é pensada para o seu caso e para o bem estar do animal, assim como no caso dos humanos”, pondera. Outros cuidados com o ambiente, como higiene, estrutura adequada como pisos antideslizantes, e espaços para que os animais possam se exercitar e relaxar também são essenciais.
De modo geral, a exemplo da Europa, lugares que não sejam “friendly” com os animais, vão perdendo a cada dia seu público para aqueles que estão envolvidos nessa nova tendência. Inclusive, já existem muitos lugares planejados prioritariamente para frequentadores que levam pets, com áreas pets (brinquedotecas) com recreadores.
Fonte: Hospital Veterinário Star Vet, adaptado pela equipe Cães e Gatos.
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