Você já ouviu falar em epúlides? Tratam-se de tumores que se originam dos tecidos dentário/alveolar e, por esse motivo, são encontrados na cavidade oral. Atualmente, com base em suas características histológicas, eles são chamados de ameloblastoma acantomatoso (epúlide acantomatoso) e fibroma odontogênico periférico (epúlide fibroso e epúlide ossidificante), e acometem mais frequentemente os cães.
Quem nos explica é a médica-veterinária especializada em Odontologia Veterinária do Veros Hospital Veterinário, Amanda Rodrigues. Ela ainda comenta que todas as raças podem apresentar esse tipo de tumor e em idades variadas. Porém, animais entre sete a 10 anos possuem maior predisposição. “Entre as raças, Golden Retriever, Pastor de Shetland e Old English são as com maior predisposição para o epúlide acantomatoso”, revela.
Como identificar?

Amanda indica que o principal sinal clínico do problema é o aumento de volume da gengiva, podendo apresentar sangramento e desconforto para mastigar ou fechar a boca. “Vale lembrar que os sintomas podem variar de acordo com o tamanho e localização da formação”, indica.
A profissional ainda discorre que os epúlides são tumores benignos e não evoluem para malignos. “Contudo, o ameloblastoma acantomatoso ou epúlide acantomatoso possui características locais mais agressivas, podendo causar invasão óssea”, alerta.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico, como explicado pela médica-veterinária, é definitivo e realizado pela análise histopatológica. Entretanto, exames de imagem, como radiografia e tomografia, podem colaborar com a conclusão do profissional.
O tratamento, por sua vez, deve ser cirúrgico. “Mas, é o tipo de epúlide que determina a margem/extensão da cirurgia, podendo, sim, chegar ao procedimento com ampla margem cirúrgica, como Mandibulectomia ou maxilectomia”, explica.
Além disso, mesmo após o animal ter sido operado, o epúlide pode apresentar recidiva localmente, principalmente, se a primeira cirurgia foi realizada sem margem cirúrgica. “Para prevenir deve-se tirar com a margem adequada para cada tipo de tumor”, adiciona.

Apesar do risco de recidiva, o tratamento cirúrgico é válido e indicado pelos médicos-veterinários porque esses tumores causam dor, especialmente em casos onde há infiltração óssea e, Amanda reitera, que o principal sinal clínico é o aumento de volume da gengiva. “Para prevenir o problema, é recomendado que os tutores olhem com frequência a cavidade oral dos seus animais para notarem rapidamente qualquer alteração”, sugere.
Para encerrar, a profissional salienta que, ao perceber qualquer alteração na cavidade oral do animal, o tutor deve buscar atendimento especializado e um diagnóstico o mais rápido possível. Quanto maior o tumor, segundo ela, menor a chance de remoção total, isso porque a cavidade oral tem suas limitações físicas que impedem, muitas vezes, cirurgias tão extensas.
“Sempre digo para os tutores dos meus pacientes: se a escovação dentária diária não é possível de ser feita, escolha um dia do mês para mexer e olhar a cavidade oral dos pets para se acostumarem com o que é normal. Assim, quando algo estiver fora do normal, saberão”, conclui.
FAQ
O que são epúlides e quais os sinais mais comuns?
São tumores benignos mais comuns em cães, que surgem na gengiva. O principal sinal é o aumento de volume na gengiva, com possível sangramento e dificuldade para mastigar ou fechar a boca.
Epúlides podem virar câncer?
Não. Tratam-se de tumores benignos, mas alguns tipos, como o ameloblastoma acantomatoso, podem invadir o osso localmente e causar dor.
Como é feito o tratamento?
O tratamento é cirúrgico e pode exigir a retirada de parte do osso. A remoção com margem adequada ajuda a evitar que o tumor volte.
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