Pesquisadores do mestrado em Ciência Animal, da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), estão desenvolvendo uma pesquisa sobre o risco de fármacos livremente comercializados para evitar a reprodução em cadelas e gatas. Os autores são Evelynne Hildegard Marques de Melo, Diogo Ribeiro Câmara, Annelise Castanha Barreto Tenório Nunes e Déborah Mara Costa de Oliveira.
Durante a pesquisa no mestrado em Ciência Animal, os pesquisadores publicaram três artigos e participaram de uma proposta legislativa e uma reunião técnica federal ministerial. “Logo após publicarmos os nossos resultados em uma das mais importantes revistas de Medicina de Felinos do mundo, nosso trabalho tornou-se uma referência internacional. Observamos que a complexidade da doença que estudamos está ocorrendo em todo o país devido a uma fragilidade legislativa federal que regulariza o comércio de um fármaco muito usado por populares baixa renda com objetivo de evitar o nascimento de cães e gatos”, ressalta Evelynne Hildegard.
Esse artigo mais recente, foi publicado na revista do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) e alerta que, no Brasil, o uso indiscriminado de contraceptivo hormonal injetável resulta em consequências danosas, sobretudo em gatas, em virtude de elas apresentarem maior sensibilidade a esses hormônios. “O método injetável é mais barato e é muito utilizado por pessoas de baixa renda, que não têm condições de pagar uma cirurgia de castração. O controle comercial desses produtos merece atenção por conta dos efeitos colaterais graves que estão sendo registrados”, alertam os autores do artigo.
Os pesquisadores esclarecem que essa é uma questão de bem-estar animal, com reflexos sociais, políticos, jurídicos e legislativos. “A atualização legislativa sobre cães e gatos mais recente, de 2020, propõe um olhar mais atento sobre o cuidado com estes animais. Levamos de modo pioneiro, com apoio da via parlamentar e OAB-AL, o debate à instância federal responsável pela regulamentação do comércio destes fármacos que é o Ministério da Agricultura, em Brasília, apresentando sugestões para mudar essa realidade em todo o país”, explica Evellynne Melo.
Esses hormônios, como destacado pelos profissionais, causam danos ainda maiores quando são administrados em felinas que já estão com prenhez em curso. “É grave a administração de progestinas baseada na avaliação do senso comum, uma vez que, em gatas com acesso à rua, comumente o tutor não está ciente da ocorrência de cópula”, ponderam.
Dessa forma, o artigo propõe soluções práticas para sanar os problemas causados por essa venda indiscriminada dos fármacos. “É um importante trabalho em equipe na sociedade, com professores do mestrado de Medicina Veterinária da UFAL, a professora da UFRA (Pará) e a Comissão de Bem-estar animal da OAB Alagoas. No artigo, detalhamos também as iniciativas do legislativo para que as vacinas sejam aplicadas sob controle de médicos veterinários. O Projeto de Lei de Alagoas está destacado em uma tabela onde também constam outros dois PLs, um federal do Ceará e outro estadual de São Paulo “, informa Evellynne.
Ainda neste mês de maio, os pesquisadores vão apresentar um trabalho referente a este tema. “Apresentarei um resumo de um dos casos estudados no nosso mestrado sobre uso das progestinas, ou vacinais anti-cio. Também estaremos com um trabalho do Mestrado em Ciência Animal da UFAL no 41º Congresso Brasileiro da Associação dos Clínicos de Pequenos Animais (CBA), nos dias 26 a 28, no Centro de Convenções de Maceió”, finaliza Evelynne.
Fonte: UFAL, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.
LEIA TAMBÉM:
Opinião de veterinários deve ser a mais relevante para tutores de animais de companhia
Ampara Animal realiza desafio mundial e convida população para fotografar a natureza
Justiça determina que elefante Sandro permaneça no Zoológico de Sorocaba, interior de SP