O comportamento dos cães, muitas vezes, é um enigma para os seus tutores. Os animais podem ter hábitos e manias bem diferentes e até engraçadas, boa parte herdados de seus ancestrais e da evolução da espécie. Ingerir as próprias fezes (ato chamado de “coprofagia”) pode ser um comportamento normal dependendo da situação, mas também pode ser um sinal de que há um problema com o pet ou com seu manejo.
Segundo o médico-veterinário e coordenador do curso de Medicina Veterinária, da Faculdade Anhanguera, Frederico Fontanelli Vaz, os estudos dessa área ainda não chegaram a uma conclusão fechada sobre os motivos de tal comportamento, mas os indícios apontam que ele é mais comum entre raças como Shih-Tzu, Yorkshire, Spitz Alemão, Lhasa-Apso, Hounds e Terriers.
“Para indicar procedimentos que amenizem o problema, o veterinário precisa fazer uma avaliação do animal, buscando o histórico do pet e entendendo a rotina da casa. Muitos cães podem comer o próprio cocô por ansiedade, por doenças e por problemas comportamentais e biológicos”, explica.
Vaz afirma que alguns motivos que podem levar o pet a comer o próprio cocô e que são considerados fatores normais são: cadelas que acabaram de parir podem comer as fezes dos filhotes para deixar o ambiente limpo; filhotes podem engajar neste comportamento da mãe e comer suas próprias fezes ou dos irmãos. O problema é quando este comportamento não cessa.
“Por outro lado, esse ato é um fator comportamental quando o pet sofre por ansiedade, isolamento, tédio e falta de estímulos e brincadeiras ou, ainda, é uma maneira de chamar atenção do tutor; quando eles têm medo de levar broncas por defecarem em algum local proibido, principalmente quando as broncas são frequentes quando filhotes”, explica.
Alguns fatores biológicos também podem predispor esse comportamento, segundo o veterinário, tais como dieta restrita ou pobre em nutrientes, o que faz com que o animal ingira as fezes para saciar sua fome e necessidades de calorias do organismo; problemas no trato intestinal, em que o organismo do animal não consegue absorver todos os nutrientes da comida, e o pet ingere as fezes por instinto para repor as substâncias não absorvidas. “Em ambientes em que há mais de um pet, o cão dominante pode comer mais do que um segundo ou terceiro animal da casa, o que acaba fazendo com que o pet em desvantagem e coma o próprio cocô (e até o dos outros cães) para saciar sua fome. Além disso, há, ainda, os cães que, sem explicação biológica, podem se sentir atraídos pelo cheiro, textura e sabor do próprio cocô”, revela.
Como resolver?
Para resolver o problema, além de identificar a origem do comportamento com auxílio de um médico-veterinário, os tutores podem tomar medidas simples, como manter o ambiente limpo e recolher o cocô assim que possível, oferecer distrações aos pets (caso o motivo seja estresse e tédio), oferecer comida suficiente, suplementação vitamínica e separar os potinhos de ração em cômodos diferentes (quando o cachorro dominante não deixa comida para os demais da casa).
“É importante que o tutor atue para cessar esse comportamento no animal, pois a ingestão de fezes de outros animais, principalmente, pode causar sérios problemas de saúde nos cães”, finaliza o docente.
Fonte: AI, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.
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