Originário do grego, onde “eu” significa “bom” e “thanatos” refere-se à “morte”, o termo Eutanásia descreve um método humanitário de encerrar a vida de um animal, proporcionando-lhe um fim livre de dor e com o mínimo de estresse possível. É uma opção recomendada quando um animal enfrenta uma doença incurável e está sofrendo de maneira intolerável. Dada a complexidade desse assunto, é essencial uma abordagem abrangente e ética. O professor de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Brasília (CEUB), Bruno Alvarenga, destaca os diversos aspectos envolvidos e os impactos dessa prática nos animais.
Segundo o profissional, a eutanásia exige uma decisão cuidadosa dos proprietários de animais em conjunto com o corpo médico ou veterinário responsável. O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) estabeleceu diretrizes na Resolução nº 1000, delineando os princípios que devem orientar essa decisão, as condições em que o paciente deve se encontrar e os métodos aceitáveis para a eutanásia. “São casos em que o tratamento representa custos incompatíveis com a atividade produtiva a que o animal se destina ou com os recursos financeiros do proprietário”.
De acordo com Alvarenga, a prática deve ser realizada com uma conduta rigorosa pelo veterinário responsável. O especialista lista as quatro indicações principais para a eutanásia de um paciente: quando o animal representa uma ameaça à saúde pública, à fauna nativa ou ao meio ambiente; quando é objeto de atividade científica aprovada por uma comissão de ética; e quando um tratamento se torna financeiramente inviável para o proprietário.
A última indicação, conforme alerta o docente, pode gerar desconforto, sobretudo quando a dificuldade se trata de conseguir atendimento em redes públicas de saúde animal. “O veterinário não deve realizar a eutanásia de um animal se houver possibilidade de tratamento viável e se o paciente não atender às indicações estabelecidas pelo Conselho. A posse responsável e o respeito devem guiar todas as decisões relacionadas ao seu cuidado”, destaca.
O especialista do CEUB afirma que alguns locais oferecem suporte psicológico para proprietários que passam pela perda de um animal ou pela difícil decisão da eutanásia, reconhecendo o vínculo emocional profundo que existe entre os tutores e seus animais de estimação. Segundo ele, os próprios profissionais veterinários que realizam a eutanásia também podem necessitar de apoio psicológico, dada a natureza emocionalmente desafiadora desse procedimento.
Qualidade de vida do animal
Quando um paciente é diagnosticado como terminal, o médico-veterinário afirma que o objetivo passa a ser proporcionar o melhor conforto possível no tempo restante de sua vida, seja ele breve, como dias ou algumas poucas semanas, devido a uma variedade de condições, como doença oncológica, viral, ou disfunção orgânica irreversível. “O diálogo constante com os tutores é essencial para que estes compreendam o prognóstico e possam tomar decisões informadas sobre o cuidado de seu animal de estimação”, considera.
A partir da opção pela eutanásia, o cuidado clínico do paciente envolve uma abordagem de enfermagem combinada com terapias medicamentosas e nutricionais. No caso de doenças infecciosas contagiosas tratáveis, surgem debates sobre a decisão de realizar ou não a eutanásia, levando em conta fatores como o bem-estar do animal, a segurança do ambiente e a capacidade de tratamento disponível na região. “A capacidade de tratamento pode variar significativamente entre diferentes localidades, desde cidades do interior até grandes capitais, o que influencia bastante nas decisões a serem tomadas”, completa.
Fonte: CEUB, adaptado pela equipe Cães e Gatos.
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