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Entender o processo de luto dos animais demanda paciência e atendimento especializado

Por Equipe Cães&Gatos
luto pets
Por Equipe Cães&Gatos

Wellington Torres, de casa

wellington@ciasullieditores.com.br

Descrita por muitos pensadores e poetas como uma das etapas da vida, a morte, inevitável e voraz, representa para àqueles que ficam, a dor, transvestida em luto. Luto este, que além dos homens, também pode ser notado – de alguma maneira – nos animais de companhia que perdem seus tutores.

Ao olhar para o cenário atual, do qual ocorre o enfrentamento de uma pandemia, mais de 400 mil pessoas morreram apenas no Brasil, como aponta o levantamento realizado pelo consórcio de veículos de imprensa nacionais. Vale pautar que o primeiro caso de Covid-19 no País foi confirmado em março de 2020.

Desse crescente número, dezenas de milhares de cães e gatos foram e estão sendo obrigados a viver sem os seus cuidadores – quando não, tristemente, são abandonados – exigindo a realocação, seja com auxílio de parentes e pessoas próximas ou, até então, cuidador, chamados de guardiões.  Para entender como lidar com estes animais, contatamos profissionais em comportamento pet.

O Luto na Perspectiva do Pet, Como Lidar ? | Pet World Crematório de Animais
Em processo de luto, apego para com o guardião, ou novo tutor, pode ser ampliado (Foto: reprodução)

De acordo com a médica-veterinária Ligia Issberner Panachao, especialista em Medicina Veterinária Comportamental, os animais em luto tendem a ter um comportamento muito diferente do habitual. “Normalmente, eles são mais apáticos. Por exemplo: um animal que brincava, tende a fazer menos isso, assim como a interagir com as pessoas.  O apetite também diminui”, destaca, ao explicar que isso acontece “porque há a perda do ente querido – o animal forma vínculo com o tutor – e a mudança de rotina”.

Dentre os sinais que comumente são apresentados pelos animais, a também médica-veterinária comportamentalista, Caroline Pezzi, destaca que eles são muito parecidos com aqueles apresentados por humanos. “Além das alterações no apetite e sono, insegurança, ficar procurando o tutor pela casa, prostração, num estado de tristeza, falta de interesse em atividades da rotina e até carência podem ser notados”.

“Também estão associadas as mudanças no comportamento vocal. Neste período, o animal pode vocalizar mais ou menos quando comparado ao habitual. Então, no caso do cão, isso pode ser notado desde o chorar, latir e uivar e, no gato, o miar”, complementa Ligia.

Ligia também ressalta que o comportamento de apego para com o guardião, ou novo tutor, pode ser ampliado. “Pode ser notado maior apego, do qual o animal tende a estar mais próximo, seguir e até demostrar ansiedade ao se separar”, explica.

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Prostração é um dos principais sinais apresentados pelos animais de companhia (Foto: reprodução)

Por isso, ao notá-los, o guardião do animal necessitará tomar algumas providências. “É preciso tentar envolver o animal em atividades, como passeios e interação com outros animais. No caso de cães, bastante enriquecimento ambiental, brincadeiras e paciência, pois, assim como nós, eles também levam um tempo para superar a perda”, informa Caroline.

Para Ligia, tais ações são responsáveis por ofertar a melhora necessária para os animais, contudo, o tutor deverá ser incisivo em alguns pontos. “No processo, o cuidador poderá ignorar alguns comportamentos indesejáveis decorrentes da perda, como latir ou miar demais e pedir muita atenção e sim, dar atenção quando o cão chama para brincar e o gato pede carinho. Isso, nos momentos em que os animais apresentam comportamentos que ele julgue apropriados”, pontua.

Animais de companhia podem sofrer de depressão?

Segundo Ligia, não é impossível o animal apresentar algum quadro de depressão. No entanto, na literatura, não há muitos relatos sobre. “Caso o tutor note um comportamento apático, é importante manter uma rotina parecida com a que o animal possuía antigamente e proporcionar outras atividades que sejam prazerosas”, indica a médica-veterinária.

Para também tentar contornar o quadro, Caroline indica que itens do antigo tutor sejam remanejados. “Seria interessante retirar do ambiente objetos e cheiros do antigo tutor, para que o animal consiga se desligar mais facilmente, ao invés de ficar esperando pelo retorno do mesmo”.

(Equipe C&G VF)

Mas qual seria o papel do médico-veterinário neste período de aprendizagem?

Como afirma Ligia, o médico-veterinário é responsável por promover uma boa interação entre os animais e tutores, assim como informar os tutores das necessidades do pet e acolher a família que também está passando pelo processo de perda. “Sendo assim, ele é um intermediário para ajudar a melhorar a relação”, reforça.

“É muito importante que o profissional se atualize na área de comportamento animal, saiba informar quais são as melhores condutas e reconheça os sinais de estresse, já que o último pode gerar doenças físicas, como enfermidades gastrointestinais e dermatológicas”, aconselha Ligia.

Por isso, caso não seja especialidade do profissional que realizou o primeiro atendimento ao animal em processo de luto, indicar um outro, de comportamento, é imprescindível.

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