Quem costuma fazer a barba ou se depilar durante o banho, sabe que basta o contato com a lâmina para a pele ficar irritada. Por menores que sejam, aquelas bolinhas, às vezes acompanhadas de vermelhidão, geram bastante incômodo. Infelizmente, alguns cães podem sofrer com alergia durante o procedimento de banho e tosa, resultando em um quadro de irritação cutânea que, dependendo do caso, precisa de uma avaliação do veterinário.
“Muitas vezes, nem o próprio tutor sabe que o cão tem alergia. De repente, ele toma um banho e começa a manifestar os sintomas”, esclarece a groomer certificada internacionalmente e diretora da Uau Escola de Estética Animal (Sorocaba-SP), Natália Espinosa. Segundo ela, o papel do profissional é justamente saber como lidar com o cão, além de orientar corretamente o cliente para os próximos banhos.
A tosa higiênica, procedimento realizado no coxim plantar, região abdominal e ânus, com foco em melhorar a higiene do animal, é uma das tosas mais comuns em pet shops e, também, uma das principais responsáveis pelas reações alérgicas. Porém, isso não significa que os cães alérgicos não possam aproveitar os benefícios.
Para evitar reações, uma das possibilidades é fazer o procedimento na tesoura ou aumentar a altura da lâmina padrão utilizada, uma solução que não expõe tanto a pele do cão. O corte vai acabar durando menos tempo do que o habitual, mas vai garantir a higiene e diminuir os desconfortos causados por uma possível alergia.
Atenção na escolha dos produtos
Além do contato com a lâmina, existe outra situação que pode contribuir para um caso alérgico: o banho. Nesse quesito, tutores e profissionais precisam ficar atentos aos produtos que são utilizados durante o procedimento.
“Existem animais que podem ser alérgicos ao corante do shampoo ou, até mesmo, ao perfume. As raças que têm mais propensão a esse quadro são cães com pele mais clara e sensíveis como, Bulldogs, Bull Terrier, American Pit Bull Terrier e Shih Tzu. Eu já vi cães, que não tinham alergia diagnosticada, ficarem com a pele toda pipocada. Nesses casos, pedimos para o tutor retornar com o animal para um novo banho, sem custo, com produtos especiais adequados para cães alérgicos e banhos terapêuticos. A partir daí, anotamos na ficha do animal que esse será o novo procedimento padrão”, compartilha.
É para evitar esse tipo de situação que as principais marcas de produtos cosméticos para pets já oferecem linhas hipoalergênicas e até terapêuticas. Quando o cão já tem o diagnóstico como alérgico, é possível até oferecer protocolos específicos para auxiliar no tratamento, ajudando no controle de fungos e até na regulação das glândulas sebáceas para evitar casquinhas e diminuir coceiras. Porém, o mais importante é que os produtos oferecidos sejam testados dermatologicamente e oftalmologicamente.
“Se um shampoo que não tem toda essa segurança acaba caindo no olho do cão durante o banho, pode causar até uma úlcera de córnea, ou começar a coçar e o próprio cão machucar o olho. O cuidado que o profissional tem que ter na escolha desses cosméticos é o mesmo que um restaurante precisa ter na hora de escolher os insumos. Não é só um detalhe, pois interfere diretamente na saúde do pet”, alerta.
Por isso, antes de levar o cão ao pet shop, é importante que o tutor faça uma visita e conheça quais os cosméticos, e protocolos, disponíveis. Além disso, como a alergia pode não se manifestar imediatamente após o banho, é preciso ficar atento ao comportamento do animal para perceber a reação. Dependendo do caso, o tratamento é medicamentoso e precisa da orientação de um veterinário.
É importante salientar que alergias podem acometer cães em qualquer momento da vida, mesmo que ele não tenha nunca apresentado nenhum sintoma anterior. Ao perceber alguma alteração, é fundamental a comunicação ao profissional de banho e tosa. Ele é o responsável por adotar procedimentos e produtos específicos para evitar qualquer problema. Estar atento a esses sinais é essencial para o bem-estar dos cães.
Fonte: AI, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.
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