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Felinos: Órgão Jacobson permite uma identificação mais rápida e precisa dos odores

Estrutura acessória ao olfato é importante tanto para as presas quanto para os predadores de diversas espécies na natureza
Por Equipe Cães&Gatos
Por Equipe Cães&Gatos

Cláudia Guimarães, da redação

claudia@ciasullieditores.com.br

Você já ouviu falar sobre o órgão de Jacobson ou órgão vomeronasal dos gatos? Trata-se de um órgão olfatório auxiliar, localizado entre o nariz e a boca, cuja função ainda permanece obscura. Ele é rico em fibras nervosas sensoriais que detectam substâncias químicas, geralmente, em estado não volátil.

Quem nos explica é a médica-veterinária especialista em Medicina Felina do Hospital Veterinário Pet Care, Maria Alessandra Del Barrio, conhecida no setor veterinário, carinhosamente como Male. “Apesar de alguns boatos, é errado dizer que ele é um sentido extra dos animais. É uma estrutura acessória ao olfato, com maior sensibilidade e que permite uma identificação mais rápida e precisa dos odores ao redor do indivíduo, com acesso mais pontual à memória olfativa”, elucida.

Além dos felinos, Male conta que muitos tetrápodes apresentam órgão de Jacobson, como roedores, répteis (lagartos, cobras), paquidermes (elefantes), equídeos (cavalos, zebras, jumentos, mulos), lhamas, antas e os felídeos. “Sua função é a detecção e reconhecimento de feromônios (substâncias que permitem a identificação dos indivíduos, tanto social, bem como sexualmente) para todos os animais que têm essa estrutura desenvolvida”, revela.

Segundo a veterinária, para os predadores, o órgão favorece o reconhecimento de uma presa próxima, permitindo uma caça mais bem sucedida. “Para potenciais presas na natureza, também serve para a detecção mais precoce da presença de eventuais predadores. Gatos, lagartos e cobras fazem parte de ambas as categorias”, adiciona.

Já os primatas (humanos e não humanos), cetáceos (baleias, belugas, botos, golfinhos) e morcegos não apresentam órgão de Jacobson ativo, conforme explicado por Male: “Mas apresentam resquícios dele em região do septo nasal, evidenciando sua regressão durante a vida fetal, uma característica evolutiva dessas espécies”.

Durante a captação de odores, o gato recolhe os lábios e fica com a boca semiaberta, fazendo movimentos lentos com a cabeça elevada (Foto: reprodução)

Órgão Jacobson em ação!

Male declara que todas as espécies dotadas do órgão vomeronasal apresentam uma expressão facial característica quando este se encontra em utilização, pois ele se retorce e contrai, para a captação de odores/substâncias. “Isso se chama reflexo de Flehmen. Especificamente para o gato, durante a captação de odores, ele recolhe os lábios e fica com a boca semiaberta (como se estupefato!), fazendo movimentos lentos com a cabeça elevada, para aspirar o ar à sua volta (como se desenhando um arco-íris, ao redor da cabeça).

O gato doméstico, de acordo com Male, utiliza essa ferramenta mais frequentemente quando está na presença de odores novos em seus ambientes de rotina, geralmente, quando ocorre a chegada de visitas, pessoas desconhecidas ou novos animais. “Em ambientes desconhecidos, ele também apresenta esse reflexo, potencialmente tentando reconhecer riscos, mas para estabelecer memória associada a essas novas situações (agradáveis, também!)”, conta e adiciona que alguns gatos também fazem isso, durante a atividade sexual, para reconhecimento de parceiros e durante a caça doméstica (que envolva roedores).

A veterinária salienta que este é um órgão sensorial como outro qualquer, ou seja, jamais apresentará qualquer malefício aos animais. “O que importa é sabermos que gatos têm o olfato como seu sentido mais aguçado, evitando a utilização de substâncias de odores muito fortes, irritantes ou voláteis. Isso pode gerar estresse desnecessário e deixar o felino irritado, arredio e ansioso”, alerta.