Cientistas consideram ‘zoonozes reversas’ como campo de estudo importante
A transmissão de doenças de animais para humanos tem sido motivo de preocupação há vários anos, mas será que devemos iniciar uma preocupação com a transmissão de doenças de humanos para animais? De acordo com um artigo publicado pelo Medical News Today, as ‘zoonoses reversas’ são, atualmente, um dos objetos de estudo de um elevado número de investigadores que têm procurado responder a uma questão: será que podemos deixar os animais doentes?
Como explica a publicação, a transmissão de doenças de animais para humanos está bastante descrita por inúmeros estudos, contudo o tráfego patogênico na direção oposta é menos compreendido.
Em 2014, um estudo publicado na revista científica PLOS One identificou exemplos de ‘zoonoses reversas’, situações em que agentes patogênicos são transmitidos de humanos para animais – exemplos de bactérias, vírus, parasitas e fungos que passam de humanos para hospedeiros animais foram identificados em 56 países.
Segundo o Medical News Today, o que importa é que ‘zoonose reversa’ já não é apenas um conceito interessante e curioso, está se transformando em um problema global. “Com o rápido crescimento da produção animal e com um aumento do movimento tanto de animais, como de pessoas, um patogênico humano dentro de um animal poderia potencialmente mover-se milhares de quilómetros em apenas 24 horas”, refere a publicação.
Apesar de a investigação das ‘zoonoses reversas’ ainda ser “escassa”, este é um campo de estudo considerado importante (Foto: reprodução)
O fato de que as doenças podem passar de humanos para animais não é, talvez, uma grande surpresa, de acordo com o material. Uma percentagem estimada em 61,6% dos patogênicos humanos são considerados de múltiplas espécies e são capazes de infectar vários animais.
Em 2006, um estudo publicado na revista científica Veterinary Microbiology analisou a possível transmissão da super-bactéria MRSA entre humanos e animais. As conclusões mostraram que a transmissão de MRSA entre humanos e animais, em ambas as direções, era suspeita. A MRSA aparenta ser um patogênico e uma zoonose emergente.
Outro material, publicado em 2004, relatou o caso de um Yorkshire Terrier de três anos que deu entrada num hospital veterinário norte-americano com anorexia, vomitando e com tosse. Depois de vários testes, os médicos-veterinários que avaliaram o animal concluíram que tinha contraído tuberculose, uma doença que tinha afetado os donos do animal. Esta foi a primeira vez que foi documentada a transmissão de tuberculose de um humano para um cão.
De acordo com a publicação, apesar de a investigação das ‘zoonoses reversas’ ainda ser relativamente “escassa”, este é um campo de estudo importante e urgente. A conclusão do relato é: “Se os patogênicos humanos tiverem a capacidade de infectar outras espécies e essas espécies tiverem a capacidade de interagir com humanos e viajar grandes distâncias, temos uma pandemia à espera”.
Fonte: Veterinária Atual, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.