Realizado regularmente, o 26º Seminário Nacional de Educação da Medicina Veterinária teve início ontem, dia 9 de abril, em Brasília (DF) e reuniu docentes, especialistas e profissionais da área. O objetivo? Refletir sobre o presente e o futuro da formação em Medicina Veterinária no Brasil. Na abertura, a presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), Ana Elisa Almeida, ressaltou a missão institucional de fortalecer o ensino e formar profissionais preparados para um mundo em constante transformação.
Segundo Ana Elisa, a educação é o alicerce da nossa profissão. “Cabe a nós, enquanto Sistema, garantir que os futuros médicos-veterinários estejam prontos para atuar com excelência, sensibilidade e responsabilidade social. Esse seminário é mais do que um espaço de debate — é um compromisso com a evolução da Medicina Veterinária”, enfatizou.
Também destacando o papel dos educadores nesse processo, esteve presente no encontro o secretário-geral do CFMV, José Maria dos Santos Filho. “Precisamos reafirmar nosso compromisso com a educação que forme profissionais preparados para os desafios do presente e do futuro. Essa é a nossa missão, nosso desejo — e para muitos de nós, nosso sacerdócio”, disse.

Também presente no encontro, a presidente da Comissão Nacional de Educação da Medicina Veterinária (CNEMV), Maria Clorinda Soares Fioravanti, complementou afirmou que a qualidade buscada não é só na saída da graduação, mas ao longo de toda a vida, por meio da educação continuada.
Inteligência artificial na educação
Representando as universidades, o reitor do Centro Universitário UniCarioca e diretor da ABMES, Celso Niskier, abriu a programação com a palestra “Como a Inteligência Artificial está Redirecionando a Educação Superior”. Ele alertou sobre a revolução silenciosa que as IAs estão promovendo na forma de ensinar e aprender. “Não se trata apenas de uma nova ferramenta tecnológica, mas de um redirecionamento completo das formas de ensino. Os alunos estão prontos — 71% já usam IA com frequência. A pergunta é: as instituições estão acompanhando esse ritmo?”, indaga.
Além dele, o professor Gabriel Labeca Ferreira Nogueira Borges, do Laudo Academy, reforçou o impacto das IAs generativas na prática veterinária, durante a palestra “Inteligência Artificial na Prática Veterinária”. Ele destacou a democratização do acesso como fator de transformação. “As IAs generativas mudaram o paradigma. Hoje o médico-veterinário pode ser menos operacional e mais estratégico. Mas precisamos também discutir os desafios éticos envolvidos”.
Saúde mental no ensino

A roda de conversa sobre saúde mental trouxe dois olhares que se complementam. O professor Jorge Tarcísio da Rocha Falcão, da UFRN, abordou o tema no contexto geral do trabalho e da cultura. Na sequência, a psicóloga Bianca Gresele apresentou a palestra “Saúde Mental do Profissional da Medicina Veterinária”, com foco nas dificuldades enfrentadas por professores e alunos do curso. “O professor é um cuidador duplo — do paciente e do aluno — e muitas vezes não está preparado para lidar com as múltiplas subjetividades presentes em sala de aula. A saúde mental do docente também precisa ser prioridade”.
Ela destacou que, apesar de a ciência já ter mapeado com clareza os fatores de risco e proteção, o maior desafio está em transformar esse conhecimento em ações concretas no dia a dia. A pergunta é: a sociedade está oferecendo condições para que possamos equilibrar a vida pessoal e profissional?”
Para concluir o primeiro dia, a reitora da Universidade Federal Rural de Pernambuco e integrante da CNEMV, Maria José de Sena, propôs a implementação de um sistema de habilitação específico para o exercício da profissão. “Somos o país com o maior número de cursos de Medicina Veterinária no mundo. Formamos cerca de 10 mil profissionais por ano. Precisamos adotar um exame de proficiência que assegure a qualidade dos que entram no mercado, porque lidamos com vidas — humanas e animais — e isso exige excelência”, defendeu.
O evento segue reunindo profissionais nesta quinta-feira (10), com foco na implementação das novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), avaliação de cursos, planejamento estratégico e curricularização da extensão.
Fonte: CFMV, adaptado pela equipe Cães e Gatos.
FAQ
Qual foi o foco do 26º Seminário Nacional de Educação da Medicina Veterinária?
O evento, realizado em Brasília, teve como objetivo refletir sobre o presente e o futuro da formação em Medicina Veterinária no Brasil. A presidente do CFMV, Ana Elisa Almeida, destacou a importância de preparar profissionais com excelência e responsabilidade social para um mundo em constante mudança.
Quais temas se destacaram no primeiro dia do seminário?
Entre os destaques, estiveram o impacto da Inteligência Artificial na educação e na prática veterinária, abordado por Celso Niskier e Gabriel Labeca, e a saúde mental de professores e alunos, discutida por Jorge Falcão e Bianca Gresele, que reforçou a necessidade de ações concretas de apoio emocional.
O que foi proposto em relação à qualidade da formação profissional?
A reitora Maria José de Sena defendeu a criação de um exame de proficiência para garantir a qualidade dos profissionais que entram no mercado. Segundo ela, o Brasil possui o maior número de cursos de Medicina Veterinária no mundo, e é necessário assegurar que todos estejam preparados para lidar com vidas humanas e animais.
LEIA TAMBÉM:
Pet food brasileiro se consolida como potência global, impulsionado por inovação
Entenda o papel do médico-veterinário na indústria de Pet Food
Manejo nutricional adequado é fundamental para garantir a saúde dos animais com alergia alimentar