Especialista no assunto aborda a história e a filosofia sobre o tema
Discute-se, hoje em dia, a senciência animal de forma isenta e com metodologia científica, diferente de antigamente, quando a conceituação antropocêntrica subjugava os animais. René Descartes afirmava, no século XVII, que os animais não sofriam, não tinham consciência, por isso, os humanos poderiam usá-los a bel-prazer. É incrível como o ser humano quando movido por interesses escusos e materiais descartam a possibilidade de enxergar no animal a possibilidade do que ele tanta nega.
O jornalista e disseminador da senciência no Brasil, Gilberto Pinheiro, ainda lembra que Descartes influenciou alguns pensadores sugerindo a utilização dos animais em pesquisas científicas, na cruel prática da vivissecção sem analgesia. “Para ele, os animais não sentiam absolutamente nada. Eram seres autômatos, desprovidos de dor”, aponta.
O profissional também cita o assunto biocentrismo em substituição ao antropocentrismo. Segundo ele, hoje em dia, a concepção biocêntrica ganha mais espaço, com realidade atualizada, cuja concepção coloca o ser humano, os animais e a natureza, de uma forma geral, no mesmo patamar, entendendo o planeta como sistema orgânico onde há interligação e dependência um do outro, proporcionando a vida. Portanto, o homem não é um ser à parte, mas parte integrante de um todo”, comenta.
Estudo mostra que galinhas têm compaixão por seuspares e se comunicam entre si (Foto: reprodução)
Para Pinheiro, se já há um conhecimento sobre a senciência dos animais, não há por que pensar de forma tão antiga e reacionária, desconectada à nova realidade. “O orgulho humano precisa ser colocado de lado. Ora, se atualmente cientistas comprovaram que até as moscas (drosóphila melanogaster) têm atenção seletiva, segundo estudos do neurocientista Christof Koch, do Institute for Brain Science, por que continuar preso ao passado, admitindo os animais como seres inferiores à mercê dos caprichos e subjugação humana?”, questiona.
Comunicação e compaixão. As galinhas, segundo a Revista Scientific American, trouxe em suas páginas, em abril de 2015, uma reportagem sobre a senciência dessas aves. “Elas têm compaixão por seus pares, sendo capazes de se colocar no lugar deles e se comunicam entre si”, narra o especialista. Há, também, de acordo com ele, vários exemplos dessas aves adotando animais, inclusive, mamíferos, filhotes abandonados por seus pais. “Isso não é instinto, é compaixão, amor”, atesta.
Pinheiro conta que, em uma de suas idas e vindas às escolas e faculdades, ministrando palestras alusivas à referida causa, um aluno o indagou sobre o benefício que tais estudos podem trazer à humanidade. “Disse que, para a humanidade, o conhecimento, a oportunidade de mudança de paradigmas. Para os animais, a proteção, o amparo legal que, certamente, ocorrerá, inclusive, com novas e aprimoradas leis. Ele deu-se por satisfeito e eu também, ciente de que fiz a minha parte”, conta.
Fonte: AI, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.