A parte mais difícil de ter um pet é presenciar seu sofrimento. Infelizmente, quase todos os tutores enfrentarão esse momento, seja devido ao envelhecimento ou a doenças, que fazem parte do ciclo natural da vida. Para essas situações, os cuidados paliativos são indicados a fim de minimizar o sofrimento do animal.
A médica-veterinária oncologista e paliativa, Daphne Andrade, explica que os sinais que indicam que um animal pode precisar de cuidados paliativos, geralmente, refletem uma queda na qualidade de vida e no bem-estar dele. Os sinais mais comuns são:
- Dor crônica ou persistente: Manifesta-se por inquietação, mudança de postura, lambedura constante em certas áreas, apatia ou até agressividade.
- Perda de mobilidade: Animais que têm dificuldade para levantar, caminhar ou se deitar, muitas vezes devido a doenças articulares degenerativas, como a osteoartrite.
- Falta de apetite e perda de peso: Uma diminuição no apetite, combinada com perda de peso e fraqueza, pode indicar que o animal não está se sentindo bem ou está em estado de sofrimento.
- Problemas respiratórios: Dificuldade para respirar ou respiração ofegante em repouso são sinais de que o pet pode estar com doenças que comprometem a oxigenação adequada.
- Alterações comportamentais: Comportamentos como isolamento, ansiedade, vocalizações constantes ou até mudanças de humor podem ser um reflexo do desconforto físico ou emocional.
- Incontinência ou perda do controle urinário/fecal: Frequentemente observados em pets com problemas neurológicos ou doenças crônicas em estágio avançado.
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A médica-veterinária que também atua em Oncologia e é paliativista, Priscilla Larrussa, informa que, para avaliar a qualidade de vida de seus animais e determinar quando iniciar os cuidados paliativos, os tutores podem observar alguns aspectos-chave que refletem o bem-estar do pet. “Existem métodos simples e algumas perguntas que podem ajudar nessa avaliação:
- Escala de dor e conforto: Avalie a presença de dor e desconforto. O animal demonstra sinais de dor mesmo em repouso? Fica inquieto ou vocaliza com frequência? A dor não controlada é um indicador importante para iniciar o cuidado paliativo.
- Apetite e hidratação: O animal está comendo e bebendo água de maneira adequada? A falta de apetite persistente ou dificuldade para se alimentar e se hidratar são sinais de que o pet pode precisar de um suporte extra.
- Mobilidade e independência: Observe se o pet está conseguindo se locomover e realizar atividades rotineiras, como se levantar, deitar, fazer as necessidades e explorar o ambiente. Se ele apresenta dificuldade nesses pontos, pode estar na hora de considerar cuidados paliativos.
- Interação e comportamento: Note se o animal está interagindo como o de costume com a família e com outros pets ou se ele prefere ficar isolado. Mudanças de comportamento, como ansiedade, agressividade ou tristeza, também refletem o estado emocional e físico do pet.
- Higiene e incontinência: Animais que perdem o controle de esfíncteres ou que precisam de assistência constante para manter a higiene básica estão em uma condição que pode ser beneficiada por cuidados paliativos.
- Escala de qualidade de vida: Existem algumas escalas de qualidade de vida, como a Escala HHHHHMM (Hurt (Dor), Hunger (Fome), Hydration (Hidratação), Hygiene (Higiene), Happiness (Felicidade), Mobility (Mobilidade), More good days than bad (Mais dias bons que maus)). Para muitos tutores, essa avaliação é emocionalmente desafiadora, então é ideal buscar o apoio de um veterinário especializado, que poderá ajudar a entender melhor a condição do pet e orientá-los no processo de cuidado”.
Benefícios dos cuidados paliativos
As veterinárias discorrem que, do ponto de vista médico, os cuidados paliativos têm como principais objetivos proporcionar conforto e melhorar a qualidade de vida em situações de doenças crônicas, progressivas ou em fim de vida, focando no bem-estar físico do animal. “Isso é realizado por meio do alívio da dor e desconforto, onde controlar e minimizar a dor é uma das prioridades. Pode ser feito por meio de analgésicos, anti-inflamatórios e outras técnicas de manejo que visam reduzir o sofrimento”, explica Daphne.
Promoção de conforto e bem-estar também é um dos objetivos a serem alcançados com esses cuidados. “Para isso, é importante adaptar o ambiente e as rotinas para que o pet se sinta confortável, com uma cama adequada, fácil acesso a comida e água, e um espaço tranquilo para descansar”, adiciona.
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Outro ponto importante, citado por Priscilla, é a manutenção da mobilidade e independência, que ajuda o animal a preservar ao máximo sua mobilidade com suportes físicos, terapias alternativas (como fisioterapia) e adaptações para evitar quedas e esforços desnecessários. “Além disso, garantir uma nutrição balanceada, respeitando suas necessidades e limitações ajuda no processo. O foco é oferecer alimentos que ele goste e que sejam de fácil ingestão e digestão”, insere.
No decorrer desse tipo de tratamento, de acordo com as veterinárias, é essencial prevenir e tratar complicações secundárias. “O veterinário deve monitorar e tratar possíveis complicações que possam surgir, como infecções, escaras e problemas respiratórios, que podem impactar diretamente a qualidade de vida do animal”, menciona Daphne.
Priscilla, por sua vez, lembra que, além dos cuidados alopáticos, os cuidados paliativos têm a missão de cuidar da família, oferecendo suporte emocional e social, mantendo uma rotina de carinho e interação, respeitando o ritmo da família e promovendo atividades juntos, como momentos de descanso com a família ou jogos leves. “O apoio ao tutor, acompanhando-o em todo o processo, oferecendo suporte psicológico e ajudando-os a tomar decisões informadas, sempre respeitando os limites e o bem-estar do animal é fundamental”, frisa.
FAQ
Quais são os principais sinais de que um pet pode precisar de cuidados paliativos?
Dor persistente, perda de mobilidade, falta de apetite, problemas respiratórios, alterações comportamentais e incontinência são sinais comuns.
Como os tutores podem avaliar a qualidade de vida do pet?
Métodos como a Escala HHHHHMM ajudam a medir dor, fome, hidratação, higiene, felicidade, mobilidade e se há mais dias bons do que ruins.
Quais são os principais objetivos dos cuidados paliativos?
Alívio da dor, conforto, adaptação do ambiente, suporte nutricional e prevenção de complicações, sempre focando no bem-estar do pet.
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