Na última década, 34.930 pessoas foram diagnosticadas com leishmaniose visceral no País e 2.535 perderam a vida para a doença. Os números, do Ministério da Saúde, englobam 2011 a 2020 e indicam que um em cada 13 casos evoluiu para morte. Mas, apesar de estar presente em todas as regiões brasileiras, a doença ainda é pouco diagnosticada e pode ser evitada por meio da prevenção ao principal responsável por sua disseminação: o mosquito-palha.
O médico-veterinário com residência em doenças infecciosas pela Unesp e gerente Técnico de Animais de Companhia da Vetoquinol Saúde Animal, Jaime Dias, explica que o principal vetor é o protozoário Leishmania, que costuma picar cães de todas as raças e idades. “Só que o ciclo da doença não para no cão. Isso porque, depois de picar um animal já infectado, também pode picar humanos, transmitindo o protozoário a homens e mulheres, adultos ou crianças, de todas as idades e classes sociais – e transformando o problema em uma grave zoonose”, alerta.
Levantamentos feitos por estudiosos indicam que, para cada caso em humanos, existem 200 cães infectados com Leishmania. “Com o total de casos registrados na década, o Brasil poderia ter tido até 7 milhões de cães infectados. Para se ter uma ideia, o País tem cerca de 54 milhões de cães, de acordo com estimativa do IBGE. Nesse cenário, 12 em cada 100 animais estariam com leishmaniose visceral”, indica.
As estatísticas são consideradas subestimadas, como comenta Dias, já que para cada registro confirmado em cães, outros cinco animais podem estar assintomáticos. “Por isso, tutores devem estar atentos a sintomas em seus animais. Ao notar desânimo, fraqueza, perda de apetite, emagrecimento progressivo, perda de massa muscular, descamações na pele, feridas no focinho, orelhas e na região das articulações, além de perda de pelos, crescimento exagerado das unhas, vômito e diarreia, é preciso procurar um médico-veterinário”, recomenda.
Dias lembra que a leishmaniose também afeta importantes órgãos internos, como baço, fígado, rins, dentre outros, diminuindo significativamente a qualidade de vida e o bem-estar do pet. “Assim, mais do que tratar a doença quando seus efeitos já são sentidos na pele, prevenir esta grave enfermidade é a melhor opção. E essa prevenção se faz mantendo o mosquito afastado dos cães, evitando que eles sejam infectados e interrompendo o ciclo de transmissão”, salienta.
A utilização de coleiras com efeito repelente e inseticida contra o mosquito palha representa uma excelente opção de prevenção da leishmaniose visceral, na visão do profissional, promovendo a liberação de princípios ativos para a pele e os pelos do cão tratado, mantendo os mosquitos longe dos animais. “Essa é a melhor solução para manter nossa família canina protegida”, finaliza.
Fonte: AI, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.
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