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Pets e Curiosidades

Pesquisadores identificam novo gato-selvagem

Estudar as espécies de gato-selvagem que compõem o complexo tigrinus não é tarefa fácil
Por Equipe Cães&Gatos
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Por Equipe Cães&Gatos
Dados vêm sendo coletados desde os anos 2000, mas só agora foi possível provar que se trata de uma espécie diferente para a ciência (Foto: divulgação)

Recentemente, mais de 40 cientistas divulgaram um artigo na revista Nature que revela a descoberta de uma nova espécie: o gato-nebuloso (Leopardus pardinoides), que reúne os membros das subespécies L. t. pardinoides e L. t. oncilla. O que ocorre, na verdade, é que agora o gato-nebuloso deixa de ser considerado uma subespécie e passa a ser reconhecido como uma espécie distinta, da mesma forma que o gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus) e o gato-do-mato-pequeno-do-sul (Leopardus guttulus).

O trabalho é fruto do esforço de um grupo de conservacionistas voltado à proteção dos três gatos do complexo tigrinus, o Tiger Cats Conservation Initiative (TCCI). “Como só tínhamos visto o animal em pele de museu, mal dava para identificar diferenças. Mas, com a chegada de cada vez mais materiais deles na natureza, feitos por armadilhas fotográficas, facilitou bastante nosso trabalho. Eu venho coletando dados desde os anos 2000 e só agora conseguimos provar que se trata de uma espécie diferente para a ciência”, conta o biólogo Tadeu Oliveira, especialista em felinos neotropicais.

Coordenador do Programa de Conservação e Pesquisa “Gatos do Mato – Brasil”, Tadeu realiza atividades em diversos biomas, mas especialmente na Amazônia, Cerrado e Caatinga, além de outros países da América Latina. Apaixonado por gatos-selvagens, ao longo da carreira, ele já viu e analisou mais de 6 mil registros de gatos de diferentes espécies.

Diferenças entre espécies do complexo tigrinus

O gato-nebuloso recebeu este nome em razão de suas rosetas serem desproporcionais, sem um padrão de tamanho. “Digo que são nebulosas, porque parecem nuvens, são irregulares”, explica o professor adjunto da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA).

De acordo com o pesquisador, o gato-nebuloso tem a pelagem mais alaranjada e brilhante, com a marca da roseta maior em relação ao gato-do-mato-pequeno e o gato-do-mato-pequeno-do-sul.

“O gato-do-mato-pequeno tem um tom de amarelo mais claro, que puxa até para o cinza, e a roseta tende a ser mais aberta e menor. A roseta do gato-do-mato-pequeno-do-sul é mais arredondada e maior que a do gato-do-mato-pequeno, mas menor que a do nebuloso. O padrão de cor desse indivíduo do sul é castanho. São diferenças sutis, que só quem estuda esses felinos consegue identificar”, pontua.

Área de ocorrência

O gato-do-mato-pequeno ocorre nas savanas amazônicas da Guiana e na região centro/nordeste do Brasil, nos biomas de Cerrado e Caatinga. “Ele gosta de áreas mais abertas e densas, é o que chamamos de sub-bosque, um conjunto de vegetação de baixa estrutura. Você não vai ver essa espécie naqueles cerrados abertos, por exemplo”, explica.

Já o gato-do-mato-pequeno-do-sul, descrito em 2013, está presente em ambientes mais úmidos e densos da Mata Atlântica, em florestas de baixa altitude.

Por outro lado, o gato-nebuloso habita as florestas nebulosas das cadeias montanhosas do sul da América Central, mais precisamente a Costa Rica e o Panamá, além das matas dos Andes até o noroeste da Argentina. “O gato-nebuloso gosta de florestas de altitude, acima de 1.500 metros, geralmente”.

A abordagem multidimensional aplicada, com base em subsídios genéticos, permitiu aos pesquisadores ampliar o foco do trabalho. Se lá no início eles queriam apenas analisar a distribuição geográfica das espécies, a evolução da pesquisa permitiu uma investigação mais detalhada com relação ao fenótipo, ecologia e biogeografia de cada animal.

Mapa mostra áreas de ocorrência das três espécies (Foto: divulgação/Tiger Cats Conservation Initiative)

Ameaças

Embora os nomes mudem, gato-nebuloso, gato-do-mato-pequeno e gato-do-mato-pequeno-do-sul são espécies ameaçadas de extinção. Isso porque os territórios onde habitam estão cada vez mais devastados. “Eles não ocorrem de forma abundante. Podem até ser localmente abundantes, em uma área restrita, mas é um número pequeno. Em um outro trabalho nosso, observamos que em menos de 1% do território é que as espécies chegam a ter uma densidade alta”.

Os autores do artigo terminam o trabalho com a seguinte frase: “o alerta vermelho foi acionado”. O pesquisador explica que quem mais perdeu área até agora foi o gato-do-mato-pequeno-do-sul, porque ele é restrito à Mata Atlântica. Mas, atualmente, quem mais está sofrendo com isso é o gato-do-mato-pequeno e o gato-nebuloso.

“O que menos está perdendo habitat é o Leopardus pardinoides oncilla, subespécie do gato-nebuloso. Isso porque na Costa Rica a degradação não está tão grande se comparada aos Andes, ali na região da Colômbia”, diz Tadeu.

Ele reforça que três países têm se destacado na conservação do complexo tigrinus. “A Costa Rica e a Colômbia, que detém 60% e pouco menos de 40% da área de distribuição do gato-nebuloso, respectivamente, e o Brasil, que detém 98% da área de gato-do-mato-pequeno e 93% de gato-do-mato-pequeno-do-sul. Ou seja, duas dessas espécies dependem do Brasil para existirem, o que revela a importância da conservação”, conclui.

Fonte: G1, adaptado pela equipe Cães e Gatos.

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