Muitos são os acidentes que podem levar a fraturas nas patas dos pets. Porém, após a fratura acontecer, como cuidar dos animais em casa para garantir uma boa recuperação?

Na realidade, os cuidados domiciliares, assim como os acompanhamentos veterinários, dependem do tipo de tratamento instituído. Inclusive, segundo a médica-veterinária diretora técnica da rede Pet Care com residência em clínica médica e cirúrgica pela FMVZ-USP e pós-graduação lato sensu em Medicina Veterinária Intensiva pela PAV-SP, Sibele R. Konno, o tratamento pode ser cirúrgico ou conservativo.
“A recomendação de correção cirúrgica da fratura depende de alguns fatores, como porte, peso, idade e comportamento do animal, além de local e tipo de fratura. Entretanto, a princípio, fraturas em que há estabilidade óssea, boa coaptação e que ocorreram em animais de porte pequeno e com score corporal adequado podem ser corrigidas somente com a imobilização”, esclarece.
No entanto, a profissional complementa que em fraturas expostas e fraturas em ossos longos, como fêmur, o tratamento conservativo não é recomendado.
Mas, em quanto tempo os animais costumam se curar das fraturas? De acordo com Konno, em média, o tempo de resolução de uma fratura é de quatro a oito semanas. “A recuperação depende de fatores como peso, idade, tipo e local da fratura, tratamento instituído e manejo do pet durante este período”.
Cuidando dos animais com as patas imobilizadas
Se o tratamento instituído para a pata quebrada for apenas a imobilização, os cuidados primordiais, conforme a doutora, são: observar se o animal consegue apoiar o membro com a imobilização e como é esse apoio, não deixar a tala/imobilização molhada, respeitar o tempo de uso e realizar as trocas quando solicitadas pelo médico- veterinário.
Também não se deve permitir que o pet lamba ou tire pedaços da imobilização, tome banhos e faça passeios na chuva. “Quando for necessário molhar o animal é indicado proteger a tala com plástico e após o contato com a água checar se a imobilização ficou úmida ou molhada”.

A médica-veterinária ressalta que o cão ou gato deve usar o membro como apoio, mas não pode colocar todo o peso sobre ele e nem realizar transposição de obstáculos, como pular de sofás e móveis, ou fazer atividades físicas intensas.
“Nos primeiros dias deve-se ainda observar se há edema (inchaço) das extremidades dos membros imobilizados, como as pontas dos “dedos”. Se houver, significa que a tala está muito apertada e é necessário fazer a sua troca ou alívio da contenção”, explica.
Além disso, falando sobre os cuidados específicos com gatos, Sibele afirma que, como os felinos costumam escalar e pular em locais mais altos, a tala pode desequilibrá-los, provocando traumas, e o impacto da subida ou descida pode causar fissuras na imobilização. Logo, é preciso tomar cuidado.
Como são os cuidados pós-cirúrgicos?
Alguns cuidados pós-cirúrgicos após a correção da fratura nas patas são parecidos com os que devem ser tomados quando ocorre apenas a imobilização. Porém, existem algumas particularidades.
“Os principais cuidados pós-operatórios são manejo da ferida e seguir as orientações de repouso, como evitar atividades físicas intensas ou com impacto alto, pelo tempo recomendado”, exemplifica Konno.
Ela também esclarece que algumas cirurgias podem deixar os implantes visíveis, sendo necessário fazer curativos diários e tomar algumas precauções para que os animais se adaptem.

Como nelas existem suturas, é importante não deixar os animais lamberem ou morder os pontos para evitar infecções locais. “O curativo deve ser feito com a higienização da pele e aplicação de antisséptico tópico. O uso ou não de fitas adesivas para a proteção da ferida cirúrgica depende do local e do comportamento do pet”, afirma a profissional.
Outra parte importante no tratamento dos cães e gatos com pata quebrada é o uso de algumas medicações. A doutora relata que os analgésicos (remédios para dor), anti-inflamatórios e, em alguns casos, antibióticos são necessários e essenciais.
“Mais um cuidado que faz a diferença é a realização de fisioterapia, que é fundamental para o retorno da função do membro afetado, manutenção da massa muscular e para evitar a síndrome da imobilização. A acupuntura também pode e deve ser feita nos animais para uma melhor recuperação”, cita.
Formas de manter a casa segura para um pet com pata quebrada
Cuidar dos cães e gatos com a pata quebrada nem sempre é fácil. Além de lidar com a personalidade dos pets, existem diversos “perigos” em casa, que podem prejudicar a recuperação.

Segundo Sibele, uma boa forma de evitar mais problemas é mantendo os animais em local restrito. “É importante deixá-los isolados para evitar que fiquem em áreas molhadas, que corram, saltem ou pulem, que usem inadvertidamente o membro fraturado ou que traumatizem a pata recém fraturada e tratada”, elenca.
Já para evitar pulos em camas ou sofás a médica-veterinária indica o uso de rampas ou escadas. Se isso não for possível, deve-se deixar o pet em áreas sem acesso a esses móveis ou diminuir a altura deles. “Não há fórmula mágica a não ser facilitar ou inibir o acesso a camas e sofás. Inclusive, o impacto do salto para subir e descer pode prejudicar a resolução do quadro de fratura”, finaliza.
FAQ
Como é o acompanhamento veterinário de animais com patas quebradas?
A periodicidade das visitas ao médico-veterinário para o acompanhamento das fraturas varia de acordo com o caso. De um modo geral, a cada 15 dias é o mais recomendado, porém existem situações em que as consultas devem ser semanais ou até mais intensificadas.
É preciso fazer a troca da imobilização da pata quebrada?
As trocas da imobilização devem ser realizadas a cada duas ou três semanas, dependendo dos cuidados domiciliares. Contudo, em alguns casos as substituições podem precisar ser feitas antes do previsto, como quando existem feridas na pele.
Existem diferenças no tratamento das fraturas de patas dianteiras ou traseiras?
Geralmente, a imobilização dos membros traseiros é um pouco mais difícil do que nos membros dianteiros. O motivo é que a região pélvica possui uma anatomia mais complexa e é utilizada para funções fisiológicas, como urinar e defecar, e também para o animal se sentar ou se deitar.
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