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Clínica e Nutrição

Diagnóstico precoce é essencial em casos de fissura labiopalatal em cães e gatos

Quadro compromete a respiração e a alimentação dos animais e precisa ser tratado para garantir qualidade de vida
Por Cláudia Guimarães
filhote bulldog francês
Por Cláudia Guimarães

Durante a gestação, o desenvolvimento dos filhotes é essencial para garantir uma vida saudável. Em alguns casos, pode acontecer uma alteração chamada fissura labiopalatal, que é um problema congênito (de nascença) em cães e gatos.

Essa condição ocorre quando os tecidos do lábio e/ou do céu da boca (palato) não se formam completamente. Dependendo do caso, pode afetar só o lábio (fissura labial), só o palato (fissura palatina) ou os dois juntos (fissura labiopalatal). O diagnóstico precoce e o acompanhamento veterinário são fundamentais para oferecer qualidade de vida ao animal.

A médica-veterinária e coordenadora do setor de cirurgia do Hospital VFP, Juliana de Oliveira Ribeiro, explica que a manifestação clínica do quadro pode variar a depender da região afetada e da extensão da lesão. “Em casos de fissura labial, pode ocorrer uni ou bilateral, podendo afetar a estética e a simetria facial. Filhotes com fissura labial, apresentam, comumente, dificuldade para mamar na mãe, uma vez que o movimento de sucção fica comprometido pelo mal fechamento do tecido labial em contato com o teto da mãe”, discorre.

Já em casos de fissura palatina, por promover uma abertura no palato com comunicação para a cavidade nasal, Juliana afirma que o grande risco é a aspiração de alimento e líquidos da cavidade oral para a cavidade nasal, podendo ocasionar espirros e tosse durante a alimentação, infecção recorrente na cavidade oral, nasal e em casos mais severos, o desenvolvimento de broncopneumonia aspirativa. “Comumente são filhotes que se desenvolvem menos quando comparado com os demais animais da mesma ninhada”, adiciona.

Apesar da condição ser pouco frequente, a veterinária revela que cães de raças braquicefálicas (bulldog francês, pug, boston terrier, pequinês, boxer, bulldog e shih tzu) têm maior predisposição. “Os fatores considerados como envolvidos na sua patogênese são: fatores hereditários, deficiências nutricionais maternas, ingestão de medicamentos, agentes químicos, ou plantas tóxicas teratogênicas durante a gestação, e interferência mecânica com o embrião em desenvolvimento”, menciona.

Um dos problemas da fissura labial é que os filhotes, geralmente, apresentam dificuldade para mamar (Foto: Reprodução)

Qualidade de vida

Os pacientes afetados pela fissura labiopalatal podem apresentar, de acordo com a profissional, desconforto e impacto importante na qualidade de vida e em seu desenvolvimento. “Em alguns casos, o animal pode se tornar mais isolado ou irritado devido ao desconforto. Isso pode afetar a interação com seus tutores e com os outros animais contactantes. Porém, quando diagnosticados e tratados precocemente e de maneira correta, podem apresentar boa resposta ao tratamento e, muitas vezes, apresentam uma vida normal, sem dificuldades e com boa qualidade de vida”, destaca.

Mas, ela reitera que é importante que haja o manejo adequado para este animal, já que a fissura labiopalatal pode interferir na alimentação e respiração dos pacientes.

“Isso porque, com a presença da comunicação entre a cavidade oral e a cavidade nasal, o paciente pode apresentar desconforto e dificuldade para se alimentar, pois, ao ingerir o alimento, parte pode ser desviada para a cavidade nasal. Para aliviar os sintomas e as consequências até o momento da realização do tratamento cirúrgico para correção, uma opção se faz pela alimentação por meio de sondas de alimentação, como por exemplo, a sonda nasogástrica, orogástrica ou oroesofágica”, enumera.

Correção cirúrgica

A técnica cirúrgica adotada para a correção dessas deformidades, segundo Juliana, é determinada de acordo com as lesões apresentadas por cada paciente. “Existem diversas técnicas para correção de fenda labial e palatina e todas consistem no fechamento adequado do lábio e da descontinuidade do palato, fechando-o por completo, a fim de não haver comunicação da cavidade oral com a cavidade nasal”, elucida.

De acordo com a profissional, o fechamento do defeito pode ser realizado por meio de técnicas de reconstrução labial e palatina. “Em casos onde o defeito palatino é extenso, ao ponto de não ser possível o fechamento da lesão por completo, próteses orais devem ser consideradas para promover o fechamento da lesão e isolamento entre a cavidade oral e cavidade nasal”, orienta.

Encerrando, Juliana afirma que a taxa de sucesso é alta nos pacientes com diagnóstico precoce e tratamento adequado. “Muitos pacientes conseguem levar uma vida normal após recuperação completa”.

FAQ

O que é a fissura labiopalatal em pets?

É uma má-formação congênita que pode afetar o lábio, o palato (céu da boca) ou ambos, dificultando alimentação e respiração.

Quais os principais sinais da condição?

Dificuldade para mamar, espirros, tosse ao se alimentar, infecções recorrentes e atraso no desenvolvimento.

Como é feito o tratamento?

Por meio de cirurgia corretiva, com boas chances de sucesso, especialmente quando o diagnóstico é precoce.

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