As fraturas são um problema relativamente comum em cães e gatos. Porém, possuem diversas formas de tratamento, como a colocação de pinos. “O tratamento das fraturas pode parecer simples, mas há variadas regras para o uso dos diferentes tipos de implantes que podem ser utilizados para corrigi-las”, isso é o que afirma o médico-veterinário pós-graduando em ortopedia veterinária, Igor A. Nunes do Amaral Vetere.
O reparo das fraturas em animais de pequeno porte é dividido em três categorias: redução fechada com apoio externo, apenas fixação interna e fixação interna com apoio externo secundário. A escolha do método de fixação deve ser feita levando em consideração o tipo e localização da fratura, tamanho, temperamento e idade do animal, grau de cooperação do proprietário e fatores econômicos (SEVERO et al., 2010).
Contudo, Vetere comenta que um grande problema nesse tipo de tratamento é o valor, muitas vezes considerado alto. Por outro lado, hoje existem diversas marcas de pinos, que variam em material, resistência e aplicabilidade.
“Para uso interno os materiais mais utilizados, atualmente, são aço e titânio. Eles são usados na confecção de placas, parafusos, fios de Kirschner, pinos de Schanz e fixadores externos lineares ou circulares. Contudo, a escolha de cada um deles depende da técnica e abordagem escolhida, assim como do tipo e tempo de fratura até o nível de complicação”, explica o profissional.
O doutor esclarece que, basicamente, no tratamento das fraturas os implantes metálicos têm a função de fazer a compressão entre os fragmentos que foram separados por algum tipo de injuria.
Como é definida a colocação de pinos para tratar as fraturas?
“Os pré-requisitos para o tratamento das fraturas é baseado na anamnese, nos exames pré-operatórios e na análise do score, tempo e condição da fratura. Sobre isso, é importante avaliar ainda se a fratura é exposta ou fechada”, comenta o médico-veterinário.
O comportamento do animal também deve ser levado em consideração, sendo preciso analisar se o cão ou gato é calmo, agitado, colaborativo e se vive domesticado.
Além de tudo isso, por existirem diversas técnicas de correção, é necessário pensar sobre suas vantagens e desvantagens. Por exemplo, os pinos intramedulares costumam resistir bem às forças de flexão, mas são pouco resistentes às demais forças atuantes na fratura, o que prejudica a estabilidade (SEVERO et al., 2010).
Já a associação entre a colocação de placa e pino intramedular é uma alternativa para estabilizar fraturas diafisárias de ossos longos e promover uma correção com bom resultado funcional. Essa junção também é uma escolha em fraturas cominutivas, quando não é possível realizar a redução anatômica dos fragmentos (SOUZA et al., 2019).
Portanto, a escolha entre a colocação de pino ou outros tipos de tratamento é variável e depende de uma série de fatores. “Entretanto, no geral quase todos os pacientes possuem um tratamento de eleição em que é possível obter sucesso na correção das fraturas”, cita o profissional.
Riscos e cuidados após a cirurgia
Vetere afirma que todas as cirurgias possuem seus riscos e isso não é diferente com os procedimentos para colocação de pinos. “Existem casos em que o paciente pode apresentar não união ou reabsorção óssea, infecções, quebra do implante e diversas outras possibilidades”.
Porém, de acordo com ele, se a cirurgia for realizada de maneira assertiva pelo profissional e houver uma colaboração do tutor no pós-operatório a chance de recuperação sem complicações é alta.
Inclusive, os cuidados após o procedimento podem variar de acordo com a fratura e a técnica utilizada. “Cada médico-veterinário segue a sua linha de trabalho. Geralmente, no pós-operatório é sempre indicado o repouso, uso de colar elizabetano, limpeza da ferida e administração de medicações”, comenta o profissional.
Já o acompanhamento veterinário pode variar entre quinzenal ou mensal. O doutor esclarece que nos acompanhamentos é avaliada a amplitude de movimentos e são realizados exames de imagem para verificar a progresso da consolidação óssea. Os exames e check-ups também ajudam a fazer uma intervenção precoce em casos de falhas do implante, não união e rejeições, por exemplo.
Para finalizar, Igor cita que uma aliada na recuperação desse tipo de cirurgia é a fisioterapia. “A fisioterapia tem grande importância no manejo da dor, reestabelecimento funcional da marcha, manutenção da musculatura, treinamento proprioceptivo e retorno à vida normal do paciente”.
REFERÊNCIAS:
SEVERO, M. S. et al. Estabilização de fraturas femorais e umerais de cães e gatos mediante pino intramedular e fixação paracortical com pinos e polimetilmetacrilato. Ci. Anim. Bras., Goiânia, v. 11, n. 3, p. 546-553, jul./set. 2010.
SOUZA, M.J. et al. Osteossíntese com placa e pino em cães e gatos. Acta Scientiae Veterinariae, 2019. 47(Suppl 1): 474.
FAQ
Para que são colocados pinos nos pets?
Os pinos são utilizados como uma forma de tratamento de fraturas e para estabilizar lesões em articulações. Eles podem ser usados em ossos médios e longos.
Qual o tempo médio de recuperação de uma cirurgia para colocação de pino?
O tempo de recuperação de uma cirurgia para colocação de pino depende do tipo de fratura, idade do animal e dos cuidados pós-operatórios. Por isso, é variável.
Quais devem ser os cuidados pós-operatórios da colocação de pino?
No período pós-operatório da colocação de pino é necessário manter o animal em repouso e com o uso de colar elizabetano, fazer a limpeza da ferida, administrar as medicações prescritas e realizar o acompanhamento veterinário conforme a orientação.
LEIA TAMBÉM:
Veterinária dá dicas para adaptar o pet ao uso do colar elizabetano
Gravidez psicológica em cadelas: o que é, como identificar e tratar?
Por que meu cão come grama? Comportamento ou deficiência nutricional?
