A obesidade em animais de companhia vem aumentando junto com a obesidade em humanos. Com esse aumento, a possibilidade de um cão ou gato nessas condições necessitar de uma anestesia, seja para realização de exames ou cirurgias, é expressiva. Fato é que o próprio sobrepeso pode oferecer complicações pré, trans e pós-operatórias.
O assunto é explicado pelas veterinárias Ayne Murata Hayashi e Geni Cristina Patrício dos Santos em um capítulo do livro “Obesidade em Animais de Companhia”, do médico-veterinário e editor Fabio Alves Teixeira e das coeditoras Mariana Yukari Hayasaki Porsani e Vivian Pedrinelli.
De acordo com as profissionais, o excesso de gordura corporal compromete as funções fisiológicas do organismo, o que interfere diretamente na anestesia desses animais, pois há renovação com alterações metabólicas, cardiovasculares e respiratórias. “Assim, a obesidade deve ser considerada uma comorbidade de importante relevância na execução de todas as fases específicas do planejamento anestésico”, alerta.
Portanto, especificamente nos momentos pré-anestésicos, o exame físico precisa ser minucioso, com especial atenção ao sistema cardiovascular e doenças, além dos exames necessários baseados em anamnese, idade, raça, procedimento e doença envolvida. “Para cirurgias eletivas, deve-se avaliar o perfil bioquímico sérico (renal, hepático, inclusive triglicérides e colesterol), hemograma, eletrocardiograma antes da data do procedimento. Nos obesos, devemos aferir a pressão arterial e realizar ecocardiografia, pois esses exames podem ajudar a identificar a extensão dos danos nesses sistemas causados pelo excesso de peso, independentemente de outros fatores”, explicam.
Assim, os riscos de complicações na anestesia, como relatado anteriormente, de infecções, retardo de cicatrização, comorbidades como afecções endócrinas e cardiovasculares, devem ser comunicados aos tutores já no planejamento cirúrgico, como orientam as autoras.
Em um paciente obeso, o acesso cirúrgico é mais difícil, o que prolonga o tempo anestésico, com aumento dos riscos e prolongamento da recuperação. “Durante o procedimento cirúrgico em si, alguns cuidados podem ser tomados, como o posicionamento do paciente. Mantê-lo em decúbito dorsal leva a um acúmulo de massa de gordura dentro do abdômen, podendo provocar aumento de pressão em grandes vasos. Consequentemente, há correção na aorta e veia cava, potencial redução do retorno venoso e subsídio cardíaco. Sempre que for necessário, mudar a posição do paciente obeso, de forma vagarosa”, indicam.
De acordo com as profissionais, o excesso de peso induz efeitos complexos e negativos em múltiplos sistemas e funções, incluindo processos de cicatrização de feridas, havendo necessidade de mais investigações dos veterinários e atenção dos tutores.
FAQ
Por que a obesidade em pets é um fator de risco durante as anestesias?
A obesidade compromete as funções metabólicas, cardiovasculares e respiratórias do organismo, o que interfere diretamente no planejamento anestésico. O excesso de gordura corporal pode dificultar o acesso cirúrgico, prolongar o tempo anestésico e aumentar os riscos de complicações pré, trans e pós-operatórias.
Quais exames são essenciais antes de um procedimento anestésico?
Além do exame físico minucioso, devem ser realizados hemograma, perfil bioquímico (incluindo triglicérides e colesterol), eletrocardiograma, pressão arterial e ecocardiografia.
Quais cuidados específicos devem ser tomados durante a anestesia de um animal obeso?
O posicionamento do paciente é crucial. Por exemplo, mantê-lo em débito dorsal pode causar acúmulo de gordura no abdômen, aumentando a pressão em grandes vasos, o que reduz o retorno venoso e o débito cardíaco. Sempre que necessário, as mudanças de posição devem ser realizadas lentamente para evitar complicações.
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