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Como as verminoses transmitidas por animais afetam os seres humanos?

Veterinária cita dado da Organização Mundial da Saúde, que informa existem mais de 200 tipos de zoonoses
Por Equipe Cães&Gatos
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Por Equipe Cães&Gatos

Cláudia Guimarães, da redação

claudia@ciasullieditores.com.br

Nesta semana, publicamos uma reportagem sobre as verminoses estarem no topo de atenção entre as zoonoses que devem ser prevenidas nos pets. No entanto, vale lembrar que, caso essas doenças não sejam controladas nos animais, o ser humano também pode ter sua saúde gravemente prejudicada.

A médica-veterinária doutoranda no Programa Sociedade, Tecnologia e Políticas Públicas em saúde SOTEPP-UNIT-AL, diretora Técnica da Secretaria Do Bem-Estar Animal-SEBEA-Maceió-AL, membro da Comissão de Saúde Pública do CRMV-AL e conselheira no Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), Evelynne Hildegard Marques de Melo, explica que as zoonoses são documentadas como sendo de baixo, médio e alto impacto. “O agravante no Brasil para incidência de verminoses zoonóticas é a livre circulação de cães e gatos em vias públicas, ausentes de gestão comunitária ou supervisão de animais que têm um tutor, porém, livre acesso à rua. No País, são registradas elevadas taxas de contaminação ambiental por ovos e larvas de Ancylostoma em locais públicos e de recreação infantil, como areias de parques e praças. 

Segundo a profissional, espécies de Ancylostoma em contato com a pele humana resulta em dermatite denominada de Larva Migrans Cutânea (LMC), conhecida popularmente por “bicho geográfico”, onde se observa uma reação de intensa irritação cutânea “coceira” e é considerado, por estudiosos do tema de parasitologia, como importante problema de saúde pública. “Relatos internacionais documentam que a infecção humana por vermes adultos de A. caninum causam ‘enterite eosinofílica’, caracterizada por dor e distensão abdominal, diarreia, perda de peso e hemorragia retal”, menciona

A veterinária ainda cita que há estudos internacionais mostrando que a infecção humana por T. canis é a mais comum zoonose parasitária transmitida por cães nos Estados Unidos, com centenas de casos de cegueira unilateral e de outras formas inespecíficas de enfermidades em crianças. “A infecção se dá por situações, primeiramente, relativas à insalubridade, descuido, má higiene, pela ingestão de ovos larvados presentes no solo poluído, em fômites e em mãos contaminadas com fezes de animais parasitados. O que nos lembra, exatamente, que se trata de uma questão de saúde única, com o envolvimento da saúde ambiental, saúde animal e saúde humana”, salienta.

As explicações para favorecer a incidência zoonótica das parasitoses, de acordo com Evelynne, se dá, também, pela tolerância dos estágios de vida livre dos vermes às diferentes condições ambientais, à fecundidade das fêmeas e à resistência dos ovos que permanecem viáveis no ambiente por vários meses.

Os veterinários de serviço público têm uma jornada muito ligada à força da educação ambiental e com objetivo preventivo na linha de frente das atuações (Foto: reprodução)

Da melhor forma possível!

A médica-veterinária frisa que, no tocante aos cães e gatos, os veterinários têm obrigação de trabalhar com o olhar zoosanitário. “Primeiro, porque é esse o nosso grande ofício, segundo, porque alinhamos o raciocínio sanitário com o bem-estar animal. Esses universos são inseparáveis”, argumenta.

Além disso, esse dever se faz presente, como destacado pela profissional, porque há um entendimento da Organização Mundial de Saúde (OMS) e de saúde única de que, aproximadamente, 60% das doenças infecciosas humanas têm sua origem em animais e, pelo menos, 75% das doenças infecciosas emergentes dos seres humano têm origem animal. “Também se entende que, aproximadamente, cinco novas doenças humanas aparecem todos anos e três delas são de origem animal. Ao todo, sabe-se que existem mais de 200 tipos de zoonoses e, ainda de acordo com a OMS, no mundo, as zoonoses respondem por 62% da Lista de Doenças de Notificação Compulsória”, menciona.

Os veterinários de serviço público têm uma jornada muito ligada à força da educação ambiental e com objetivo preventivo na linha de frente das atuações, de acordo com Evelynne. “Isso porque trabalhamos com populações de baixa renda onde inexistem, em sua maioria, condições de oferecer uma criação responsável, cercando o animal de tudo o que é necessário. Dessa forma, as atividades de castração são a prioridade, junto da educação ambiental e estratégias que favoreçam a oferta de vermífugos que devem estar contempladas”, analisa.

Para a profissional, falar em verminose lembra, inevitavelmente, da importância do diagnóstico coproparasitológico, que é fundamental para instituir tratamentos mais direcionados, evitando o uso de amplas drogas que podem ser desnecessárias a alguns perfis de criação de cães e gatos. “É importante adequarmos nossa comunicação diante das feiras de adoção, onde se evite afirmar ‘animais vermifugados’, mas, sim, ‘com protocolos iniciados’, uma vez que soa aos populares do senso comum, que ‘vermifugados’ significa ‘medida encerrada’, o que inviabiliza a compreensão de que a vermifugação é algo contínuo na vida do animal”, finaliza.

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