Dengue, febre maculosa, raiva, leptospirose, leishmaniose, malária e a covid-19 são alguns exemplos de zoonoses – doenças infecciosas transmitidas de animais para pessoas – comuns em diversos locais em território nacional e mundial. Para lembrar a importância da prevenção dessas doenças, o dia 06 de julho é considerado o Dia Mundial das Zoonoses, data marcada ao que ocorreu em 1885 na França, quando o cientista Louis Pasteur aplicou a primeira vacina contra a raiva em uma criança que havia sido mordida por um cachorro infectado com o vírus. Graças à vacina, o garoto sobreviveu.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 60% das doenças infecciosas humanas têm origem nos animais. Atualmente cerca de 200 doenças transmissíveis podem ser caracterizadas como uma zoonose, e os principais responsáveis por desencadear essas doenças são vírus, bactérias, fungos, parasitas e protozoários.
“A zoonose pode acontecer durante o contato com secreções corporais como saliva, sangue, urina, fezes, ou por meio do contato físico como arranhaduras e mordeduras, ou de forma indireta via vetores como mosquitos, pulgas e carrapatos, ou ainda, pelo consumo de alimento contaminado com secreções contendo os microrganismos causadores de zoonoses”, explica o médico-veterinário e diretor da Faculdade Veterinária Qualittas, Francis Flosi.
Inserida no conceito de Saúde Única, reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a interdependência das saúdes humana, animal e ambiental, às zoonoses sempre causaram preocupações a nível mundial, ainda mais com a pandemia provocada pelo covid-19.
Por isso, é essencial a interação e colaboração entre médicos-veterinários, médicos e demais profissionais de saúde e meio ambiente. “Os médicos-veterinários possuem o papel de agentes de saúde pública, que atuam no controle de zoonoses também na clínica de pequenos animais e integrando equipes do Sistema Único de Saúde (SUS). Neste cenário, eles são essenciais para a ação da Saúde Única, que engloba a saúde animal, humana e ambiental”, diz Flosi.
Segundo o profissional, seja qual for a área de atuação, o médico-veterinário deve diagnosticar e indicar medidas de prevenção e controle de zoonoses.
Reflexo na economia
Nos últimos dois anos, as doenças zoonóticas causaram perdas econômicas no valor de mais de 100 bilhões de dólares, sem contar a pandemia de covid-19, que poderá a custar 9 trilhões de dólares nos próximos anos, segundo últimos dados da ONU.
“As zoonoses geram impactos não apenas à saúde pública, mas também causam graves perdas econômicas. A busca de soluções para esses problemas requer contribuição, intervenção e colaboração de equipes profissionais dos setores da saúde humana, animal e ambiental”, alerta Flosi.
Nesse sentido, os governos precisam formular e adotar políticas de saúde pública que levem em consideração os vários fatores que aumentam o risco e dificultam o controle das zoonoses, tais como, mudanças climáticas, desmatamento, incêndios florestais que afetam a biodiversidade genética da vegetação e a destruição do habitat animal, aumento da relação entre humanos e animais selvagens, animais abandonados nas vias públicas, viagens intercontinentais, entre outros.
Prevenir é melhor que remediar!
O documento “Prevenir a Próxima Pandemia: Doenças Zoonóticas e Como Quebrar a Cadeia de Transmissão”, é um esforço conjunto do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e do Instituto Internacional de Pesquisa Pecuária (ILRI).
De acordo com o estudo, entre as tendências que impulsionam o surgimento de doenças zoonóticas estão a crescente demanda por proteína animal, a expansão agrícola intensiva e não sustentável, o aumento da exploração da vida selvagem e a crise climática.
“Nos próximos anos, se continuarmos com a exploração da vida selvagem e a destruição dos ecossistemas só irá aumentar as doenças transmitidas de animais para seres humanos pela invasão dos espaços rurais e urbanos”, alerta Flosi.
Fonte: AI, adaptado pela equipe Cães e Gatos VET FOOD.
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