Animais jovens foram expostos a uma situação estressante para análise
Diferenças importantes na forma como o cérebro de um macaco ansioso opera também podem ser transmitidas para seus filhotes, sugere um estudo publicado no dia 30 de julho na publicação cientifica “Journal of Neuroscience”.
Ao encontrar um padrão de atividade cerebral ligado à ansiedade e ao rastreá-lo por meio de gerações de macacos, os resultados aproximam os pesquisadores da compreensão das características cerebrais envolvidas na ansiedade severa – e como essas características podem ser herdadas. “Podemos traçar como a ansiedade acontece na árvore genealógica. Que os pais transmitem às crianças, como primos são afetados e assim por diante”, diz o co-autor do estudo, Ned Kalin, da Escola de Medicina e Saúde Pública, da Universidade de Wisconsin (EUA).
Kalin e seus colegas estudaram macacos rhesus que, quando jovens, exibiam um temperamento ansioso. Crianças humanas com esse traço são, muitas vezes, muito tímidas e correm um risco muito maior de desenvolver ansiedade e depressão do que outras crianças, segundo alguns estudos. Macacos podem se comportar de maneira semelhante.
Resultados podem ser muito relevantes para a condição humana (Foto: reprodução)
Os pesquisadores mediram o temperamento ansioso submetendo os macacos jovens a uma situação estressante: um intruso entrou em sua gaiola e mostrou apenas seu perfil ao macaco. “O animal não tem certeza do que vai acontecer porque não pode ver os olhos do indivíduo”, diz Kalin. Diante dessa ameaça potencial, os macacos congelam e ficam em silêncio. Medindo o grau dessa resposta, bem como os níveis do hormônio do estresse, o cortisol, os pesquisadores descobriram quais macacos tinham temperamentos ansiosos.
Além de coletar essas medidas comportamentais de 378 jovens macacos, de 2007 a 2011, os pesquisadores submeteram os macacos a exames cerebrais sob anestesia. Macacos com respostas exageradas de estresse ao intruso mostraram uma diferença crucial na amígdala estendida – uma estrutura cerebral e seus arredores conhecidos por estarem fortemente envolvidos na detecção do medo e da ameaça.
O estudo não foi projetado para mostrar se as diferenças no comportamento cerebral realmente causaram o comportamento ansioso nos macacos. Para fazer isso, os pesquisadores precisarão alterar a atividade da amígdala e de suas partes vizinhas e verificar se as mudanças no comportamento ansioso resultam.
Ainda assim, os resultados são muito relevantes para a condição humana, na visão do psiquiatra e diretor Científico do Hospital McLean (Massachusetts), Kerry Ressler. Essas mesmas estruturas cerebrais também estão fortemente envolvidas na ansiedade humana.
Este estudo e outros estão revelando detalhes de como o cérebro opera para criar certos transtornos psiquiátricos – informações necessárias para projetar tratamentos direcionados, diz Ressler. Mesmo assim, há muito mais trabalho a ser realizado antes que os resultados possam ajudar as pessoas com ansiedade.
Fonte: CRMV-SP, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.