Cláudia Guimarães, de Fortaleza (CE); e Natalia Ponse, da redação
Dentro da programação da 42ª edição do Congresso Brasileiro da Anclivepa (CBA), realizada até 26 de maio em Fortaleza (CE), a BRF Pet realizou o Simpósio Biofresh de Medicina Felina com tema “Manifestações etossomáticas dos gatos domésticos: desvendando a Síndrome de Pandora”.
A Síndrome de Pandora, conforme explicou durante a palestra a médica-veterinária especialista em Medicina Felina, Maria Alessandra Del Barrio, se refere a uma ansiopatia dos gatos. “São gatos com um tipo de distúrbio de ansiedade que se manifesta por eventos que normalmente não são encarados como eventos estressantes para outros gatos”, contou à equipe Cães e Gatos VET FOOD durante a feira.
Ela conta que alguns gatos acabam deflagrando até manifestações psicossomáticas, como quadros de cistite, doenças intestinais, eventualmente quadros respiratórios e quadros dermatológicos, que normalmente aparecem isoladamente ou em conjunto.
A importância da abordagem deste tipo de tema em um congresso como este envolve ampliar o olhar sobre o paciente. “Temos a mania de olhar o indivíduo fragmentado, né? Você trata a cistite, a hipertensão, o quadro cutâneo; quando eles começam a aparecer, principalmente de forma recorrente, de forma conjunta, precisamos ‘sair da terra’, olhar o gato ‘de cima’, e verificar se não tem alguma coisa contribuindo pra isso acontecer”, define.
E, normalmente, a especialista pontua que são problemas de manejo, infelicidades na vida desse gato: “Precisaremos contar para o tutor e orientar como ele vai ter que conduzir essa situação, porque não adianta só tratar isso com remédio, temos que mexer na vida desse gato pra que ele seja mais feliz e fique saudável”.
O médico veterinário da equipe de saúde ambiental da Fiocruz no Rio de Janeiro, Carlos Gabriel Almeida Dias, também compôs o quadro de palestrantes da ação da Biofresh para falar sobre manifestação etossomática, ou seja, a materialização do desconforto emocional, quando o sofrimento psicológico acaba se transformando em um potencial de ação que modifica o corpo.
“É uma oportunidade abençoada poder falar sobre a mente dos animais, revelar o que eles podem estar sentindo, às vezes dentro de situações onde todos estão achando que está fazendo bem, mas existe uma percepção que a gente precisa reconhecer que é dele própria”, destaca Dias.
Na visão do profissional, esta não é uma abordagem superficial, facultativa. “É algo importante, que pode influenciar na piora do quadro. Se o animal está assustado, com medo ou frustrado, são experiências emocionais que acabam levando a um prejuízo orgânico ainda maior”, diz.
Para ambos os profissionais, receber o convite da Biofresh para falar sobre o assunto durante o CBA é uma grande oportunidade de ampliar os olhares para a temática. “É muito bom ver a importância que a indústria dá para assuntos tão importantes, que têm uma aplicabilidade tão importante, e é exatamente relacionada à segurança emocional dos pacientes”, conclui Dias.
Del Barrio acredita que a participação da indústria é importante para poder trazer à tona o conhecimento mais avançado. “Existem pesquisadores que transmitem o conhecimento que foi adquirido de uma forma mais correta, o que envolve ir a congressos internacionais, se envolver com associações internacionais, assinar revistas internacionais e ir atrás de fontes de pesquisa; e existe aquele conhecimento que é adquirido de uma forma um pouco mais informal, que às vezes aparece nas redes sociais”, discorre a especialista.
Para ela, é importante uniformizar esse conhecimento dentro da área veterinária para que ela tenha uma base de informação forte e o paciente seja atendido da melhor forma possível. “O papel da empresa é esse, trazer um conhecimento científico robusto para alicerçar a medicina veterinária no Brasil e, assim, garantir o melhor atendimento aos pacientes”, finaliza.
LEIA TAMBÉM:
Dobras de pele do Shar-Pei podem trazer problemas dermatológicos ao pet
Técnica com pele de tilápia trata lesões graves de córnea em cães e gatos
Brasil tem sete milhões de deficientes visuais para 150 cães-guia em atividade