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Clínica e Nutrição

Oncologia: Pets em remissão exigem acompanhamento veterinário contínuo

Médica-veterinária oncologista destaca que diagnóstico precoce e check-ups regulares favorecem sucesso no tratamento
Por Cláudia Guimarães
Oncologia: Pets em remissão exigem acompanhamento veterinário contínuo
Por Cláudia Guimarães

A notícia de que o pet está com câncer pode ser devastadora, bem como todo o processo de tratamento com fármacos e intervenções invasivas. Mas, quando há sucesso na terapêutica, tanto o médico-veterinário quanto – e principalmente – o tutor comemoram.

No entanto, as atenções não devem ser diminuídas. O animal em fase de remissão deve receber acompanhamento veterinário contínuo, cuidados específicos e monitoramento regular para garantir que a doença não retorne.

Sobre o tema, conversamos com a médica-veterinária oncologista, diplomada pela Associação Brasileira de Oncologia Veterinária (ABROVET), Juliana Vieira Cirillo, que atua em diversos hospitais, como VEROS, UFAPE, Voxvet, E+ Especialidades e Hemovet PetCare. Ela destaca que estar em remissão não necessariamente significa que o animal está curado.

Segundo a profissional, a remissão clínica indica que a doença foi controlada e que, até o momento, o câncer não é mais detectado por nenhum exame disponível.

“Pode até ser que o paciente tenha sido curado, no entanto, existe a possibilidade de o câncer estar na fase de doença microscópica, não sendo possível detectá-lo por meio dos exames disponíveis na Medicina Veterinária. Por isso, é essencial que o paciente permaneça em acompanhamento médico após o término do tratamento, realizando exames periódicos para verificar se há algum sinal, por menor que seja, do tumor”, alerta.

Principais cuidados

É de extrema importância, de acordo com a profissional, que, após o término do tratamento, os tutores sigam as recomendações do médico-veterinário oncologista em relação à realização dos seguimentos, que consisteM na realização de exames periódicos para pesquisa de metástases e/ou recidiva local da doença.

Juliana informa que os exames solicitados podem variar de acordo com o tipo de tumor, mas, normalmente, incluem exames de imagem, como ultrassonografia abdominal, radiografia torácica ou mesmo tomografia, além de exames de sangue.

“Durante a consulta, por meio não só destes exames, mas, também, do exame físico, o oncologista poderá avaliar se o paciente encontra-se em remissão clínica da doença. A periodicidade dos acompanhamentos varia, também, de acordo com a neoplasia, mas, de forma geral, todo paciente oncológico ficará em seguimento por um período mínimo de dois anos após o término do tratamento”, explica.

As dietas mais recomendadas para pets com câncer são as hipercalóricas e hiperproteicas (Foto: Reprodução)

A alimentação desse pet deve mudar?

A veterinária oncologista declara que não é necessário modificar a dieta de um paciente que esteja em remissão, desde que ele tenha uma dieta balanceada.

“Existe muita polêmica em torno da dieta do paciente oncológico, mas, o que vemos, são muitas informações da nutrição humana sendo extrapoladas para a nutrição veterinária, o que não é recomendado, uma vez que o metabolismo difere entre as espécies. De forma geral, preconiza-se uma dieta com um perfil hipercalórico e hiperproteico para pacientes oncológicos, devido ao maior risco de perda de peso e perda de massa muscular por conta da doença”, menciona.

Segundo ela, alguns estudos apontam que a dieta do paciente com câncer deve ser mais reduzida em carboidratos, priorizando-se os carboidratos complexos e ricos em fibras, além de ser mais rica em proteínas e lipídeos.

“Outro ponto importante é que podemos prescrever alguns nutracêuticos para estes animais, como o ômega-3, que tem ação antiinflamatória e favorece o ganho de massa muscular, dentre outros benefícios. Os betaglucanos também são indicados por seu papel imunomodulador, ou seja, eles aumentam a imunovigilância do hospedeiro frente às células tumorais, além de atuarem como fibra prebiótica, que favorece o equilíbrio da microbiota intestinal”, aponta.

Os animais com câncer ainda podem se beneficiar de atividades físicas, como comentado por Juliana.

“A única limitação seria devido aos possíveis efeitos colaterais do tratamento. Por exemplo, após uma sessão de quimioterapia, o paciente passará por um período onde sua imunidade ficará mais baixa, tornando-o mais suscetível a infecções. Nesta fase (que varia de acordo com a droga quimioterápica utilizada), deve-se evitar atividades onde o pet fique exposto a locais com grande circulação de outros animais, como, por exemplo, parques, ambiente de banho e tosa ou mesmo estabelecimentos que oferecem serviço de creche. Mas é importante ressaltar que este período de imunossupressão, de forma geral, é curto e auto-limitante, durando poucos dias e, passado ele, se o animal estiver clinicamente bem, não só pode, como deve realizar atividades”, afirma.

A profissional elucida que, assim como na oncologia em humanos, a chave do sucesso de qualquer tratamento é o diagnóstico precoce.

“Por isso, é papel não só do oncologista, mas, também, do clínico geral informar ao tutor sobre a importância da realização de check-ups periódicos nos pets. Nunca é fácil dar a notícia de um diagnóstico de câncer, mas, pior ainda, é diagnosticá-lo numa fase já tardia, onde a chance de tratamento e controle da doença acabam tornando-se muito reduzidas”, compartilha.

Além dos check-ups, outro ponto que Juliana salienta é sobre o aumento no número de animais com sobrepeso ou obesidade.

“Inúmeros estudos mostram que a obesidade é um importante fator de risco para o desenvolvimento de neoplasias e, infelizmente, em muitos casos, este ganho de peso do animal acaba sendo negligenciado por tutores e por colegas médicos-veterinários. Por exemplo, é muito comum o ganho de peso após a castração. Por isso, é nosso dever orientar os tutores sobre como manter uma alimentação equilibrada para o animal e ressaltar o impacto negativo que a obesidade gera na saúde dos pets, considerando não só a questão da prevenção do câncer, mas, também, de diversas outras doenças”, conclui.

FAQ

Um pet em remissão do câncer está curado?

Não necessariamente. A remissão significa que o câncer não é detectado nos exames, mas ainda pode haver células tumorais em níveis microscópicos.

Quais cuidados o pet deve ter após o tratamento oncológico?

É essencial manter o acompanhamento com o veterinário, realizar exames periódicos e seguir as recomendações específicas para monitorar possíveis recidivas.

É preciso mudar a alimentação do pet em remissão?

Se a dieta já for equilibrada, não há necessidade de mudança. Em alguns casos, pode-se recomendar dieta hipercalórica, rica em proteínas e uso de nutracêuticos como ômega-3 e betaglucanos.

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