O animal não conta verbalmente os seus sentimentos e, por isso, é essencial que o tutor esteja permanentemente observando o comportamento do seu pet. Esse é o primeiro critério para identificar se o animal sente dor.
O médico-veterinário anestesista do Hospital Veterinário Taquaral (HVT), em Campinas-SP, Gabriel Aquino, frisa que há alguns sinais óbvios que o bichinho dá quando não está bem. Alguns exemplos:
- não coloca a pata no chão;
- não busca o brinquedo;
- o gato não sobe mais na mesa;
- fica amuado;
- protege a barriga;
- tenta morder o tutor quando tocado;
- fica recluso;
- pede mais colo e atenção;
- deixa de comer;
- evita escadas, entre outros.
Aquino ressalta que as diferentes espécies demonstram dor de formas diferentes. “Um pinscher e um pitbull com dor na pata apresentam reações destoantes. O pitbull não demonstra tanto, já ao pinscher pode ser a pior dor do mundo”. Isso não quer dizer que um disfarça a dor e o outro exagera ou valoriza, mas se deve à estrutura e personalidade da raça. A dor é subjetiva. O que é forte pra um pode ser fraco pro outro. Cuidado para não subestimar a dor”, enfatiza.
“Fique atento ao comportamento do animal. Note, o que ele fazia antes que não faz mais? Faça uma análise desse comparativo na mente e em seguida procure um veterinário. No consultório, por estar recuado e com medo, o pet pode disfarçar seus sentimentos. Muitas vezes, a avaliação eficaz feita antes em casa auxilia bastante o trabalho do veterinário”, ensina.
Crônica e aguda
Há dois tipos de dor, a aguda e a crônica. A aguda é intensa e surge de repente. Pode ser resultante de um procedimento cirúrgico ou machucado. Geralmente é mais fácil de tratar. “É importante ressaltar que toda dor aguda que é mal abordada e tratada pode tornar-se crônica”, salienta.
De acordo com Aquino, a dor crônica é caracterizada pelo processo mais longo de terapia. A dor pode não ser tão intensa quanto a aguda, mas permanece o tempo todo. Os nervos de quem a tem já estão alterados, bem como o psicológico. “O tratamento é mais difícil, custoso, exige paciência e uma equipe multidisciplinar para descobrir e uma condição multi farmacológica para cuidar. Muitas vezes requer ajustes da dosagem das medicações e experimentação de procedimentos. O tutor é integrante dessa equipe e é o mais atuante”, afirma.
A medicação sem orientação do veterinário pode desencadear outros problemas, segundo Aquino. Ele explica que há medicações para dor crônica e para dor aguda e que a troca pode provocar efeitos adversos graves dependendo de como foram ministradas.
Velhinho sente dor mesmo?
Não se conforme com a dor do seu animal de estimação velhinho. Não é porque ele é idoso que lhe deve faltar qualidade de vida. A Medicina Veterinária sempre encontra uma maneira de garantir-lhe conforto. Um clínico geral ou o anestesista pode examinar e indicar tratamentos que o fazem sentir-se bem. Aquino dá exemplos: acupuntura, laserterapia, fisioterapia e medicações são algumas das opções.
Aquino informa que a comunidade científica veterinária está em busca de estabelecer um idioma comum para identificar o nível da dor. Ele disse que existem escalas de avaliação da dor, tanto para a crônica, quanto para a aguda. “A escala é medida por meio das respostas do tutor às perguntas que são referenciais. As respostas recebem valor numérico que nivelam a intensidade do sentimento. Hoje existem até aplicativos para identificar dores dos animais”, revela.
O importante é não considerar que a dor do seu pet seja normal e buscar o especialista para aliviar as sensações ruins do seu animal de estimação, independente da sua idade.
Fonte: Hospital Veterinário Taquaral, adaptado pela equipe Cães e Gatos VET FOOD.
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