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Clínica e Nutrição

Veterinárias alertam sobre desafios da anestesia em pets obesos

Além dos problemas já conhecidos em relação à obesidade, condição pode colocar saúde do seu pet em risco durante cirurgias
Por Cláudia Guimarães
cirurgia
Por Cláudia Guimarães

A obesidade em animais de companhia vem aumentando junto com a obesidade em humanos. Com esse aumento, a possibilidade de um cão ou gato nessas condições necessitar de uma anestesia, seja para realização de exames ou cirurgias, é expressiva. Fato é que o próprio sobrepeso pode oferecer complicações pré, trans e pós-operatórias.

O assunto é explicado pelas veterinárias Ayne Murata Hayashi e Geni Cristina Patrício dos Santos em um capítulo do livro “Obesidade em Animais de Companhia”, do médico-veterinário e editor Fabio Alves Teixeira e das coeditoras Mariana Yukari Hayasaki Porsani e Vivian Pedrinelli. 

De acordo com as profissionais, o excesso de gordura corporal compromete as funções fisiológicas do organismo, o que interfere diretamente na anestesia desses animais, pois há renovação com alterações metabólicas, cardiovasculares e respiratórias. “Assim, a obesidade deve ser considerada uma comorbidade de importante relevância na execução de todas as fases específicas do planejamento anestésico”, alerta.

Em um paciente obeso, o acesso cirúrgico é mais difícil, o que prolonga o tempo anestésico, com aumento dos riscos e prolongamento da recuperação (Foto: reprodução)

Portanto, especificamente nos momentos pré-anestésicos, o exame físico precisa ser minucioso, com especial atenção ao sistema cardiovascular e doenças, além dos exames necessários baseados em anamnese, idade, raça, procedimento e doença envolvida. “Para cirurgias eletivas, deve-se avaliar o perfil bioquímico sérico (renal, hepático, inclusive triglicérides e colesterol), hemograma, eletrocardiograma antes da data do procedimento. Nos obesos, devemos aferir a pressão arterial e realizar ecocardiografia, pois esses exames podem ajudar a identificar a extensão dos danos nesses sistemas causados ​​pelo excesso de peso, independentemente de outros fatores”, explicam.

Assim, os riscos de complicações na anestesia, como relatado anteriormente, de infecções, retardo de cicatrização, comorbidades como afecções endócrinas e cardiovasculares, devem ser comunicados aos tutores já no planejamento cirúrgico, como orientam as autoras.

Em um paciente obeso, o acesso cirúrgico é mais difícil, o que prolonga o tempo anestésico, com aumento dos riscos e prolongamento da recuperação. “Durante o procedimento cirúrgico em si, alguns cuidados podem ser tomados, como o posicionamento do paciente. Mantê-lo em decúbito dorsal leva a um acúmulo de massa de gordura dentro do abdômen, podendo provocar aumento de pressão em grandes vasos. Consequentemente, há correção na aorta e veia cava, potencial redução do retorno venoso e subsídio cardíaco. Sempre que for necessário, mudar a posição do paciente obeso, de forma vagarosa”, indicam.

De acordo com as profissionais, o excesso de peso induz efeitos complexos e negativos em múltiplos sistemas e funções, incluindo processos de cicatrização de feridas, havendo necessidade de mais investigações dos veterinários e atenção dos tutores.

FAQ

Por que a obesidade em pets é um fator de risco durante as anestesias?
A obesidade compromete as funções metabólicas, cardiovasculares e respiratórias do organismo, o que interfere diretamente no planejamento anestésico. O excesso de gordura corporal pode dificultar o acesso cirúrgico, prolongar o tempo anestésico e aumentar os riscos de complicações pré, trans e pós-operatórias.

Quais exames são essenciais antes de um procedimento anestésico?
Além do exame físico minucioso, devem ser realizados hemograma, perfil bioquímico (incluindo triglicérides e colesterol), eletrocardiograma, pressão arterial e ecocardiografia. 

Quais cuidados específicos devem ser tomados durante a anestesia de um animal obeso?
O posicionamento do paciente é crucial. Por exemplo, mantê-lo em débito dorsal pode causar acúmulo de gordura no abdômen, aumentando a pressão em grandes vasos, o que reduz o retorno venoso e o débito cardíaco. Sempre que necessário, as mudanças de posição devem ser realizadas lentamente para evitar complicações.

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